O Primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, considerou precipitadas as conversas sobre a sua participação nas eleições presidenciais de 2012, mas prometeu aos jornalistas que irão ficar contentes com a sua decisão.
“No que diz respeito à campanha presidencial na Rússia, é cedo ainda para falar nisso, chegará a hora e tomaremos a decisão”, declarou ele aos jornalistas em Oslo, onde se encontra em visita oficial.
“Irão gostar, ficarão satisfeitos”, acrescentou ele virando-se para os jornalistas.
Em meados de abril, o atual Presidente russo, Dmitri Medvedev, afirmou que dentro em breve irá anunciar se se recandidatará ou não a esse cargo. Poucos dias depois, Putin precisou que nem Medvedev, nem ele excluem a participação nas presidenciais.
Na véspera, quando se encontrava em Copenhaga, Putin reagiu de forma mais dura à mesma pergunta dos jornalistas.
“Os futuros candidatos a Presidente da Rússia não precisam de apoio do estrangeiro. O futuro candidato a Presidente da Rússia precisa do apoio do povo russo”, precisou.
Estas declarações foram interpretadas por alguns analistas como um sinal de que Putin não se irá recandidatar ao Kremlin, o que também considero ser cada vez mais provável.
O primeiro-ministro russo voltou a fazer duras críticas à política externa dos países ocidentais.
“Por vezes vejo a forma ligeira como se tomam hoje decisões de emprego da força no mundo, fico perplexo. E isto não obstante toda a preocupação com os direitos humanos e humanismo que são alegadamente praticados no mundo moderno. Não vêem aqui contradições sérias entre as palavras e a prática das relações internacionais?”, acrescentou ele.
“É preciso fazer tudo para liquidar o desiquilíbrio”, frisou.
Ao responder à pergunta sobre a sua atitude face à Nato, Putin assinalou que Moscovo está preocupado com o alargamento da infraestrutura da Aliança Atlântica e com a sua aproximação das fronteiras da Rússia.
“Qualquer país deve reagir da forma devida à aproximação de uma estrutura militar das suas fronteiras”, concluiu.
P.S. Apenas quero deixar aqui uma pergunta: será que Vladimir Putin, político que afogou em sangue a Tchetchénia, tem o direito de vir falar em moralidade nas relações internacionais?
12 comentários:
O Putin é um poço de contradições.
será que Vladimir Putin, político que afogou em sangue a Tchetchénia, tem o direito de vir falar em moralidade nas relações internacionais?
Meu caro,
Putin esteve a tratar do país dele, mas o que anda exactamente a ser feito na Líbia?
Não me vai dizer que estão lá para tentar proteger os civis, porque pela salganhada que para lá vai, esses estão lixados com uma guerra de atrito sem fim à vista.
Se vamos falar em moralidades nas relações internacionais, então o correcto seria dizer que ninguém tem o direito a abrir a boca.
Caro PM, o seu raciocínio é curioso: se eu coloco uma pergunta sobre Putin, estou a justificar a intervenção armada da NATO na Líbia? E pode-se tratar do seu país de qualquer maneira, mesmo que com dezenas de milhares de mortos, feridos e refugiados?
Meu caro,
ONDE é que eu digo que você está a justificar a intervenção armada da NATO na Líbia?
O que eu estou a dizer é que por moralidades, Putin não faz nem mais nem menos do que todos os outros envolvidos na Líbia.
Meu caro, QUEM tem o direito de vir falar em moralidades nas relações internacionais? Que país não tem sangue na sua história?
...E pode-se tratar do seu país de qualquer maneira, mesmo que com dezenas de milhares de mortos, feridos e refugiados?
Diga-me você para situações semelhantes, o que é que tem acontecido ao longo da história deste mundo. Lutaram com flores? pancadinhas nas costas? decide-se com cara ou coroa?
Caro PM, assim ficou mais claro.
"Apenas quero deixar aqui uma pergunta: será que Vladimir Putin, político que afogou em sangue a Tchetchénia, tem o direito de vir falar em moralidade nas relações internacionais?"
Não entendo o que a Tchretchenia tem a ver com relações internacionais ou com a politica internacional. A Rússia agiu dentro do seu território.
Por sinal, a segunda guerra na Tchetchenia começou quando as hordas de Bassaev invadiram o Daguestão vizinho (que não pretendia se separar da Rússia e não apoio Bassaev). A Tchetchenia foi afogada em sangue quando Putin aínda era um funcionário desconhecido na prefeitura de São Petersburgo. O que Putin fez na realidade foi parar a guerra e criar condições para a republica poder se reconstruir e reparar, criou uma situação estavel lá.
Por sinal, nacionalistas russos acusam o poder atual de beneficiar demais os tchetchenos e, parece, o desejo mais ardente deles é separar todo o Caucaso da Rússia de uma vez por todas. Digo isso àqueles que não sabiam disso. Mas o sr. Milhazes sabia tudo perfeitamente, claro.
Anónimo russo, continue a produzir contos de fadas. Há várias formas de fazer parar uma guerra. Putin não deixou pedra sobre pedra, e no seu país.
" 16:34
Blogger Jose Milhazes disse...
Anónimo russo, continue a produzir contos de fadas. Há várias formas de fazer parar uma guerra. Putin não deixou pedra sobre pedra, e no seu país."
Pelos vistos, Putin escolheu o único caminho possivel naquela situação. Por sinal, segundo eu ouvi, o clã dos Kadirov entregou a sua cidade, Gudermes, sem resistir, sem combates. Pelos vistos, o centro federal conversava com aqueles quem tinha o minimo de miolos na cabeça.
E eu pessoalmente não vejo outra maneira de resolver esse preoblema. Tentar manter a paz a qualquer custo com um pequeno afeganistão dentro do próprio território, dividido entre clás e grupos armados, dirigidos inclusive com a "ajuda" dos propagandistas árabes? Um afeganistão onde em vez da indústria prosperava a venda dos refens? Tudo isso mais cedo ou mais tarde resultaria num assalto a um dos territórios vizinhos (o que finalmente aconteceu). A Tchetchenia independente não conseguiu construir nada durante o periodo curto da sua existéncia. Não sei se aqueles quem não fugiu de lá acreditavam aínda, depois de tudo o que lá aconteceu, que a "republica tchertchena da itchkéria" tinha algum futuro. Se queriam um futuro com o reino do schariat e fuzilamentos públicos na praça central, tinham todas as chances, sim (na realidade, já tinham tudo isso).
Estou começando a achar que Putin pode vir a não se candidatar, que essa possibilidade existe.
Putin é - antes de tudo - uma homem de negócios. Para ele é mais cômodo ter um homem de confiança à frente da Presidência, com ele mandando de fato.
Assim ficam salvaguardadas as boas relações com o Ocidente --necessárias aos seus negócios -- e o mantém com as rédeas.
Por outro lado, há de ser alguém de sua extrema confiança. A ele também não interessa que Medvedev "ganhe asas". Minha dúvida reside aí -- que irá: Medvedev; outro nome; ou o próprio Putin.
Pode ser que seja outro nome.
Chuto -- aí é puro palpite -- que pode surgir o nome de Lavrov como alternativa nessa estória.
Anónimo russo, se tem filhos, não se esqueça de pedir para, quando chegar a hora do serviço militar, os enviarem para o Cáucaso do Norte. Não faça como muitos dos dirigentes da Rússia que os mandam para o estrangeiro.
Blogger Jose Milhazes disse...
"Anónimo russo, se tem filhos, não se esqueça de pedir para, quando chegar a hora do serviço militar, os enviarem para o Cáucaso do Norte. Não faça como muitos dos dirigentes da Rússia que os mandam para o estrangeiro."
Filhos (rapazes) não tenho por enquanto.
Por sinal, o Caucaso é um territorio relativamente vasto, há várias republicas e aínda mais povos. No verão passado estivemos durante alguns dias nas montanhas de Karatchaevo-Tcherkessia, que é tambem Caucaso. È que do lugar onde vivo a viagem de carro até lá leva umas horas. Está tudo mais ou menos tranquilo lá. Infelizmente, na Kabardino-Balkária vizinha ativizaram-se os radicais que fuzilaram em outono passado 3 ou 4 turistas de moscovo (como todos na Rússia sabem, deve ser). Dúvido que os que lá vivem estejam muito gratos a esses "guerreiros islamicos", porque parte das pessoas ganha o seu pão recebendo turistas, prestando serviços a eles etc. Eu pensava tambem ir para as montanhas de Kabardino-Balkária, onde estive só quase em criança e só de passagem.
Por sinal, se não me engano, o filho de um dos generais, um dos comandantes do exército, morreu numa das guerras na tchetchenia. Nem todos enviam os seus filhos para o estrangeiro.
Nas montanhas de Karatchai:
http://i053.radikal.ru/1104/8c/bdc05eb04f28.jpg
Há lugares no Caucaso que têm um grande potencial turistico.
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