Ao fazer uma busca na Internet, deparei-me com um artigo num
jornal regional russo Karaban+Ia sobre as impressões de um jornalista, Guennady
Klimov, que visitou Portugal. O artigo foi publicado a 26 de Setembro de 2018.
Devo já dizer que o artigo está cheio de erros e imprecisões
no que diz respeito à nossa História. Por exemplo, eu não sabia que os russos
da região norte do país tinham ajudado o Infante Dom Henrique a preparar os
descobrimentos!
Mas neste artigo interessou-me a comparação feita entre Salazar
e Putin, que já não é nova, mas tem cada vez mais seguidores.
O autor escreve: “Há dez anos atrás, Vladimir Putin prometeu
fazer, até 2017, uma vida na Rússia igual à que tem Portugal [Putin fez essa
promessa em 2000 e o objectivo deveria ser alcançado em 15 anos – Nota de JN].
A julgar por tudo, Putin desenha a vida a partir do ditador português Salazar.
Ele esteve no poder entre 1933 e 1974, mas, verdade seja dita, depois de
Salazar ter caído da cadeira e sofrido um derramamento cerebral, a segurança e
a criada criaram nele a ilusão de omnipotência, mas o poder real já estava nas
mãos deles. Não obstante, Salazar, nos primeiros tempos, foi talvez um fenómeno
positivo.
Pôs fim à sucessão de revoluções, criou um Estado corporativo
com valores morais tradicionais e patriotismo.
No Portugal de Salazar, só os que sabiam ler e escrever, os
homens ricos e mulheres com formação universitária tinham direito a voto. A
propósito, os oficiais estavam proibidos de casar com mulheres sem formação
universitária. Salazar considerava que os comunistas eram o pior mal, enquanto
que via nos fascistas italianos e nazis alemães pagãos, e também lutava contra
eles.
Durante a Segunda Guerra Mundial, soube conservar a
neutralidade e concedeu refúgio aos judeus”!!!!!
O autor continua: “Hoje, Putin repete a política de Salazar
de há 50 anos até nos pormenores. As mesmas correntes, o patriotismo e os
valores tradicionais. Uma espécie de fascismo meigo e duro comunismo numa
embalagem só.
Salazar tentou conservar traços de uma sociedade oligárquica
arcaica, que no século XX ruíam sob os golpes das revoluções anti estratos
sociais. A experiência de Salazar falhou: Portugal, pouco tempo depois,
tornou-se o mais pobre país com população analfabeta na Europa. No final, o seu
governo foi uma tristeza, o seu império marítimo desmoronava-se. Ele foi
derrubado por jovens oficiais.
Putin tem mais uma tarefa impossível. Ele tenta criar uma
nova aristocracia com base em marginais de São Petersburgo e na potência ortodoxa,
não percebendo nada de Cristianismo. A Rússia de Putin é uma repetição de
Portugal salazarista”.
A aconselhou Putin a seguir tal via? O autor responde: “Há 17
anos atrás, Igor Setchin, amigo de Putin e tradutor de português, convenceu o
novo Presidente a criar um regime como em Portugal”.
Igor Setchin, que foi tradutor e agente da GRU (espionagem
militar) em Angola e Moçambique, dirige hoje a empresa Rosneft, a maior
petrolífera russa, e é uma das pessoas mais ricas da Rússia. Amigo da angolana
Isabel dos Santos, é senhor de uma grande fortuna.
Se alguém estiver interessado em ler todo o artigo, aqui fica
o link: http://www.karavan.tver.ru/gazeta/15748?utm_source=yxnews&utm_medium=desktop.
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