Hoje
são assinaladas duas datas importantes ligadas à Segunda Guerra
Mundial, a maior matança organizada pela humanidade durante toda a
sua história: o Holocausto e o fim do Bloqueio de Leninegrado (hoje,
São Petersburgo). Por isso, presto homenagem aos milhões de vítimas
dessas duas tragédias.
Mas
os seres humanos, pelo menos um número bastante numeroso deles,
parecem não estar cansados de carnifaria e mortes. Daí que vou
escrever hoje, mais uma vez, sobre a Ucrânia, onde a situação
resvala rapidamente para um enorme banho de sangue, com consequências
imprevisíveis.
Fala-se
de amanhã, dia 28 de janeiro, como podendo ser o dia X no desenrolar
dos acontecimentos em Kiev e no país em geral, pois a Rada
(Parlamento) vai reunir-se de emergência para tentar encontrar uma
saída para a situação na Ucrânia.
(Claro
que é difícil chamar a essa reunião “de emergência”, pois o
conflito já vai na terceira semana. Além disso, já morreram pelo
menos seis pessoas, algumas estão desaparecidas e centenas ficaram
feridas).
Mesmo
que a polícia consiga manter segurança suficiente para a realização
da sessão parlamentar (o que é problemático), é difícil esperar
resultados positivos da reunião de amanhã, pois, em situações bem
menos dedicadas, os deputados ucranianos transformaram o seu
Parlamento numa autêntica praça de touros. Poderão dizer-me que,
numa situação tão grave, os parlamentares terão mais
responsabilidade... Vou esperar para ver, mas...
Os
deputados que apoiam o Presidente Ianukovitch e a sua clã até
poderão dar marcha atrás e anular a sua decisão de 16 de janeiro,
que foi uma das principais causas do conflito. Recordo que, nesse
dia, eles aprovaram um pacote de leis que limita seriamente as
liberdades de expressão e manifestação.
Mas
isso não será suficiente, porque a oposição, ou melhor, as
oposições querem muito mais, sendo a principal reivindicação a
demissão do Presidente e do Parlamento e a realização de eleições
antecipadas.
Ao
mesmo tempo, apoiantes das oposições continuam a ocupar edifícios
do Governo e das autoridades regionais, sendo estas operações
palcos de confronto com a polícia. O edifício do Ministério da
Justiça foi o último da série a ser ocupado, mas essa série vai
certamente continuar.
(Verdade
seja dita, os dirigentes das ocupações parecem ter alguma sensatez.
Quando entraram no Ministério da Energia, o ministro lembrou-lhes
que a ocupação deste edifício poderia ter causas funestas, pois é
daí que se comanda o sistema elétrico do país e as quatro centrais
nucleares aí existentes. Os ocupantes retiraram-se.)
Por
conseguinte, começa a ser cada vez mais difícil compreender como é
que os actuais dirigentes da oposição irão conseguir travar a
situação mesmo que consigam ver satisfeitas as suas reivindicações.
Só quem não quer é quem não vê que no interior da oposição há
grupos extremistas com programas políticos muito pouco democráticos,
para não falar de forma mais contundente.
É
de sublinhar também que as várias partes dos confrontos na Ucrânia
são apoiadas por grupos oligarcas que, antes de tudo, tentam
resolver os seus problemas. Para os filhos e a família de
Ianukovitch terem “engordado” em demasiada, passando a estar
entre os mais ricos no país, alguém teve de se afastar e ceder.
Não
fosse a violência e eu diria que já vi esta situação na Ucrânia
em 2004. Nessa altura, venceram os chamados pró-europeus para grande
alegria de Bruxelas e Washington, mas os problemas do país ficaram
por resolver.
Por
falar em Bruxelas. Amanhã também, mas em Moscovo, realiza-se mais
uma cimeira da Rússia com a União Europeia, mas desta vez mais
curta, mas não menos difícil.
Normalmente,
as cimeiras Rússia/UE demoravam dois dias, mas, desta vez, vai durar
apenas duas horas e meia. As relações entre as duas partes talvez
nunca tenham sido tão gélidas desde a “guerra fria” (se
exceptuarmos, claro está, a crise de Agosto de 2008, quando da
guerra russo-georgiana) e não se esperam resultados visíveis desse
acordo, além dos habituais blás-blás sobre que “iremos continuar
a busca...”, “procurar consensos...”, etc.
Prevê-se
que nessa reunião Durão Barroso e a sua comitiva abordem o problema
da Ucrânia com Vladimir Putin. As partes não deverão chegar a
acordo algum neste campo, mas talvez se possa ouvir algumas
declarações a que o Presidente russo já nos habituou. Ou talvez
não, porque, nos últimos tempos, ele tem estado mais calmo e assim
deverá continuar até ao encerramento dos Jogos Olímpicos de
Inverno em Sochi. Putin não pode atiçar divergências antes desse
acontecimento desportivo, pois apostou muito nele.
Depois
outros tempos virão e não estou a ver Moscovo a renunciar à
Ucrânia enquanto zona de influência. Tempos difíceis nos esperam,
digo eu, mas talvez seja demasiadamente pessimista...
Infelizmente meu caro, a Ucrânia está condenada, por falta de consenso interno sobre o seu futuro.
ResponderEliminarA Ucrânia quer ao mesmo tempo virar-se para a UE e usufruir de energia a preços de sonho.
O país está ser puxado por ambos os lados e ou um deles larga, ou fica rasgado ao meio.
O desejo de se virar para a UE é legítimo, mas não podem exigir que a Rússia, lhes forneça energia com descontos.
A Rússia só fará isso, com um governo amigável na Ucrânia. E faz isso para não ter a NATO instalada ali.
A Ucrânia ao virar-se para a UE, entra em falência, porque não reúne as condições financeiras, nomeadamente reflectir no consumidor os preços da energia. e a UE não vai subsidiar energia a um país.
E já vimos isto acontecer. A revolução laranja empurrou a Ucrânia para esta situação, e a UE nada fez. Democracia é uma coisa, dinheiro é outra.
A Ucrânia quer democracia com dinheiro dos outros. E quem está disposto a dar dinheiro é a Rússia.
Hoje o corte da energia na UCrânia já não ameaça tanto a Europa devido ao Nord Stream, mas ainda passa muita energia pelo o país, portanto a situação ficará crítica se houver novos cortes.
Devido a um possível asfixiamento energético na Europa, esta terá que ter muito cuidado com os passos que dá.
Quando o South Stream estiver activo, a Ucrânia pode-se embrulhar numa guerra civil e a cisão do país algo inevitável.
Desde a revolução laranja que acho, que se atiraram para o precipicio e estamos simplesmente a vê-los cair e a cair cada vez mais...
(Para que tenham todos uma melhor ideia do que se passa...)
ResponderEliminarOs manifestantes que andam a ocupar os ministérios ucranianos são financiados pelo "Open Society Institute", do ("ex"-nazi) Sr. George Soros, de nacionalidade estadunidense.
Saibam aqui de onde vem o dinheiro que financia o "Spilna Sprava" - e fiquem, nessa mesma notícia, a saber que este mesmo grupo colabora de perto com uma ONG alemã que é financiada pela (não eleita) Comissão Europeia.
(Mais uma vez, fica assim provado o respeito que tem o Ocidente pela soberania dos outros países...)
Alguém que tenha provas de grupos financiados pelo governo russo, faça o favor de as apresentar.
E os neonazis que fazem parte deste aglomerado de manifestantes? Porque razão não falam os média ocidentais deles?
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