O Ministério dos
Negócios Estrangeiros da Rússia recomendou hoje aos seus cidadãos russos a
evitar visitas ao Egito devido aos confrontos nesse país.
“Os confrontos e
desordens, que começaram na capital, alastram rapidamente a outras cidades e
regiões do Egito, incluindo as visitadas por turistas. Nesta condições, o MNE
da Rússia recomenda hoje aos seus cidadãos russos a evitar visitas ao Egito”,
declarou Alexandre Lukachevitch, porta-voz da diplomacia russa.
A Embaixada do
Egito na Rússia considerou, num comunicado publicado na capital russa, “sem fundamento” as recomendações da
diplomacia de Moscovo, sublinhando que “não se compreende como foi tomada
semelhante decisão se não houve nenhum ataque contra turistas”
Irina Turina,
porta-voz da Associação de Industriais do Turismo da Rússia, disse à agência
Interfax que no Egito descansam, atualmente, entre 40 a 60 mil russos.
Esta associação
aconselha os turistas russos a “não saírem do território dos hotéis”.
O Presidente
russo, Vladimir Putin, ordenou ao Serviço de Fronteiras do Serviço Federal de
Segurança (ex-KGB) da Rússia para prestar especial atenção à guarda das
fronteiras do Sul, Extremo Oriente e no Ártico.
“Claro que é
preciso prestar atenção especial… ao Sul, ao Cáucaso do Norte, à cooperação com
os colegas nas repúblicas da Ásia Central, tendo em conta a situação no
Afeganistão, e claro, ao Extremo Oriente e região do Ártico”, afirmou ele num
encontro com Vladimir Kulichov, dirigente desse serviço.
Vladimir Putin não
falou concretamente da situação do Egito, mas parece-me evidente que as ordens
por ele dadas para o flanco meridional da Rússia estão diretamente ligadas com
esse perigoso foco de tensão no Norte de África e Médio Oriente.
Parece não haver
dúvidas de que a situação no Egito está para durar. O mais provável, considero
eu, é que este conflito se transforma numa longa guerra civil como já aconteceu
na Argélia há alguns anos atrás.
Juntando esta
“potente carga explosivo” à já gravíssima situação no Norte de África e no
Médio Oriente, conclui-se que os dirigentes russos receiam que as chamas se
alastrem rapidamente ao Mar Cáspio e ao Cáucaso do Norte.
O Cáucaso do Norte
continua a ser o “tendão de Aquiles” da Federação da Rússia, sendo a situação
particularmente instável no Daguestão. Além disso, Vladimir Putin prevê – e com
toda a razão – a desestabilização da situação na Ásia Central depois da
retirada das forças da NATO Afeganistão em 2014.
Se olharmos para o
mapa, A Rússia arrisca-se a ver grande parte da sua fronteira meridional numa
zona de forte turbulência político-militar. Por conseguinte, as tropas
fronteiriças do FSB (Serviço Federal de Segurança) têm um papel de primordial
importância na tarefa de impedir infiltrações islamitas a partir do exterior,
bem como não permitir o abastecimento dos destacamentos separatistas no
interior da Rússia com armas.
Quanto ao Extremo
Oriente, a Rússia tem de estar atenta à situação cada vez mais instável na
região, rica em potenciais conflitos provocados por disputas territoriais.
No Ártico, Moscovo
pretende que a rota marítima do Norte, com perspetivas de desenvolvimento cada
vez maiores, não lhe fuja das mãos, não deixe de ser uma “rota marítima russa”
para se transformar numa passagem internacional. Além disso, o Kremlin pretende
controlar as riquezas incalculáveis que essa região esconde.
Xadrez
internacional muito complicado para a direção de um país em estado de
estagnação económica. Vamos ver como é que Vladimir Putin vai controlar estas e
outras situações da política externa, num momento em que as relações com os
Estados Unidos e a União Europeias estão tensas.
1 comentário:
Quem está acompanhando a situação vê claramente o exército massacrando pessoas desarmadas. O estranho de tudo isso é o silêncio do ocidente diante de tal violação dos direitos humanos. É por isso que UE e EUA perdem credibilidade, acham um escândalo uma lei que proíbe propaganda homossexual na Rússia, mas considera "normal" um governo assassinar cidadãos desarmados. Quando incoerência.
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