Victor Ianukovitch apareceu hoje em público para dizer que está vivo, que continua a ser o legítimo Presidente da Ucrânia, que foi traído pelo ocidente e que regressará "logo que existam condições para isso".
Mas o estranho é que ele não pronunciou uma só palavra sobre a política russa na Crimeia, nem sobre o referendo que se irá realizar naquela península autónoma da Ucrânia.
Como "garante" da integridade territorial do país, talvez ele considere que já nada vale a pena fazer, porque o Soviete Supremo (Parlamento) da Crimeia já aprovou a proclamação da independência, isto sem esperar os resultados do referendo.
Nenhuma surpresa... O plano do Kremlin não traz surpresas, nem novidades.
1 comentário:
A Crimeia é já uma carta fora do baralho, tal como Yanukovitch. Inquestionavelmente o povo da Crimeia tem toda a legitimidade para referendar o seu destino. Os estados NUNCA se preocupavam com as suas populações, apenas com a terra que dominam. Não deixam de ser curiosas as declarações do novo primeiro-ministro ucraniano, ditas em jeito de birra: «Não cederei um único milímetro da Ucrânia!». Mas diariamente tudo fazem para acicatar os ânimos das populações russófonas, que ao contrário dos que os media ocidentais dizem, não se conformam. Ontem mesmo em Lugansk milhares de manifestantes obrigaram o governador nomeado por Kiev a assinar a sua carta de demissão. Em Dnepropetrovsk, mesmo com o seu novo e poderoso governador (um oligarca que já afia as unhas para afiambrar uma parte dos créditos do Ocidente) há grandes manifestações. O mesmo se passa em Donetsk e em Kharkov. Nesta última foi preso o antigo governador, russófono, já declarado candidato presidencial nas eleições de 25 Maio, sob a acusação que «defendia maior autonomia para as regiões leste e sul do país, assim como promovia a federação da Ucrânia». No meio de tudo isto os homens da Galícia vão deitando gasolina na fogueira, retirando ao russo o direito de ser língia co-oficial e proibindo o russo nos sites oficiais do governo. Democracia? Gosto muito, sim senhor. Mas não sou cego. Mais a mais vi a série «Segurança Nacional». E lembrei-me de muitas coisas que há muito tinha esquecido, no tempo em que se falava do assassinato de Allende, da invasão de Granada, das intervenções em África, do bloqueio a Cuba que dura já há 50 anos. E, clarom do ataque contra o Vietname do Norte; e da invasão do Iraque; e do bombardeamento de Belgrado, que depois conduziu à independência do Kosovo, apoada por grande parte da comunidade internacional. Não há santos na Terra. Há apenas interesses geopolíticos. Os povos não interessam a nenhum desses senhores, os que se sentam na Casa Branca e os que se sentam no Kremlin, assim como todos os outros, que se sentam em bancos mais pequenos, e que ladram quando os donos lhes ordenam que o façam...
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