quinta-feira, setembro 18, 2014

A União Europeia dá mais um “tiro no pé” na Ucrânia



União Europeia e Ucrânia ratificaram o tão famoso acordo de associação, que, como é sabido, foi o documento que esteve na origem da crise e da guerra civil que dilaceram a Ucrânia e põe em causa a sua própria existência como Estado.
Ora, como é sabido, a UE e a Ucrânia ratificaram um documento meramente simbólico, porque, sob a pressão de Moscovo, adiaram a entrada em vigor da parte mais importante do acordo, ou seja da parte económica. O Kremlin conseguiu fazer com que a criação de uma zona económica livre entre a UE e a Ucrânia fosse adiada para 31 de Dezembro de 2015.
Pela primeira vez na história da UE, Bruxelas admite publicamente que uma terceira parte, neste caso a Rússia, tem capacidade de se ingerir nas suas relações bilaterais. Desse modo, Vladimir Putin vê reconhecido em Bruxelas os seus “especiais interesses” no antigo espaço soviético
Claro que me podem dizer que isso foi feito para acalmar e apaziguar o Kremlin e, desse modo, contribuir para o fim do conflito no Leste da Ucrânia. Se assim foi, pergunto, porque é que isso não foi feito antes de novembro do ano passado? Se, então, Durão Barroso e companhia tivessem chegado a um acordo com Putin não teriam evitado um derramamento de sangue que já provocou mais de dois mil mortos entre civis e militares?
Não sei, talvez esse acordo não fosse suficiente, porque, em relação à Ucrânia, a política de Moscovo é de dominar completamente esse país. Por isso, o mais provável é que nem essa cedência, nem as leis aprovadas pela Rada Suprema com vista a amnistiar os independentistas e a dar um estatuto especial às regiões do sudeste do pais sejam suficientes para satisfazer Putin.
Os separatistas já vieram dizer que só aceitam a independência e Moscovo sente-se inclinado a aproveitar até ao fim as cedências do adversário.
Valentina Matvienko, dirigente do Conselho da Federação (câmara alta do parlamento) da Rússia, veio propor a realização de um referendo no Leste da Ucrânia à semelhança da Escócia. À primeira vista, uma saída democrática, mas que o Kremlin recusou e recusa a qualquer república da Federação da Rússia.
Por isso, a paz na Ucrânia continua a ser uma miragem.


5 comentários:

ANTI-COWBOY disse...

E os EUA,JM, não são uma Federação de Estados? E estão dispostos a ceder a independência a algum deles? Vão consultar as populações desses Estados ou fazer algum referendo para saber das suas intenções em relação a alguma independência possível.Claro que não.Não percamos tempo com isso,JM.Isso só acontece na Escócia e nalgum outro sítio eventual para INGLÊS ver.
Já aqui disse há muito tempo que o grande problema da Rússia em relação à Ucrânia é fundamentalmente proteger a parte russa da Ucrânia onde existem as maiores empresas de material pesado e de armas de guerra e a sua indústria em geral,para além das pessoas que têm raízes étnicas e culturais na própria Rússia.Em relação à parte oeste os russos não querem lá é a NATO,mas como não confiam nos EUA "a porca vai torcer o rabo".Aguardemos.Mas pode ter a certeza que a Rússia não vai perder essa batalha até porque lhe é vital.E já deve ter havido conversas bilaterais sobre essa questão.Contudo há sempre pequenas investidas mas que me parece que vão ficar por aí e só por razões de afirmação de poderes perante o público em geral.É a luta psicológica para marcar posições nos mídia e portanto nas populações e nos povos.Isso é normal.
Contudo a Ucrânia vai ser de todo o modo um caso perdido para os
EUA e seus escravos europeus.Veja-se a deterioração da sua situação
económica.Ou a América paga a fatura ou a Europa,mesmo subserviente,vai-se desagradando,principalmente as suas empresas.Ninguêm está para aturar uma Ucrânia decadente com uma corrupção inacreditável,que nunca cumpre qualquer compromisso.Até a própria América vai acabar por desistir do cerco à Rússia por esse lado porque lhe ficaria altamente dispendioso manter um rinoceronte daquele tamanho que,aliás,está também em alta desagregação política.É uma questão de tempo, e pouco.Aguardemos com paciência.

Unknown disse...

http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/09/ucrania-relatorio-de-situacao-sitrep.html?m=1

+1Português disse...

Excelentíssimo ANTI-COWBOY

Nos EUA, ou melhor dizendo, nos bons velhos tempos dos EUA, nomeadamente antes de 1913; cada estado americano elegia seus homens de congresso e seu representante(Senador), os cabeça-de-casal de cada família reuniam-se mensalmente para discutir com o senado acerca dos problemas socioeconómicos não só do estado em questão mas também do país inteiro. Através dessas reuniões é que havia um controlo da economia por parte da população para evitar a conceção de monopólios. Na Rússia federalista, é o próprio estado que tem parte do poder sobre a economia, tornando-se não numa prespectiva liberal clássica mas sim numa prespectiva mais ou menos keynesiana ou chamado capitalismo de estado. É certo que há liberdade de empreendedorismo, mas torna-se muito arriscado devido à concorrência com empresas estatais que conseguem maior qualidade a menor custo, e como está a entrar em estado de guerra é provável que os impostos subam.
Sr. José de Milhazes, gostaria que respondesse a uma questão: acha que a Rússia e a China jogam na mesma equipa na geopolítica?

ANTI-COWBOY disse...

Excelentíssimo +1Português

Obrigado pela atenção mas não foi sobre o assunto a que alude que escrevi.Contudo, mais uma vez, obrigado pela atenção.

Unknown disse...

Sua Alteza Real + 1 Português !


Pode sua Majestade esclarecer-me se esses direitos que garbosamente com toda sabedoria enaltasse se também eram extensivos aos negros, aos nativos e aos mestiços?

Perdoar-me-á o desaforo em ter que recordar-lhe que a honestidade não fica mal em tão ilustre figura sapiente das virtudes do reino Yanque.