Como era de
esperar, a oposição ucraniana não aceitou as cedências do
Presidente Victor Ianukovitch, mas também não as recusou. É
evidente que, agora, os adversários do dirigente ucraniano querem
mais: a sua demissão.
“Nós,
suavemente falando, não estamos entusiasmados com essa proposta. Eu
tenho perfeita consciência do que hoje se passa na Ucrânia. O país
está no limiar da falência. Eles pilharam o país nos últimos três
anos e meio ao ponto de deixarem os cofres públicos vazios, o país
foi por eles totalmente mergulhado no caos total e absoluto.
Precisamente por isso, eles querem fugir à responsabilidade e
esperam a nossa resposta, aceitamos a responsabilidade ou não”,
declarou Arseny Iatzynuk, dirigente da oposição que foi convidado
por Ianukovitch para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
“Se
dissermos que recusamos a responsabilidade, eles vão acusar-nos de
que propuseram que ficássemos com o poder e conduzíssemos o país
para a Europa, mas nós recusámos. Se aceitarmos essa proposta, eles
e as pessoas também nos acusarão de traição e, desse modo, as
pessoas não conseguiram o que queriam”, acrescentou.
As conversações entre as partes do conflito continuam,
mas, entretanto, manifestantes da oposição ocupam cada vez mais
centros do poder nas regiões do Oeste e do Centro da Ucrânia. Em
Kiev, os manifestantes desalojaram a polícia de choque da Casa
Ucraniana (centro de cooperação económica) e transformaram-na em
centro de aquecimento dos manifestantes (a temperatura na rua ronda
os -20 graus) e centro de imprensa da oposição. Em alguns lugares,
foi decidido proibir o Partido das Regiões, principal força de
apoio de Ianukovitch, e o Partido Comunista da Ucrânia, que não
esconde as suas simpatias pró-russas.
Estas ocupações tiram poder de manobra ao Presidente
Ianukovitch e ao seu clã, tanto mais que não se observam grandes
manifestações de apoio a ele no Leste e Sul do país. Por enquanto,
ouvem-se apenas uns apelos à instauração do estado de sítio no
país e as autoridades locais tomam medidas para evitar que a
oposição ocupe os edifícios públicos.
Por enquanto, assistimos a uma situação de precário
equilíbrio que, a qualquer momento, se pode desfazer. O perigo de
guerra civil e de desintegração do país continua a ser muito real.
Caso a situação se degrade, as consequências poderão ser muito
graves não só para os ucranianos, mas também para a Rússia e a
UE. Como Portugal é membro da UE e tem uma numerosa colónia
ucraniana, as autoridades de Lisboa não devem considerar que Kiev
fica muito longe.
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