quinta-feira, maio 03, 2007

Crise russo-estónia agrava-se


A mudança de local do monumento ao Soldado Soviético em Tallinn complicou seriamente as relações entre a Rússia, por um lado, e a NATO e União Europeia, por outro, anunciou o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.

“As grosseiras violações dos direitos do homem na Estónia, que testemunhámos nos últimos tempos, são uma consequência da indiferença e permissão da UE e NATO, organizações que aceitaram como membro um país que espezinha os valores em que se baseia a cultura e a democracia europeia” – declarou Alexei Borodavkin, representante permanente da Rússia na Organização para Segurança e Cooperação na Europa.

Numa sessão do Conselho Permanente dessa organização, Borodavkin ameaçou: “O sacrilégio cometido na Estónia, no fim de contas, não pode deixar de se reflectir nas relações da Rússia com a União Europeia e a Aliança Atlântica”.

“A desmontagem e mudança de local do monumento ao Soldado Soviético e a trasladação dos restos mortais dos soldados soviéticos em Tallinn foram recebidas na Rússia como escárnio contra os nossos santos” – afirmou Borodavkin, acrescentando: “refutamos totalmente as acusações de que a Rússia não observa a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e não garante a segurança da embaixada da Estónia na Rússia”.

Estas palavras do diplomata russo foram publicadas no sítio oficial do MNE da Rússia.

Entretanto, a embaixadora da Estónia em Moscovo, Maria Karjuland, abandonou a capital russa a pretexto de que foi “passar férias”.

Matti Maazikas, chanceler do MNE da Estónia, justificou que “as férias da embaixadora deveriam ter tido início no fim de Abril, mas, devido aos acontecimentos em Moscovo, adiou o início das férias”.

Porém, fonte estónia em Tallinn contactada por telefone pela Lusa, sublinhou que “as férias são apenas um pretexto para chamar a embaixadora e aguardar o desenrolar dos acontecimentos”.

Quando foi difundida a notícia de que Maria Karjuland abandonaria a capital russa, os militantes de movimentos juvenis pró-Kremlin levantaram o cerco ao edifício da Embaixada da Estónia em Moscovo.

Alguns dos manifestantes acompanharam a embaixadora até ao aeroporto para se certificar de que ela realmente abandonou a Rússia.

“A embaixadora da Estónia parece ter escolhido, das duas variantes possíveis: pedir desculpa ou abandonar o território da Rússia, escolheu a fuga” – declarou Anastassia Suslova, porta-voz do movimento pró-Kremlin “Nossos”.

A Rússia aumenta também as sanções económicas contra a Estónia. Hoje, foi anunciada a decisão de suspender a venda de chocolates estónios. Oliver Kruud, proprietário da fábrica de chocolates Kalev, declarou à versão electrónica do jornal de negócios estónio Aripaev que “o mercado russo está fechado”.

Segundo o jornal, só esta fábrica vendia, mensalmente, chocolates para a Rússia no valor de 260 mil euros.

Na véspera, os Caminhos de Ferro da Rússia suspenderam o transporte do petróleo para e através da Estónia. No mês de Maio, estava previsto exportar para a Europa através da Estónia 900 mil toneladas de petróleo e derivados.

O Serviço de Controlo Sanitário da Rússia anunciou que irá “verificar atentamente a segurança e a qualidade dos produtos alimentares estónios”. O mesmo foi anunciado quando Moscovo anunciou sanções económicas contra a Geórgia e a Moldávia.

Iúri Lujkov, presidente da Câmara de Moscovo, ordenou às empresas públicas e municipais para congelarem todas as relações económicas e financeiras com a Estónia.

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