As conversações sobre a Síria que hoje se iniciam em Genebra
dão poucas esperanças de que se consiga resultados positivos. Embora exista um
cessar-fogo - precário, mas cessar-fogo -, as divergências entre as forças
sírias envolvidas na contenda e os seus apoiantes externos ainda são tão
grandes que é difícil ver qual poderá ser a base de entendimento.
A situação é tão indefinida que se a Rússia, na semana
passada, recusava liminarmente a “federalização da Síria”, hoje, o seu ministro
dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, já a aceitou se “essa for a vontade
do povo sírio”. Este processo abre caminho directo para a desintegração
definitiva do país e os novos Estados passarão a estar sobre a influência das
várias potências estrangeiras.
Como é sabido, nem todas as forças políticas envolvidas no
conflito estarão representadas das conversações. E não estou a falar do Estado
Islâmico ou da Al-Qaida, mas, por exemplo, dos curdos sírios.
Ora estes últimos não estarão presentes porque a Turquia está
frontalmente contra, pois receia que isso abra caminho ao aparecimento de uma
região autónoma curda na Síria ou até de um Estado independente, como começa a
acontecer no Curdistão iraquiano.
E aqui parece-me que a Turquia se vai transformando no maior
perigo para a região, ou melhor, a sua desestabilização e até possível
desintegração.
Não é segredo para ninguém que, no actual Estado das relações
entre Ancara e Moscovo, todos os meios são bons para a Turquia e a Rússia se
prejudicarem. O apoio com armas do Kremlin aos curdos é uma das componentes
dessa política. Ancara tenta estreitar uma aliança com a Ucrânia no Mar Negro
contra a Rússia.
Mas a política míope e insensata da União Europeia em relação
aos refugiados é um crescente factor de desestabilização. Ao chegar a um acordo
com a Turquia para que esta estanque a entrada de refugiados na Europa e receba
alguns dos que conseguiram já chegar ao Velho Continente, a UE tenta apagar incêndios
com notas de euros, transformando o território turco num autêntico “barril de
pólvora”. Essa medida poderá fazer com que o número de refugiados em território
turco suba de 2 para 3 milhões. Isto, por sua vez, poderá provocar o aumento do
terrorismo e uma destabilização cada vez maior no interior da própria Turquia
com consequências imprevisíveis.
Mas será que a União Europeia não compreendeu ainda que, sem
a solução da situação no Iraque e na Síria, o problema dos refugiados e outros
irá continuar?
Quanto à Rússia, por enquanto, parece ser aquela que mais tem
lucrado com a guerra na Síria. Reforça as suas posições em regiões estratégicas
na costa síria, a onda de refugiados cria graves problemas não só à Turquia,
mas também à União Europeia, deixando a capacidade diplomática desta última
praticamente paralisada.
Porém, a prazo, Moscovo poderá vir a ter sérios dissabores na
região do Cáucaso, dos mares Cáspio e Mediterrânio se a situação política se
degradar na Turquia. Já não falo da possibilidade de um qualquer incidente
poder provocar um conflito armado entre Moscovo e Ancara. Mesmo que a NATO não
intervenha ao lado da Turquia, esta tem um poderio militar capaz de criar
problemas à Rússia.
Posso estar a ser muito pessimista, mas a realidade a isso
obriga.
1 comentário:
Ó MILHA(FRE)ZES, JÁ METES NOJO, SAI DE CENA PÁ, ESTÁS VELHO,PASSAS O RESTO DA TUA TRISTE VIDA DE VASSALO/LAMBE/BOTAS, A MARTELAR SEMPRE NA MESMA MERDA.SERÁ QUE OS TEUS "DONOS" QUE TÃO BEM SERVES, NÃO CONSEGUÉM ARRANJAR-TE UMA ESMOLA QUALQUER(PORQUE ROMA NÃO PAGA A TRAIDORES)PARA TE ECLIPSARES, E DESAPARECERES DE VEZ
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