quinta-feira, outubro 23, 2014

As verdades do Presidente da Bielorrússia

    
É fácil não se gostar do Presidente da Bielorrússia, Alexandre Lukachenko, mas convém estar atento ao que ele diz relativamente às relações entre os estados do antigo espaço soviético.
Sábado, numa conferência de imprensa para jornalistas russos, o homem que dirige o seu país com mão de ferro e levou o seu país para a União Alfandegária, que engloba também a Rússia e Cazaquistão, fez algumas declarações que se fossem pronunciadas por um político russo, este seria imediatamente rotulado de “traidor”.
Lukachenko, por exemplo, considerou que Victor Ianukovitch, antigo Presidente da Ucrânia, foi derrubado por culpa própria. “Ele e os seus companheiros financiaram o “Sector de Direita”, porque este era alegadamente contra Iúlia [Timochenko]. Perdeu a orientação… e criou uma força que o destruiu depois”, afirmou ele.
O “Sector de Direita” é uma organização política de extrema-direita que participou nos distúrbios que levaram à queda de Ianukovitch. A sua participação nos acontecimentos foi um dos argumentos que levou à intervenção da Rússia na Crimeia e no Leste da Ucrânia a pretexto de defender as “populações russófonas” dos “fascistas” e “nazis”.
As sondagens apontam para que os partidos de extrema direita não elejam deputados nos círculos maioritários, mas a propaganda de Moscovo continua a colocar toda a população do centro e ocidente da Ucrânia entre os “fascistas”.
“Não acreditem que no Ocidente da Ucrânia vivem fascistas e nazis” e, no Oriente, os “nossos”. Em toda a parte há pessoas normais, mas em ambas as partes não há famílias sem abortos”, frisou Lukachenko.
É importante assinalar que Lukachenko acusa também Victor Ianukovitch, que diz ser “antigo grande amigo”, que ele e a sua corte foram os iniciadores do ódio dos ucranianos para com os russos.
“Foi criada uma terrível posição anti-russa no interior do país. Devido aos altos preços do gás, passaram a odiar os russos e o Presidente. E no Leste havia disposições semelhantes. Isso foi criado pelo poder”, acrescentou.
Claro que o Presidente bielorrusso considera que o derrube de Ianukovitch foi um “golpe anticonstitucional”, mas reconhece uma coisa que Moscovo continua a negar contra todas as evidências: “sem o apoio da Rússia as “repúblicas” auto-proclamadas não existiriam no leste da Europa. “Sejamos honestos, sem a Rússia, essas repúblicas teriam já os dias contados”, precisou.
Ao terminar a sua intervenção, Lukachenko manifestou a opinião de alguns analistas de que o Kremlin se deixou cair numa ratoeira ao atacar a Ucrânia: “Aí [no Leste da Ucrânia], ninguém além da Rússia, vai lutar de um lado. Do outro lado, nenhum dos jogadores globais irá combater. Por exemplo, a América jamais avançará para um confronto direto. Mas alguns estados e blocos estão muito interessados em que nos matemos uns aos outros com as próprias mãos”.
A Crimeia e o Leste da Ucrânia tornam-se num fardo insuportável para a economia russa, tanto mais que a desvalorização do rublo é diária, o preço do petróleo continua a descer nos mercados internacionais, a fuga de capitais aumenta, começam a ser reduzidos os investidos nas esferas social e educativa, sendo só aumentados os gastos militares.
Mas será que a Rússia irá repetir a história da URSS? São cada vez mais os que receiam que isso aconteça, o que nada trará de bom para a Europa e o mundo.

7 comentários:

N. Amorim disse...

Fique lá com mais meia duzia de verdades ...

"People in Kyiv controlled the Belarusian “maidan” in 2010. The statement was made by Belarus President Alexander Lukashenko in an interview for the Ukrainian TV show Shuster Live on 26 March, BelTA has learned. " ...

http://news.belta.by/en/news/president?id=744103

N. Amorim disse...

MINSK, 28 March (BelTA) – People in Kyiv controlled the Belarusian “maidan” in 2010. The statement was made by Belarus President Alexander Lukashenko in an interview for the Ukrainian TV show Shuster Live on 26 March, BelTA has learned.

“I had to go through that in 2010 when they came to Belarus, the Right Sector, it had a different name back then, we have pictures of them trying to turn over cars here,” noted the Belarus President. “It was filmed by Ukrainian television, Russian television, CNN, BBC, and the rest”.

According to the head of state, later on the video records were used as a testimony to rebuke the West’s accusations. “Have a look, it is not our television, you see these people wielding mining picks, crowbars, shivs, spades, breaking down doors, you can see their faces. It all happened”.

“Only those, who organized it and broke things down, have been imprisoned. The bulk of them have been released. Two or three people are left and the West is unhappy about it and claims they are political prisoners,” said Alexander Lukashenko.

N. Amorim disse...

“Now Belarusians say that if Lukashenko had done what Yanukovych did, things in Belarus would have gone the Ukrainian way. But our secret services have tracked the links. Do you know where the command center for our maidan in 2010 was? In Kiev,” stated the Belarus President. “We have even records of individual instructions for breaking down doors and taking government seats. I still remember these conversations”.

“Nobody was injured back then, tear gas and water cannons were not involved, no Molotov cocktails. Riot police did the things the way they had been trained. I was involved in the process. Neither Russia nor generals nor admirals. I saw it all in the situation center through dozens of cameras in the square since the seat of government is subject to access restrictions,” said Alexander Lukashenko. “I said right away that if they spit in the face of police or soldiers, god forbid, if they attack, respond immediately”.

Mads disse...

“I don’t know the names of those, who controlled the Minsk riots from Kiev, but the Right Sector was already evolving and operational. By the way, we repulsed these units. One group was being prepared in Polesie, one or two near Brest. We threw them out fast. They were trained in Poland and Western Ukraine. Now we see real pictures. Our KGB archives have many photos and videos like that. We have recorded everything,” noted the head of state.

Anónimo disse...

Belarus e nao Bielorussia Sr. Milhazes. Isso nao e apenas uma questao de formalidade da linguagem. Chamar o pais pelo primeiro e nao pelo segundo faz toda a dieferenca. Belarus nao e a Russia. Esse "Rus" vem de o Imperio de Rus, que deu origem a Belarus, Ucrania e a Russia. Seria o mesmo que dizer que Portugal e Espanha "sao a mesma coisa". A falta de conhecimento de alguns o fazem dizer a mesma coisa de Belarus, Russia e Ucrania (a propaganda do Kremlin muita ajuda nessa desinformacao). Belarus tem seu proprio idioma, muito reprimido pela ditadura do pais, assim como era Ucraniano em tempos sovieticos. O atual regime de Belarus e antinacional, submisso a Moscou e sobretudo uma ditadura brutal. Acho que muito provavelmente Belarus seguira o mesmo destino que a Ucrania. E apenas questao de tempo.

chukcha disse...

"Belarus e nao Bielorussia"

Aconselho Vexa a escrever um dicionário de lingua portuguesa. Depois falamos!

Sai-me cada um na rifa, é só linguistas...

Já agora é Maskva, ou Moscovo e não MossCow, que a desgraçada não têm nada a ver com isto...

https://www.youtube.com/watch?v=GsZh4NlVHvEhttps://www.youtube.com/watch?v=GsZh4NlVHvE

"Acho que muito provavelmente Belarus seguira o mesmo destino que a Ucrania. E apenas questao de tempo."

Vocemercê não gosta muito da Bielorússia, pois não? Guerra civil instigada por "nazi-fassistas" não se deseja a ninguém!

Anónimo disse...

O que fez de bem Lukaschenko para passar de besta a bestial ?

Será que o José Milhazes já se esqueceu da verrinosa campanha de propaganda que moveu aqui contra Lukaschenko ?

José Milhazes; já lhe recomendei por várias vezes para que seja coerente nas afirmações que faz.

Se não tem respeito por si próprio ao menos não abuse da capacidade de pensar de quem o lê.