quarta-feira, agosto 10, 2016

Eminente uma nova guerra entre Rússia e Ucrânia?


Enquanto o mundo acompanha os Jogos Olímpicos do Rio e assiste à campanha eleitoral carnavalesca nos Estados Unidos, a situação político-militar agrava-se entre a Rússia e a Ucrânia, principalmente na fronteira com a Crimeia, território ucraniano ocupado pela Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta quarta-feira a Ucrânia de recorrer ao "terror", depois que o serviço secreto russo (FSB) anunciou ter desbaratado "atentados" orquestrados por Kiev na anexada região da Crimeia.

"Esta é uma notícia muito alarmante. Os nossos serviços de segurança impediram uma incursão [na Crimeia] de um grupo de sabotagem do ministério ucraniano da Defesa", declarou Putin, que acusou as pessoas que "tomaram o poder em Kiev" de "praticar o terror", segundo agências de notícias russas.

Antes, a Rússia afirmou ter frustrado "atentados terroristas" na Crimeia, preparados, segundo o FSB (Serviço Federal de Segurança), pela Ucrânia para desestabilizar esta península anexada por Moscovo nas vésperas das eleições previstas para Setembro.

"O FSB fez gorar na Crimeia atentados terroristas contra infraestruturas e o sistema de abastecimento da região", destacou o serviço secreto russo num comunicado.

O texto diz ainda que um dos agentes do FSB e um militar russo morreram em duas operações para deter os "sabotadores ucranianos". O fogo contra eles teria sido aberto a partir da Crimeia. "Não passaremos ao lado de actos destes", ameaçou Putin.

"Esta iniciativa de provocar violência (...) é um jogo muito perigoso", declarou Putin durante uma conferência de imprensa no Kremlin, anunciando "medidas suplementares" para garantir a segurança da península.

"Nestas circunstâncias, uma reunião no formato Normandia (França, Alemanha, Rússia e Ucrânia) na China (durante o G20 nos dias 4 e 5 de setembro) não faz sentido", considerou o presidente russo.

Ele pediu que o Ocidente "exerça pressão adequada sobre as autoridades de Kiev" se "realmente quiser chegar a uma solução pacífica" para o conflito ucraniano.
Kiev rejeitou todas as acusações, chamando-as de "provocação". "As acusações da parte russa contra a Ucrânia de terrorismo na Crimeia não têm sentido e são cínicas... Não passam de fantasias, apenas um pretexto para novas ameaças militares contra a Ucrânia". comentou Petro Poroshenko, Presidente da Ucrânia.



De acordo com o FSB russo, o primeiro grupo de "sabotadores-terroristas" foi descoberto perto da cidade de Armyansk, na Crimeia, na madrugada de 6 para 7 de Agosto, "graças à vigilância de moradores locais. .

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que mantém um grupo de observadores na fronteira russo-ucraniana, não relatou qualquer incidente.

A OSCE, no entanto, observou num comunicado na terça-feira que a circulação de carros através da linha de demarcação entre a Ucrânia e a Crimeia foi suspensa nos últimos dias e que os guardas de fronteira pareciam estar em "estado de alerta".

O secretário do Conselho de Segurança Nacional ucraniano, Olexander Turchinov, refutou o que chamou de acusações "falsas e histéricas", enquanto o Estado-Maior ucraniano descreveu-as como "provocação".

O ministério da Defesa ucraniano denunciou "uma tentativa de justificar as ações agressivas dos militares russos no território da península anexada".

"A Ucrânia não está a tentar tomar à força o seu território, e não vai fazer isso", garantiu Yuriy Tandite, um assessor do chefe do serviço secreto ucraniano (SBU), citado pela agência Interfax-Ucrânia.

A Crimeia foi anexada pela Rússia em março de 2014 depois de uma intervenção militar seguida de um referendo denunciado como ilegal por Kiev e pelo Ocidente.

A península abriga várias bases militares e navais russas, incluindo a da Frota russa do Mar Negro em Sebastopol.

Essa anexação causou enorme tensão entre o Ocidente e a Rússia e foi seguida de uma série de sanções europeias e americanas contra Moscovo.
Serguei Markov, um analista político russo próximo do Kremlin, considera que os ucranianos tentaram realizar os atentados terroristas a pedido dos americanos para ajudar Hilary Clinton na sua campanha eleitoral.
Segundo ele, o objectivo é provocar uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia para desacreditar as declarações de Donald Trump, "que se manifesta por relações positivas com a Rússia".
Porém, não se pode excluir a possibilidade deste conflito pode ser utilizado pelo Kremlin para reforçar as posições das forças pró-Putin na Rússia na véspera das eleições para o Parlamento Russo.

1 comentário:

Mário Machado disse...

Caro José Milhazes.

Sobre este assunto da guerra Rússia-Ucrânia gostaria de pedir a sua opinião sobre este comentário, que me parece ser de extrema importância:
https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/686505904834820

Jeffrey Nyquist é formado em sociologia política pela Universidade da Califórnia e é expert em geopolítica. Escreve artigos semanais para o Financial Sense e é autor do livro The Origins of The Fourth World War.