segunda-feira, julho 15, 2019

E as quotas para os imigrantes do Leste Europeu, chineses, etc.?


Ao impormos sistemas de quotas para minorias étnicas ou para mulheres, estamos apenas a considerá-las incapazes de atingir certos objectivos na vida. Por isso considero que o sistema de quotas é anti-constitucional, pois discrimina os cidadãos.
Quando o Partido Socialista e extrema-esquerda vêm propor quotas para africanos e ciganos, esquece-se que em Portugal existem outras minorias que ficaram de fora dessa proposta: ucranianos, brasileiros, moldavos, etc.
Em relação aos brasileiros, não sei se os autores da dita proposta se esqueceram que não há entre eles só brancos, mas mestiços, negros e índios. Estes também irão ter quotas pela cor da pele?
No que respeita às minorias do Leste da Europa, porque é que elas ficam de fora? A resposta é muito simples: porque os seus membros fazem todos os esforços para se integrarem na sociedade em que vivem, para aprender a língua e para mandar os seus filhos para escolas públicas gratuitas. 
Quem está atento ao que se passa à volta, vê que há cada vez mais cientistas, jornalistas e desportistas com nomes e apelidos que nos são estranhos, nomeadamente eslavos, na vida portuguesa e, pelo que vemos e lemos, não se queixam de discriminação. Não tardará o dia em que teremos deputados e até ministros com raízes na Ucrânia, Rússia, Moldávia, etc.
A propósito de minorias, porque é que deverá ficar de fora a chinesa? Porque os autores da ideia das quotas consideram que eles querem continuar a viver à parte ou porque são ricos? Vivo em Oeiras e vejo diariamente crianças chinesas a dirigirem-se para as escolas públicas, a falarem português. Será que também iremos inventar quotas para elas?
A criação de um sistema de quotas, além de injusto e humilhante, é o reconhecimento de que o Estado e a sociedade foram incapazes de solucionar o problema da difícil integração dos africanos e ciganos. 
A Dra. Fátima Bonifácio poderia ter sido mais suave a fazer o diagnóstico, mas teve o mérito de pôr a sociedade portuguesa a discutir nos meios de comunicações problemas abordados apenas em cafés ou entre as quatro paredes da casa. 
É verdadeiramente hilariante acusar de racismo alguém que levanta o problema grave da dificuldade de integração dos ciganos na sociedade portuguesa, pois ele é muito real. Talvez fosse melhor se os “anti-racistas puros” e os “verdadeiros anti-fascistas” se dedicassem ao estudo da experiência de integração de minorias noutros países, nomeadamente dos ciganos. 
Na União Soviética, que para alguma esquerda continua a ser “o passado radioso da humanidade”, a propaganda não se cansava de repetir a “igualdade dos povos”, a “convivência sadia”, etc.  Mas, quando a URSS se desintegrou, viu-se que os ciganos, não obstante todas as medidas repressivas, continuam a viver à margem da sociedade. Estaline até fez tentativas de criar unidades colectivas de produção para os ciganos e em Moscovo ainda hoje existe um Teatro Cigano, mas não conseguiu fazer deles “homens novos soviéticos”.  Nunca vi ciganos no Comité Central do Partido Comunista da União Soviética. Talvez houvesse algum entre os deputados do Soviete Supremo, mas este órgão tinha apenas funções decorativas.
Isto não significa que estamos a falar de um grupo étnico condenado à segregação. A experiência dos países escandinavos ou da Alemanha (após a Segunda Guerra Mundial) mostra que é possível a integração, mas para isso é preciso estudar e tomar medidas reais. 
Quanto aos africanos, a integração é possível se não construirmos ou não deixarmos que se formem guetos. A construção de bairros sociais também não é a melhor solução, pois isso nem sempre é sinónimo de integração. 
A minha experiência de vida mostra que o problema principal é nascer numa família pobre ou família abastada. A irradicação da pobreza é talvez o melhor remédio para resolver o problema. 
Por isso, se não queremos racismo, discriminação, xenofobia, devemos concentrar as nossas atenções no combate à pobreza, na criação de “elevadores sociais” que permitam aos melhores subir, e não só àqueles que tiveram a sorte de nascer num “berço de ouro” ou num “berço de prata”. Por isso, parece evidente que o combate à pobreza e a meritocracia são meios mais eficazes no combate à segregação do que os apelos a autos de fé contra aqueles que colocam questões difíceis e delicadas. 
Não tenho a menor dúvida de que os arautos das quotas nasceram em famílias com meios, muitos deles foram “levados ao colo” para os cargos que hoje ocupam ou, no mínimo, com um empurrãozinho. Desconhecem o país real ou levantam falsas questões para alcançar os seus objectivos. 
Claro que existe racismo e segregação, e esses fenómenos devem ser combatidos, mas, volto a repetir, o problema está na pobreza.



P.S. Se, por exemplo, com a ajuda dos recenseamentos se determinasse a cor da pele e a origem étnica, talvez se ficasse com um maior número de elementos para resolver os problemas das minorias. Mas envereda-se pelo politicamente correcto. A seguir, será proibir fixar no papel se o inquirido é homem ou mulher.
E os “académicos progressistas” lá se vão aguentando à custa de novas causas para esconderem, por exemplo, males como o controlo das ciências sociais nas universidades públicas por esquerdistas, sem direito a contraditório. 

3 comentários:

Tiago Silva disse...

Concordo plenamente com o José Milhazes. Em economia, mostra-se que a imposição de quotas é algo que traz ineficiências. Raças, etnias ou género não podem substituir a qualidade e a meritocracia. De facto, a integração de Russos e Ucranianos na sociedade portuguesa é um excelente case study. Um factor que poderá explicar este "sucesso" poderá passar pelo facto de os imigrantes serem na sua maioria bastante qualificados, sobretudo muitos casos nas áreas das Ciências e Engenharias. Mesmo os menos qualificados têm mais hábitos de cultura e leitura do que alguns portugueses ditos qualificados. Se houve algum aspecto positivo na URSS, terá sido esta alfabetização generalizada. Certamente o José Milhazes poderá elencar algumas explicações mais fundamentadas para este sucesso de integração.

pvnam disse...

A CONVERSA DO RACISMO-XENOFOBIA NÃO COLA:
- O PESSOAL QUE NÃO QUER TRABALHAR ESCONDE-SE ATRÁS DO RACISMO-XENOFOBIA!
[o pessoal que não quer trabalhar para a sustentabilidade demográfica-e-financeira que fique na sua... agora não chateie é os povos autóctones que procuram sobreviver pacatamente no planeta... olha, se quiserem, juntem-se ao 'pendura' europeu: estes 'penduras' vão naturalizando salvadores da demografia, e vão vendendo tudo o que puder a estrangeiros endinheirados]
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O pessoal do racismo-xenofobia ESTÁ EM CONLUIO com os maiores criminosos de ódio da História: os economic-nazis.
{os economic-nazis destilam ódio/intolerância para com Intenções Identitárias... pois... Intenções Identitárias prejudicam investimentos}
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1. Os «grupos rebeldes» (daesh e outros) não possuem fábricas de armamento... no entanto, máfias do armamento fornecem-lhes armas... para depois terem acesso a recursos naturais (petróleo, etc) ao desbarato...e para depois... deslocarem refugiados para locais aonde existem investimentos interessados em mão-de-obra servil de baixo custo.
Ora, o pessoal do racismo-xenofobia (tal como os economic-nazis) não condena os países aonde a máfia do armamento possui as suas fábricas... em vez disso fazem uma outra coisa: querem que sejam decretadas sanções contra os países que não permitem a chegada de mão-de-obra servil ao desbarato (refugiados) aos investimentos interessados em tal.
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2. O pessoal do racismo-xenofobia (tal como os economic-nazis) procuram implementar um sentimento de culpa no mais pacato dos cidadãos... tendo em vista a implementação da seguinte doutrina: a ajuda aos pobres deve ser efectuada por meio da degradação das condições da mão-de-obra servil... e não... por meio da introdução da Taxa-Tobin.
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3. O pessoal do racismo-xenofobia (tal como os economic-nazis) acusam os Identitários de serem fascistas/nazis... ora, os Identitários não estão interessados em ocupar novos territórios, apenas procuram sobreviver pacatamente no planeta... PELO CONTRÁRIO... muito pessoal do racismo-xenofobia tem uma ATITUDE NAZI: procuram pretextos para negar o Direito à Sobrevivência de outros, e procuram ocupar e dominar novos territórios.
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MOVIMENTO-50-50:
- por um planeta aonde sejam Todos Diferentes, Todos Iguais... isto é: todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o seu espaço no planeta --»» INCLUSIVE as de rendimento demográfico mais baixo, INCLUSIVE as economicamente menos rentáveis.
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Nota 1: Os 'globalization-lovers', UE-lovers. smartphone-lovers (i.e., os indiferentes para com as questões políticas), etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
-»»» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/
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Nota 2: Os Separatistas-50-50 não são fundamentalistas: leia-se, para os separatistas-50-50 devem ser considerados nativos todas as pessoas que valorizam mais a sua condição 'nativo', do que a sua condição 'globalization-lover'.
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Nota 3: É preciso dizer NÃO à democracia-nazi! Isto é, ou seja, é preciso dizer não àqueles... que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros! [obs: não foi por acaso que a elite do sistema adulterou a lei das naturalizações]

Pedro disse...

Só apetece perguntar porque é que cidadãos portugueses voltaram desiludidos do leste europeu agora que aquilo parece estar a ficar mesmo "a gosto", isto a avaliar pelo teor de comentários de assuntos como o deste post. Contradições insanáveis!