domingo, janeiro 26, 2014

Equilíbrio político cada vez mais precário na Ucrânia.


Como era de esperar, a oposição ucraniana não aceitou as cedências do Presidente Victor Ianukovitch, mas também não as recusou. É evidente que, agora, os adversários do dirigente ucraniano querem mais: a sua demissão.
Nós, suavemente falando, não estamos entusiasmados com essa proposta. Eu tenho perfeita consciência do que hoje se passa na Ucrânia. O país está no limiar da falência. Eles pilharam o país nos últimos três anos e meio ao ponto de deixarem os cofres públicos vazios, o país foi por eles totalmente mergulhado no caos total e absoluto. Precisamente por isso, eles querem fugir à responsabilidade e esperam a nossa resposta, aceitamos a responsabilidade ou não”, declarou Arseny Iatzynuk, dirigente da oposição que foi convidado por Ianukovitch para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
Se dissermos que recusamos a responsabilidade, eles vão acusar-nos de que propuseram que ficássemos com o poder e conduzíssemos o país para a Europa, mas nós recusámos. Se aceitarmos essa proposta, eles e as pessoas também nos acusarão de traição e, desse modo, as pessoas não conseguiram o que queriam”, acrescentou.
As conversações entre as partes do conflito continuam, mas, entretanto, manifestantes da oposição ocupam cada vez mais centros do poder nas regiões do Oeste e do Centro da Ucrânia. Em Kiev, os manifestantes desalojaram a polícia de choque da Casa Ucraniana (centro de cooperação económica) e transformaram-na em centro de aquecimento dos manifestantes (a temperatura na rua ronda os -20 graus) e centro de imprensa da oposição. Em alguns lugares, foi decidido proibir o Partido das Regiões, principal força de apoio de Ianukovitch, e o Partido Comunista da Ucrânia, que não esconde as suas simpatias pró-russas.
Estas ocupações tiram poder de manobra ao Presidente Ianukovitch e ao seu clã, tanto mais que não se observam grandes manifestações de apoio a ele no Leste e Sul do país. Por enquanto, ouvem-se apenas uns apelos à instauração do estado de sítio no país e as autoridades locais tomam medidas para evitar que a oposição ocupe os edifícios públicos.

Por enquanto, assistimos a uma situação de precário equilíbrio que, a qualquer momento, se pode desfazer. O perigo de guerra civil e de desintegração do país continua a ser muito real. Caso a situação se degrade, as consequências poderão ser muito graves não só para os ucranianos, mas também para a Rússia e a UE. Como Portugal é membro da UE e tem uma numerosa colónia ucraniana, as autoridades de Lisboa não devem considerar que Kiev fica muito longe. 

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