domingo, fevereiro 10, 2019

Reflexões sobre o meu livro "Os Blumthal": o que me levou a escrever e primeiras críticas.



É sempre com agrado que se recebem notícias desta. O meu livro está no TOP-10 da FNAC do Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa. Um grande agradecimento aos meus leitores, pois os leitores são a razão de ser dos livros. 
Para mim este livro é muito especial por diversas razões, mas a principal é prevenir os leitores, chamar a atenção para os riscos que correm a Europa e a Humanidade. 
Embora tivesse pedido que só o comentem se o lerem, há sempre aqueles que se apressam a condená-lo, seguindo o velho princípio comunista: "eu não li esse livro, mas...", o resto já sabem, não vale a pena estar aqui a sujar esta página.
Outros acusam-me de "explorar a família da minha mulher", acusação que considero um verdadeiro insulto. Eles também nem sequer abriram o livro.
A mim interessa-me muito mais os comentários dos leitores, as suas críticas, pois o meu livro não contém verdades absolutas, mas reflexões baseadas em factos e documentos. 
Os meus personagens viveram e actuaram em regimes que estão para além do bem e do mal, onde é impossível comparar alguns seres humanos à classe de animais, pois estes últimos não são tão cruéis, sádicos como os carrascos do nazismo e do comunismo.
Em russo há uma palavra "não-homem", que talvez seja a melhor para caracterizar os monstros que as tiranias do século XX criaram. 
Claro que muitos certamente não gostarão do facto de eu colocar um sinal de igualdade entre o comunismo e o nazismo, mas foi Vergílio Ferreira que disse que o comunismo se distingue do nazismo porque o comunismo foi o primeiro a aparecer. E estou plenamente de acordo com ele. 
Não tenho qualquer problema em debater essa questão ainda polémica para alguns. Certos críticos meus acusam-me de não ver as diferenças entre as raízes ideológicas dos dois monstros, mas a mim interessa-me mais os modos de operação e os resultados desses regimes. Qual seria a resposta que nos dariam os personagens do livro se ainda estivessem entre nós?
E cuidado com a precipitação no julgamento dos personagens centrais de "Os Blumthal". Na maioria eram jovens que lutavam por um futuro melhor, participaram na sua construção, mas talvez estivessem longe de imaginar os resultados da utopia com que sonhavam. Hoje, já não podemos dizer que não sabemos, pois foram dezenas as tentativas de criação de regimes extremistas e todas tiveram resultados trágicos. 
Por isso, somos duplamente culpados quando permitimos que esses populismos se aproximam ou tomam o poder, quando acreditamos que os novos regimes totalitários podem sobreviver em estilo "suave". É urgente perder as ilusões, pois, gradualmente, o garrote burocrático sufoca as mais elementares liberdades do cidadão, até que chega a vez das prisões, fome, miséria, etc. 
Sei que a actual democracia na Europa está longe de ser perfeita, que as injustiças sociais aumentam, que a corrupção cresce de dia para dia, mas também sei que não há qualquer outra alternativa à democracia. Por isso, e aqui dirijo-me particularmente aos jovens, levantai às vezes a cabeça dos computadores e dos jogos de vídeo e olhai para a realidade, não deixeis que os períodos negros da História se repitam. Para isso, precisamos de melhorar a democracia, de lutar pela meritocracia, pela igualdade de oportunidades, por uma democracia verdadeiramente representativa e actuante, pedir contas às gerações mais velhas sobre o mundo que vos deixam. 
Eu sinto-me cada vez mais preocupado com o futuro dos meus filhos e netos, por isso repito e repito estas ideias. Antes que seja tarde...
P.S. "Este livro deveria ser lido nas escolas", escreveu-me um leitor. Não me compete a mim decidir tal coisa, mas irei falar desta experiência a todas as escolas aonde for, e a agenda começa a encher-se. Farei o mesmo nas Correntes d'Escrita, onde irei participar, e noutros lugares para onde sou e for convidado a falar: universidades seniores, debates com estudantes, etc. 

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