O comité
organizador da Marcha dos Milhões anunciou hoje que vai manter a iniciativa, na
terça-feira, apesar da polícia ter detido alguns dirigentes da oposição.
"Tudo irá ser
realizado segundo o plano. Só teremos de corrigir o aumento do número de
manifestantes, mas isso deve-se às ações das autoridades", declarou
Serguei Davidis, um dos organizadores da marcha.
Agentes do Comité
de Investigação da Rússia realizaram hoje buscas nas residências de conhecidos
dirigentes da oposição.
Alguns opositores
terão de se apresentar na terça-feira na sede daquele comité para serem
interrogados sobre "as desordens ocorridas durante a manifestação de 06 de
maio", em que se registaram confrontos entre a polícia de choque e
participantes de um protesto contra a eleição de Vladimir Putin para a
presidência russa.
Entre os
opositores que terão de se apresentar às autoridades na terça-feira, às 12:00
locais (09:00 em Lisboa), quando está planeado o início da Marcha dos Milhões,
estão Alexandre Navalni, Serguei Udaltsov, Ília Iachin e Ksénia Sobtchak.
Alexei Navalnii é
um conhecido advogado russo que se tornou um dos mais carismáticos dirigentes
da oposição devido às denúncias de corrupção nas estruturas do poder.
Serguei Udaltsov é
líder de um grupo político de extrema-esquerda que já passou várias vezes pela
prisão por convocar manifestações que as autoridades consideraram ilegais.
Ília Iachin é um
jovem dirigente do movimento liberal Solidariedade.
Ksénia Sobtchak é
uma apresentadora, na televisão russa, de programas como "Big
Brother" e presença frequente na "imprensa cor-de-rosa".
Esta jovem é filha
de Anatoli Sobtchak, antigo dirigente da cidade de São Petersburgo que abriu as
portas da política ao coronel do KGB Vladimir Putin.
Deputados do
partido da oposição parlamentar Rússia Justa consideraram que "estas ações
podem provocar um aumento incontrolável da tensão na sociedade e fecher a via
da evolução construtiva do sistema político da Rússia".
"Apelamos a
todos os colegas, incluindo os militantes da Rússia Unida que defendem o
diálogo pacífico, e aos políticos independentes para (...) se manifestarem
pacificamente na terça-feira e convocarem os seus apoiantes", de acordo
com um comunicado publicado em Moscovo.
Os líderes da
oposição calculavam uma participação de 50 mil pessoas na Marcha dos Milhões na
terça-feira, mas, depois destas ações das autoridades, esperam uma afluência
bem maior à manifestação, no centro de Moscovo.
Alguns analistas
consideram que as ações hoje realizadas contra os dirigentes da oposição
parecem ter sido ordenadas por pessoas que pretendem prejudicar o Presidente
Vladimir Putin, pois, realmente, parece uma loucura realizar buscas e detenções
na véspera de uma manifestação.
Eu acho que o
problema é outro. Vladimir Putin perdeu há muito tempo a noção do país que
dirige e parece ter decidido mostrar à oposição que não está disposto a tolerar
mais protestos.
Ou seja, o Kremlin
virou as costas ao diálogo e enveredou por governar segundo o princípio: “posso,
quero e mando”.
Não quero agoirar,
mas semelhante política não terá um fim feliz. O retorno ao diálogo só é
possível até ao “primeiro sangue”. Depois, a História está cheia de exemplos de
como continuaram esses confrontos, mas os dirigentes políticos russos ou estão
muito convencidos da sua força ou só pensarão depois da desgraça acontecer.
Espero enganar-me…
3 comentários:
Se eles pensarem antes de agirem, será uma União Europeia e a gente que considera Estaline como “gestor efetivo” não poderá se “rebaixar” até este ponto...
"se eles pensarem antes de agir, será uma União Européia"
Realmente a UE pensa tanto que quando consegue agir não sai do atoleiro.
Putin está cada vrz mais assumindo o perfil de um ditador. Nesse terceiro mandato ele radicalizou de vez! Não há como esse governo não evoluir para uma ditadura.
Enviar um comentário