sábado, novembro 12, 2011

Políticos devem ter liberdade limitada no campo das finanças

O antigo ministro russo das Finanças, Alexei Kudrin, considerou hoje que a economia mundial não conseguirá evitar uma nova crise e aconselhou a limitar a liberdade de decisão dos políticos no campo das finanças. 
“De outro modo, eles engordam muito nos “anos das vacas gordas” e não pagam quando ocorrem quedas”, frisou, citado pela agência Interfax.
Referindo-se à zona euro, Kudrin considerou que a falta de disciplina orçamental nos períodos de crescimento económico e a forma lenta como os políticos tomam decisões para superar a situação criada “obrigam a pensar na necessidade de limitar a liberdade de ação dos políticos na esfera das finanças públicas”.
“Os políticos, nos países desenvolvidos, não tomaram as decisões necessárias, mesmo quando já é evidente que elas são necessárias. Enquanto não surgem problemas reais, enquanto eles não se colocam em real dimensão, os políticos não estão prontos para tomar decisões, adiam-nas, dedicam-se ao populismo”, declarou.
“Infelizmente, isso também exige novos mecanismos ou regras que limitem as ações dos políticos”, frisou.
Kudrin está muito cético quanto às possibilidades da actual zona euro sobreviver devido às pesadas dívidas de alguns países da União Europeia.
“Gostaria de acreditar que a UE encontrará solução para esse problema, embora veja o perigo de muitos políticos não estarem prontos para tomar uma decisão consolidada”, defendeu o antigo ministro.
Depois de considerar que a UE já perdeu a “batalha da Grécia”, Kudrin acrescentou que é “preciso lutar por economias maiores da zona euro”, defendendo que para isso são necessários entre 1,5 e 2,5 biliões de euros.
“A criação dos “Estados Unidos da Europa” seria uma decisão positiva, um nível completamente novo de consolidação dos países, de tomada de decisões, de reforço dos órgãos supranacionais”, considerou.
“Mas parece que o mais provável é a saída de alguns da zona euro”, acrescentou.
Quanto à Rússia, Kudrin prognostica que o aumento das despesas militares e a queda do preço do petróleo nos mercados mundiais poderão criar sérios problemas na economia do país.
P.S. Gostaria de recordar que Kudrin foi demitido do cargo de ministro das Finanças pelo Presidente Medvedev por ter protestado contra o forte aumento das despesas orçamentais em armamentos. Segundo ele, a economia russa pode não aguentar semelhante fardo. Este é um exemplo de que os políticos devem dar ouvidos aos peritos e tecnocratas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Um pródigo representante da retrógrada autocracia russa prestando-se a dar conselhos para que a Europa limite sua democracia para atingir objetivos econômicos. Convenhamos, faltam aos russos modéstia! Estão delirantes com as provações econômicas por que passa a europa ocidental, ao ponto de oferecer como modelo essa miséria institucional que existe na Rússia - a que cinicamente chamam de "democracia russa". Depois de ter oferecido ao mundo uma das mais retrógradas monarquias; depois de terem arruinado a idéia de socialismo e de comunismo com a desgraça autoritária que instalaram na União Soviética e leste europeu; depois de tudo isso, agora os russos apontam para a sua maior batalha: provar que a democracia ocidental e seus valores são um lixo. Ao final, tendo arrasado tudo o que existe no mundo, os russos terão cumprido a sua maldita sina de provar o fracasso de qualquer coisa que não seja a autocracia,o despotismo e a tirania.