sexta-feira, novembro 11, 2011

Analistas russos divergem quanto ao desenrolar da situação no Médio Oriente

Os analistas políticos russos divergem quanto às consequências da publicação do relatório da AIEA sobre o programa nuclear do Irão.
Evgueni Satanovski, diretor do Instituto do Médio Oriente e Israel, considera que “o Irão está muito próximo de ter a bomba atómica” e previne que “a Rússia irá ter problemas”.
“E irá ter ainda mais se ela se juntar ao Ocidente num ataque enérgico contra o Irão, pois tem, ao contrário dos restantes, fronteira comum com ele no Cáspio”, precisou ele, citado pela agência Ria-Novosti.
Este especialista considera que não há qualquer hipótese de êxito nas conversações entre o “sexteto” (Rússia, Estados Unidos, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha) e Teerão.
“O Irão não irá desistir do programa nuclear e não renunciar à sua componente militar. Ele engana o “sexteto” até ao momento em que Deus ofereça ao Irão a arma atómica. Depois disso, com o “sexteto” pode-se discutir outras coisas, por exemplo, o sabor do caviar preto e dos pistáchios ou a cor dos tapetes iranianos”, ironizou.
Depois de assinalar que o relatório da AIEA chegou tarde, conclui: “Hoje, o Médio Oriente avança para uma grande guerra regional (da envergadura da segunda guerra mundial), para toda uma série de pequenas guerras, para o fim do regime de não difusão de armas nucleares, para a degradação e desintegração de uma grande quantidade de países”.
Boris Dolgov, investigador do Instituto de Orientalismo da Academia das Ciências da Rússia, considera que “o relatório, em geral, não confirma completamente que o Irão está pronto para produzir armas atómicas”, mas acrescenta que se trata de um “documento na base do qual se pode acusar o Irão de preparar e fabricar armas nucleares”.
Segundo ele, a publicação é a “continuação da política de Israel e dos Estados Unidos”, visa “aumentar a tensão em torno do Irão e, hoje, vemos as ameaças dirigidas a ele”.
Alexandre Uvarov, redator-chefe do jornal Atominfo, recorda a este propósito a proposta russa para resolver o problema:”a troca do urânio iraniano por combustível para o reator de investigação em Teerão e, talvez no futiro, para a Central Nuclear de Busher”.

7 comentários:

Gilberto disse...

Eu só queria saber o por quê do Irã não pode ter bomba atômica...

Pippo disse...

Porque, Gilberto, o contrário de Israel, que só se envolve em guerras que lhe dizem directamente respeito, o Irão usa a guerra para exportar a sua influência no Médio Oriente, desde o apoio às guerrilhas xiitas no Iraque ao apoio às guerrilhas/terroristas palestinianas e libanesas que actuam contra Israel e desejam a destruição deste Estado.

Porque, Gilberto, os dirigentes iranianos, desde o Aiatollah Ruhollah Khomeini ao actual Presidente Mahmoud Ahmadinejad, por várias vezes afirmaram querer a destruição de Israel.

Será que Israel pode arriscar uma roleta russa?
Será que os EUA ou a Rússia arriscariam caso tivessem sido ameaçados de destruição?

Acho que sabe muito bem qual a é resposta.

C disse...

Zé! Primeiro, escreve o nome ou designação completa do organismo, seguido da sigla ou acrónimo entre parêntesis. Depois usa a sigla sempre que quiseres! Mas, Zé, não escrevas siglas e/ou acrónimos antes de as decifrares! Um Priviêt, Dorogôi!
Teu Camarada e Amigo
Luís Vieira (da Madeira)

MSantos disse...

Por muito perigosa que seja a posse de armas nucleares pelo Estado iraniano, também não vejo a forma pretensamente benévola que o Estado de Israel se apresenta quer pelo Pippo quer pela predominância do pensamento ocidental, que é bom relembrar possui cerca de 200 bombas nucleares.

Aliás a ânsia da obtensão de armas nucleares pelo Irão e outros Estados similares foi exacerbada pelos comportamentos, nos últimos 20 anos dos Estados Unidos e Israel.

Israel é cada vez menos o Estado de Israel e cada vez mais é um Estado sionista no mais negativo sentido do termo e nada do que aconteceu no passado justifica ou nos deverá inibir de acordar para este facto.

Qualquer outro país do mundo se tivesse tido uma fracção dos comportamentos que este país teve, já teria sido arredado da comunidade das nações e seria um Estado pária e com toda a justificação.

Israel teve uma oportunidade de ouro em meados dos 90. Será uma grande potência ainda por muitos anos.
No entanto a sua força não poderá durar para sempre nem a do seu guardião.
E quando fraquejar, arrica-se a sofrer o mais brutal extermínio como nação.

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

De facto, MSantos, Israel teve uma oportunidade de ouro, aliás, teve várias, mas boa parte delas foram minadas pelos interesses dos Estados árabes e da liderança palestiniana.

O problema é que os árabes imiscuiram-se na questão palestiniana logo desde o início. Para eles, os palestinianos são uma bandeira, são um argumento, são um objecto político muito útil para desviar as atenções de questões mais prementes.

Se reparar, os refugiados palestinianos nos países árabes continuam a ser tratados como lixo. No Líbano, só há meia dúzia de anos é que foi levantada a proibição aos palestinianos para exercerem uma série de profissões.

Em comparação, os refugiados judeus dos países árabes já se encontram integrados em Israel, cuja entidade "base" era asquenaze. Houve, apesar de tudo, um esforço em acolher todos os judeus, mau grado ainda haver algumas discriminações, nomeadamente contra os falasha.

Já os palestinianos, infelizmente, mantêm a vontade de ter "tudo", do Jordão ao mar. Entre a AP, o Hamas mantém o seu programa de exterminar a "entidade sionista" e "recuperar" todo o território da Palestina. Mesmo em 2000, o acordo que estava prestes a ser consegido por Bill Clinton foi totalmente devassado por Arafat, que manteve as exigências de controlo total dos territórios palestinianos (sem ligar nenhuma às questões de segurança de Israel); controlo sobre Jerusalém Leste (Cidade Velha incluída); direito ilimitado de regresso dos refugiados palestinianos (já se adivinhava a revolução demográfica dentro de Israel) e cinda direito a compensações monetárias!

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Clinton_Parameters

Assim não se pode dialogar.

Posto isto, devo dizer que não concordo em absoluto com as políticas de colonização da Cisjordânia (Judeia e Samaria), pois só causas mais problemas do que aqueles que resolvem (falta de terras). Já sou a favor da inclusão de Jerusalém Oeste e "Velha" no Estado de Israel, mas considero que Jerusalém Leste (não incluindo a Cidade Velha) poderia, ou deveria, ser parte do Estado da Palestina.

E sem dúvida que sou a favor da criação de um Estado da Palestina, com fronteiras baseadas nas de 1967 entre Israel e a Jordânia, com revisões pontuais. Um Estado Palestiniano passaria automaticamente a ser responsável pelos seus actos, incluindo os actos de guerra cometidos contra Israel.

Mas que tudo isto não nos distraia do facto em apreço: o Irão, que exposta guerra para além das suas fronteiras, não é um país fiável nem sequer para ter mísseis anti-carro, quanto mais para ter uma arma nuclear.

MSantos disse...

Não refuto nada do que disse, meu caro.

Mas nos últimos anos a política mais radical de Isreal em particular dos extremistas do Likkud foi a principal razão de tudo ter chegado aonde chegou e até propiciar a ascenção de doentes como Ahmadinejad.

Aqui ninguém é inocente. Só há culpados.

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

Amigo Manuel Santos, se acha que as políticas do Likud são de "falcões", então espere mais uns 20 anos para ver os efeitos da demografia na política israelita.

Como sabe, a actual política nacional já está refém dos humores dos partidos religiosos como o Shas ou o extremista Yisrael Beiteinu, uma vez que o Likud e o Kadima não conseguem obter maiorias parlamentares ou governar em coligação um com o outro.

Contudo, daqui a 20 anos, se a demografia se mantiver à taxa de crescimento entre os 6 e os 7%, os haredim passarão a ser uns 30% ou mais da população. E aí, com 30% (pelos menos) dos lugares no Parlamento, é que veremos política extremista a sério!

Portanto, era preferível que as coisas ficassem arrumadas desde já, para evitar um futuro desses.

Infelizmente as oportunidades têm sido desperdiçadas umas atrás doutras, e agora o Netanyahu (que nunca foi grande coisa como estadista) prossegue uma agenda relativa aos palestinianos que nem eu, com a minha fértil imaginação, consigo compreender.