Estados Unidos querem "ocupar Sibéria", mas é o Kremlin que a vende aos chineses

Cada um tem a liberdade de gostar ou não da política dos Estados Unidos e do modo de vida dos norte-americanos, mas para quê mentir descaradamente, inventar, ao mais alto nível, frases que nunca existiram? Será que para continuar a desviar as atenções da realidade?

Nikolai Patruchev, antigo chefe do Serviço Federal da Rússia (KGB/FSB) e actual secretário do Conselho de Segurança desse país, veio mais uma vez assustar os russos com o espantalho de que um dos principais objectivos dos Estados Unidos é “que a Rússia não exista em geral. Como país”.

Numa entrevista concedida ao diário económico russo “Kommersant”, ele, a fim de fundamentar a sua tese, sublinha: “Talvez vocês se recordem das declarações de Madeleine Albright, ex-secretária de Estado norte-americana, de que nem o Extremo Oriente, nem a Sibéria pertencem à Rússia”.

O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou praticamente o mesmo numa conferência de imprensa realizada em Dezembro de 2014 ao explicar que a queda na economia era “o pagamento pelo nosso desejo natural de auto-conservação enquanto nação, civilização, Estado”.

“Ouvimos frequentemente quase de entidades oficiais que é injusto que toda a Sibéria, com as suas riquezas incalculáveis, pertença à Rússia”, acrescentou Putin.

Jornalistas russos e estrangeiros lançaram-se à procura do lugar onde Madeleine Albright teria feito declaração tão “imperialista” e constaram que essa frase não pertence à antiga secretária de Estado norte-americana.

Na continuação das buscas, descobriu-se que essa frase foi pronunciada por Boris Ratnikov, oficial-major do Serviço Federal de Guarda-Costas (FSO), numa entrevista ao diário governamental russo “Rossiskaya Gazeta”. Ao falar das investigações dos serviços secretos russos no campo das “armas psicotrócicas” , ele afirmou: “Umas semanas antes do início dos bombardeamentos da Jugoslávia pela aviação dos EUA, realizámos uma sessão de ligação ao inconsciente da secretária de Estado Albright. Não irei revelar pormenores. Assinalo apenas alguns dos traços mais típicos, que se vieram a confirmar depois do início da agressão da NATO na Sérvia. Primeiro, encontrámos nos pensamentos da madame Albright um ódio patológico face aos eslavos. Ela ainda estava indignada com o facto de a Rússia possuir as maiores reservas de minérios. Segundo ela, no futuro, as reservas russas deverão ser geridas não por um país, mas por toda a humanidade, claro que sob o controlo dos EUA”.

Ao mesmo tempo que são feitas declarações, as autoridades da região de Novossibirsk decidiram arrendar a uma empresa chinesa uma área equivalente à de Hong-Kong para exploração agrícola: cerca de 115 mil hectares. Segundo a agência FlasSiberia, o contrato já assinado prevê o arrendamento desse território por um período de 49 anos ao preço anual de 250 rublos (cerca de 4,2 euros) por hectare. Se a primeira etapa (2015-2018) correr bem, as autoridades russas estão dispostas a arrendar mais 200 mil hectares. Como se trata de uma zona muito pouco povoada, será inevitável a importação de mão de obra chinesa em dimensões significativas.

Um dos habitantes locais iniciou uma recolha de assinaturas na Internet em sinal de protesto contra esse negócio, cujos resultados deverão ser levados ao conhecimento de Vladimir Putin. Segundo o queixoso, “prazos de várias dezenas de anos significam a entrega voluntária de terras a outro Estado sem guerra! Para que é que serviu a integração da Crimeia na Rússia, se estamos a oferecer as nossas terras À China?”

Quanto este comentário foi escrito, quatro dias depois do início da recolha, havia na petição pouco mais de 1.369 assinaturas.