Pelo consegui concluir depois de uma rápida busca na Internet, a notícia abaixo publicada parece ter passado despercebida de muitos, por isso publico-a na íntegra: "A Rússia repatriou todo o seu pessoal militar da Síria que trabalhava no porto de Tartus, devido ao conflito no país, afirma uma fonte militar citada hoje pelo diário russo Vedomosti.
Segundo
uma fonte do ministério russo da Defesa, nenhum militar ou pessoal civil
trabalha para esse ministério em Tartus.
Esta
fonte precisou que foi decidido recuar o pessoal para limitar os perigos
ligados ao conflito na Síria, que já fez mais de cem mil mortos desde o início
do levantamento contra o regime do Presidente Bashar Assad, segundo o
Observatório dos Direitos do Homem da Síria.
Na
semana passada, Mikhail Bogdanov, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, já
tinha feito declarações nesse sentido numa entrevista ao jornal em árabe
Al-Hayat, publicado em Londres.
“Hoje,
não há mais ninguém do ministério russo da Defesa na Síria”, declarou.
“Nunca
tivemos uma base em
Tartus. Trata-se de um ponto de assistência técnica para a
manutenção de navios estacionados no Mediterrâneo”, precisou.
A base de Tartus, situada a 220 quilómetros a
noroeste de Damasco, foi criada em conformidade com um acordo assinado em 1971,
na época soviética.
Ela
estaca equipada de casernas, armazéns, docas flutuantes, um navio para
reparações, segundo os órgãos de informação oficiais russos.
A
despeito da sua pequena importância no plano militar, o porto de Tartus é
considerado por numerosos analistas um símbolo da influência mantida por
Moscovo no Médio Oriente".
O que levou a Rússia a dar este passo? Não terá o Kremlin concluído que a intervenção estrangeira é inevitável e o regime de Assad está a chegar ao fim? Ou será que Moscovo está convencido que o regime de Damasco será capaz de esmagar completamente as oposições armadas?
Tendo em conta as vitórias das tropas de Assad nos últimos tempos, pode-se admitir que a segunda versão parece a mais plausível, mas eu considero mais provável a primeira versão. Os Estados Unidos e outros países ocidentais voltam a fornecer armas à oposição síria e colocam novamente a questão do emprego de armas químicas pelo regime de acção. Os órgãos de informação turcos escrevem hoje que peritos da ONU chegaram à Turquia para reunir dados sobre o emprego dessas armas na Síria.
Além disso, a possibilidade da realização de uma Conferência Internacional sobre a Síria parece ser um horizonte cada vez mais longínquo.
Se antes da "enigmática" chegada de Eduard Snowden ao Aeroporto Sheremetievo de Moscovo, as probabilidades eram poucas, agora são praticamente nenhumas, a não ser que o Kremlin entregue o ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, o que é muito pouco provável.
A propósito, se Snowden tivesse nascido na Rússia e feito o que fez, seria considerado "traidor" e iria passar o resto da sua vida numa prisão mais longe ou mais perto de Moscovo. Mas, como se trata de um norte-americano, passou a ser herói nacional.
Mas voltando à situação em torno da Síria, parece claro que Washington não deverá perder muito mais tempo em conversações com os russos. Resta esperar que sejam encontradas provas do emprego de armas químicas por Assad, reais ou não, para que se vejam medidas com vista a pôr fim ao regime de Damasco.
7 comentários:
"Resta esperar que sejam encontradas provas do emprego de armas químicas por Assad, reais ou não, para que se vejam medidas com vista a pôr fim ao regime de Damasco. "
...para lá colocar uns palhaços ainda mais brutais, estacionar lá bases de cerco ao Irão e fazer da Síria mais um campo de treinos da Al-Qaeda.
Cumpts
Manuel Santos
Atenção, se Snowden tivesse nascido na Rússia, tivesse feito o que fez, e tivesse fugido para os EUA ou o RU, seria considerado um "herói da liberdade", ao nível dos ex-agentes do KGB que fugiram para o "mundo livre".
Quanto à fuga dos pessoal russo, tem toda a lógica. A guerra continua e a base de Tartus está sempre sujeita a sofrer um ataque. Para além disso, aos russos já foram oferecidas facilidades portuárias em Chipre, que parece estar disponível para oferecer a base aérea de Paphos à FA Russa.
Ou seja, a Rússia poderá trocar uma base na instável Síria por várias bases no pequeno, simpático e muito central Chipre.
Quanto à intervenção estrangeira (estatal) na Síria, admito a sua possibilidade, com participação no terreno dos turcos e participação aérea mais discreta, de norte-americanos, dos seguidistas britânicos e, quem sabe, de franceses e alguns Estados árabes sunitas. Mas neste momento, já não tenho grande confiança nos créditos "democráticos" da oposição a al-Assad, tão minada que está pelos radicais islâmicos.
Mistério: O que serão "provas do emprego de armas químicas por Assad não reais"? Serão iguais às armas de destruição maciça de Saddam?
...Mas voltando à situação em torno da Síria, parece claro que Washington não deverá perder muito mais tempo em conversações com os russos. Resta esperar que sejam encontradas provas do emprego de armas químicas por Assad, reais ou não, para que se vejam medidas com vista a pôr fim ao regime de Damasco.
A mim não parece nada claro que os americanos não queiram perder tempo em conversações.
O que me parece claro a mim é que cada vez mais se vê rebeldes com ideias demasiado radicais sobre o que deve ser a Síria.
Cada vez se vê mais notícias destas:
Rebels Behead Syrian Civilians for Collaboration
http://www.businessweek.com/news/2013-06-27/rebels-behead-syrian-civilians-for-collaboration-group-says
Cada vez tenho mais a sensação, que para muitos sírios, entre a ditadura de Assad ou entregar o país a uns fanáticos religiosos, preferem a opção menos má.
E quanto mais tempo passa, saindo notícias sobre as barbaridades que os "rebeldes" andam a fazer, mais difícil fica para os países ocidentais justificar o apoio que dão.
Quanto a um possível abandono da base, se calhar é melhor esperar mais algum tempo para ver se conseguimos perceber o que querem dizer estas notícias.
Pois não acredito em intervenção estrangeira nesta altura. Acho que a posição rebelde está demasiado fragilizada, e cada vez se torna mais difícil justificar exactamente o porquê do apoio dos países Ocidentais, é que já há muita gente a interrogar-se que tipo de liberdade é que vamos dar aos sírios com tanto extremista lá enfiado.
Caro PM, LaVROV VEIO HOJE DESMENTIR QUE a Rússia deixou Tartus. Estou de acordo com a sua análise em relação à oposição, mas acho pouco provável que os Estados Unidos e alguns países do golfo desistam de derrubar Assad.
Caro JM,
Que alguns países da àrea, estejam empenhadas em derrubar Assad e que vão continuar não tenho dúvida.
Agora suporte dos EUA parece-me cada vez mais complicado. Se no início do conflito tivesse havido uma intervenção, essa seria realmente vista como libertar um país das garras de um ditador.
Agora? como é que os EUA que lutam em todo o mundo contra facções terroristas e agora que já se sabe que quase todas elas estão na Síria, justifica o apoio a estes? não há como dar a volta ao texto, não é possível entregar armas a um grupo rebelde, aquilo está tudo misturado.
Pior, aquilo transformou-se num conflito de ideiais religiosos, onde existe suporte de vários lados.
O pior que podia acontecer ao país é o que está acontecer neste momento. Destruição do país e barbaridades cometidas por toda a gente.
Vai agora Obama intervir directamente no conflito por via aérea, entregando o país a uns fanáticos religiosos que vão andar a cortar cabeças pelas rua?
Parece-me muito difícil.
Já para não falar nos problemas adicionais com a Rússia, China e Irão...
Quanto à base, parece-me de facto que existe muita desinformação. é uma das armas da guerra.
Também muito interessante é a intenção de abrir uma base no Chipre.
Iria mudar por ali algumas coisas isso ia...
Os rebeldes "democratas e libertadores" apoiados pelo ocidente em todo o seu esplendor.
http://inacreditavel.com.br/wp/padre-catolico-e-decapitado-por-islamistas/
É este tipo de selvagens e extremistas islâmicos que os americanos andam a apoiar, alguns deles treinados no Kosovo esse ícone democrático.
Assad pelo menos permite liberdade religiosa.
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