*** José Milhazes, da Agência Lusa ***
Os 22 estudantes finalistas da Guiné-Bissau continuam
sem receber do Governo do seu país o bilhete de regresso e, a partir de
hoje, passam a residir ilegalmente na Rússia.
"A nossa autorização
de residência no país termina hoje e o nosso Governo continua sem
responder ao nosso pedido, não contactam connosco, não dizem nada",
declarou Carfa Mané, um dos 15 estudantes que estão a viver na Embaixada
da Guiné-Bissau na capital russa.
Os finalistas guineenses
entraram num apartamento de Moscovo, onde se encontra a Embaixada da
Guiné-Bissau, e só estão dispostos a abandoná-lo quando tiverem o
bilhete de avião de regresso ao seu país.
"Esperamos que amanhã se
reunirão aqui todos os 22 finalistas e iremos definir que novas medidas
iremos tomar para que as autoridades prestem atenção às nossas
reivindicações", disse Mané à agência Lusa.
"Tencionamos organizar
uma manifestação em frente do edifício onde se encontra a embaixada,
pois não queremos incomodar os vizinhos. Iremos pedir às autoridades
russas que nos permitam realizar uma manifestação na rua", disse.
"Mas se não formos autorizados, ficaremos dentro da embaixada até recebermos os bilhetes", acrescentou.
Os estudantes guineenses sobrevivem à custa de algum dinheiro enviado pelos parentes ou das parcas economias de alguns.
"Juntámos
algum dinheiro e comprámos alimentos para as refeições. Não temos
muito, mas vamos conseguindo juntar alguma coisa para comer", explicou
Carfa.
"Dormimos na sala de audiências do embaixador, mas sem
qualquer tipo de condições. Não há lugar para todos, mas não vamos
desistir, deixámos de viver legalmente na Rússia e este é o nosso único
refúgio", frisou.
Carfa Mané recusou qualquer possibilidade de os estudantes recorrem a medidas mais duras de pressão.
"Não
iremos fazer refém o embaixador, como já foi feito há uns anos atrás
por outros estudantes. Ele tem tentado resolver o nosso problema. Além
disso, também não tem dinheiro como nós", precisou.
Não obstante
os problemas financeiros regulares que enfrentam os estudantes
guineenses, o Governo de Bissau continua a enviar anualmente dezenas de
jovens para estudarem em universidades de várias cidades russas.
As autoridades russas pagam uma bolsa mensal de cerca de 25 euros, não recebendo os estudantes qualquer apoio do seu país.
O Governo guineense assegurou que iria enviar os bilhetes de avião aos estudantes até ao final desta semana.
O preço de cada bilhete de avião ronda os 700 euros.
P.S. Alguns amigos do Facebook perguntaram-me se podem transferir para alguma conta bancária em Portugal de dinheiro para ajudar estes estudantes. Os finalistas pediram-me para transmitir a quem tencionar ajudá-los que foi aberta uma conta na Caixa Geral de Depósitos com o número: 50003507030002218980011. Desde já, obrigado.
Sem comentários:
Enviar um comentário