sábado, junho 08, 2013

Deixem de insultar e culpabilizar os jornalistas



Peço desculpa pela minha ignorância, mas devo reconhecer que até ontem desconhecia o nome do senhor Carlos Páscoa, deputado do PSD eleito pelos emigrantes portugueses que vivem fora da Europa. Acontece, não podemos conhecer toda a gente.
Mas fiquei a saber da sua existência pela pior das razões. Numa entrevista ao jornal Portugal Digital, esse homem de Estado declarou que “a relação da RTP e da Lusa com as comunidades é um verdadeiro desastre”, ou seja, insultou-me a mim e a dezenas de jornalistas que dão o corpo ao manifesto no sentido real da palavra.
Se a relação é um verdadeiro desastre, os culpados não são os jornalistas, mas o governo que criou essa situação e, ao que eu saiba, teve o voto de apoio do Sr. Carlos Páscoa na Assembleia da República.
Este deputado da Nação deve residir ainda menos tempo do que eu em Portugal para não saber a que cortes financeiros foram sujeitos a RTP e a LUSA. Posso dizer-lhe que nunca fui tão humilhado, enquanto correspondente da LUSA e da RDP (RTP) em Moscovo, como nos últimos dois anos, devido à política do seu governo para com os órgãos de informação públicos.
E não sou o único, sou um de outros correspondentes que queremos trabalhar para o bem das comunidades portuguesas e lusófonas no estrangeiro, para informar os portugueses, mas cada vez com menos meios financeiros.
O senhor deputado não imagina o que me vai na alma quando eu ligo para a redação da RDP e proponho aos meus camaradas de trabalho uma peça que acho importante. Também não faz ideia do que vai na alma do meu camarada que do outro lado da linha se vê obrigado a responder: “Não pode ser, porque não temos dinheiro!”.
Na LUSA, as coisas ainda não chegaram a esse ponto para mim, mas, dentro em breve, como trabalhador a recibos verdes, terei de procurar outro meio de subsistência, porque os colegas do seu partido acharam que a Rússia não tem qualquer interesse para nós e eu vou ser simplesmente despedido.
Isso trata-se de uma questão de estratégia e os nossos governantes até podem ter razão (O Dr. Paulo Portas visitou todas as capitais dos BRICS, à exceção de Moscovo!), mas dificultar, impedir o trabalho ou despedir jornalistas em países como a África do Sul, Grã-Bretanha, Canadá, França ou Brasil, não é uma questão de estratégia ou tática, é miopia política, ou talvez mesmo crime.
Vou-lhe dar apenas um exemplo da utilidade de um correspondente da RDP, RTP ou Lusa em Moscovo. Os estudantes de São Tomé ou Guiné-Bissau, quando são abandonados, quando têm fome, telefonam para os correspondentes desses órgãos de comunicação para pedirem ajuda. A isto chama-se Lusofonia.
Para já não falar da importância estratégica da Rússia na Europa e no futuro do continente.
Se o senhor e os seus colegas de partido quiseram salvar a RTP e Lusa do “desastre total”, pensem e revejam a vossa posição. Os cortes orçamentais cegos acabarão por tornar irreversível o processo de degradação desses órgãos de informações. Hoje, vão para a rua os correspondentes em países importantes, depois a gangrena vai avançar.   
Por isso, apoio as posições dos representantes dos trabalhadores da Agência Lusa que condenaram semelhantes declarações.
Senhor deputado Carlos Páscoa, gostaria de terminar com um apelo: deixem as pessoas trabalhar!

P.S. Gostaria também de saber as opiniões de membros das nossas comunidades espalhadas pelo mundo.

10 comentários:

Anónimo disse...

Sr Milhazes,
Não conheço este pascoa, mas temos muitos pascoas neste país e no poder, actualmente. São ignorantes, preconceituosos e acreditam que a chuva é que é a culpada da falta de investimentos...
Fm

Eduardo Melo disse...

Sr. José Milhazes,
Há anos que acompanho seu excelente trabalho como correspondente em Moscovo. Quero ainda felicitá-lo pela sua participação na interessante obra "Álvaro Cunhal no País dos Sovietes".
Quanto a esse deputado, devia, como todos os outros que estão no parlamento, ir capinar mato nos nossos pinhais por causa dos incêndios de Verão. É tudo uma escumalha.
Melhores cumprimentos
Eduardo Melo

Anónimo disse...

deputado do PSD é assim mesmo. então não viram um colega do PCP a desfazer uma colega do PSd, que nos jornais regionais por onde foi eleita, diz que é preciso mais médicos, não fechar centros e etc, e depois nom parlamento vota pela extinçaõ dos mesmos. que se lixe, não é??? o imprtante é estar com om poder para comer uma migalhas, que no caso deles não são tão pouco como isso.

Samuel Ornelas Castro disse...

Amigo e camarada:
Se a relação da RTP com as comunidades é um desastre, como refere Carlos Páscoa, o Governo formado pelo partido dele (PSD) tem grande culpa. Não só pelos motivos que o José expõe mas também pelo facto de limitar a ligação da RTP a essas comunidades c/ a aceitação da suspensão da Onda Curta, decidida pelo 2º Governo de José Sócrates. De resto estou em total sintonia com o que o m/ colega José Milhazes escreve. Um abraço solidário. Samuel Ornelas Castro.

Anónimo disse...

Vocês deviam falar mais de Socialismo Fabiano e não o fazem, porquê?

Anónimo disse...

espero que o senhor vá para o desemprego que é o lugar adequado para si.

o senhor nem um blogue consegue manter quanto mais o resto...

isto anda às moscas.. o pessoal debandou todo daqui pelo facto do sr. ser faccioso e incompetente.

que satizfação, que prazer me dá ver o sr. humilhado e se auto-ridicularizar.

hehehe

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Último anónimo, normalmente não respondo a mensagens deste tipo, mas a si respondo. Pensa que eu não tenho uma família para sustentar? Eu não dedico mais tempo ao blog porque não o tenho, mas não é para ingratos e idiotas que escrevo.
Quer aprender de borla? Não merece.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Último anónimo, normalmente não respondo a mensagens deste tipo, mas a si respondo. Pensa que eu não tenho uma família para sustentar? Eu não dedico mais tempo ao blog porque não o tenho, mas não é para ingratos e idiotas que escrevo.
Quer aprender de borla? Não merece.

Manuel Goncalves disse...

Tambem nao conheco tal pessoa e pouco me importa, os jornalistas sao os que mais sofrem em muitos pontos sobretudo na Russia quando comecam a falar demais e a escrever sobre assuntos que nao deveriam fazer, por tradicao aparecem mortos com um buraco na testa.

Antonio Pedro disse...

Sou emigrante portugues na Holanda para mais de 10 anos. Tenho menos de 40 anos e posso garantir que tanto a RTP a como a Lusa nao me servem para absolutamente nada. Com a internet o meu consumo de noticias faz-se atraves dos jornais e blogs que ja consultava em Portugal antes de emigrar. Talvez a Lusa me sirva de alguma forma indirecta como consumidor de noticias mas se a minha relacao com o Portugal dependesse destas duas entidades publicas mal estaria a minha identidade portuguesa. Nem eu, nem nenhum dos muitos emigrantes portugueses da minha geracao que eu conheco, utiliza a RTP ou a Lusa. Conheco alguns emigrantes mais velhos que teem satelites com acesso a RTP mas na minha idade nao conheco ninguem que sequer perca tempo em tentar ter acesso a uma RTP que nao tem nada de interesse para nos. No caso da Lusa é mais complicado vislumbrar uma ligacao directa, mas nao tenho sentido falta de ver correspondentes portugueses.
Ao Jose Milhazes sigo com interesse as suas noticias da Russia e tenho pena que jornais portugueses nao lhe consigam dar o espaco que a sua qualidade jornalistica merece, mas isto nao é um problema dos governantes, é um problema do povo portugues que nao gosta de noticias mas sim de telejornais. Se o portugues gostasse de informacao de qualidade os jornais portugueses nao estariam como estao.