A corrupção, tal como a radioactividade, não tem cor nem
cheiro, mas corrói e destrói sociedades e Estados quando ultrapassa
determinados níveis. E aqui é
indiferente se corrompem e se se deixam corromper em regimes de direita ou de
esquerda.
A grave crise política que atravessa o Brasil volta a trazer
para a ordem do dia o problema do aumento da corrupção, fenómeno transversal
aos regimes de qualquer matiz política.
Os apoiantes de Lula da Silva até podem reconhecer que o
ex-Presidente brasileiro se deixou corromper, mas contrapõem que, durante os
seus mandatos, ele “tirou três milhões de pessoas da pobreza”, argumento pouco
convincente, pois nada impedia que ele combatesse realmente a corrupção e,
dessa forma, acabasse com mais uns milhões de pobres.
Alguns sectores da esquerda acusam “forças externas” de
estarem por detrás dos protestos contra Lula da Silva e Dilma Roussef a fim de
mudarem o regime político no país, através de uma “revolução colorida”, e
enfraquecerem os BRICS, organização que reúne países como o Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul, mas não querem ver aquilo que os seus ideólogos
defenderam: não se pode fazer “revoluções” se não existirem condições para
isso.
Ora, neste caso, dirigentes de países como, por exemplo, o
Brasil e a Rússia, dão bons motivos para protestos e convulsões sociais quando
pilham os seus países. Em época de fartura, quando há muito para roubar e até
para distribuir umas “migalhas” através da política social, os ânimos andam
calmos, mas, no momento em que a crise bate à porta, em casa onde não há pão,
todos ralham e todos dizem ter razão.
Mas há diferenças substanciais entre o Brasil e a Rússia. No
primeiro país existe um sistema democrático que, não obstante todas as
insuficiências, funciona. Por exemplo, os brasileiros podem orgulhar-se de
terem um sistema judicial independente do poder político, coisa que não
acontece no regime liderado por Vladimir Putin. No sistema parlamentar do
Brasil não existe a “unanimidade dos cemitérios” reinante nas duas câmaras do
Parlamento da Rússia.
Não é de somenos importância o facto de no Brasil existir
órgãos de comunicação social não controlados pelo poder político, principalmente
a televisão. Além disso, a sociedade civil no Brasil está melhor organizada e é
bem mais activa do que na Rússia.
Estas diferenças permitem alimentar uma pequena esperança de
que os brasileiros consigam sair desta crise com a ajuda dos mecanismos
constitucionais existentes e os seus políticos tirem as devidas conclusões.
Mas esta crise no Brasil também deveria fazer pensar os
políticos e a sociedade portuguesa. A corrupção está presente nos mais
perfeitos regimes sociais e só nas imaginações mais utópicas ela pode não
existir. Porém, sendo uma “doença crónica”, pode ser controlada ao mais baixo
nível. Caso contrário, transforma-se num cancro incontrolável com as
consequências mais funestas.
O Partido Comunista Português considera que o que está a acontecer no Brasil não passa de "uma operação de desestabilização" e de "cariz golpista". O mesmo diz em relação à Venezuela, Angola ou China. Isto não é miopia política, mas um sinal de que age da mesma forma, como se a corrupção de esquerda fosse uma bênção!
P.S. Aconselho vivamente a leitura dos materiais que o Expresso está a publicar sobre os Arquivos de Mitrokhin e cruzem com outros livros. Descobrem-se coisas cada vez mais curiosas, embora muita gente continue a assobiar para o lado.
P.S. Aconselho vivamente a leitura dos materiais que o Expresso está a publicar sobre os Arquivos de Mitrokhin e cruzem com outros livros. Descobrem-se coisas cada vez mais curiosas, embora muita gente continue a assobiar para o lado.
4 comentários:
Que comentários degradantes... Ainda não sabe que o "arquivo da pide" se encontra na torre do tombo?
Ainda não sabe que o traidor do Kgb ficou indignado com a alteração do seu suposto arquivo?
O senhor Milhazes coloca o bico para onde o vento sopra...
De ex- nunca foi comunista/ a actual oportunista, podia escrever sobre os financiamentos do PS entre outros, esse sim de quem tinha e tem os documentos originais.
Depois, com o ódio ao Pcp que o caracteriza exige que seja devolvido à Portugal arquivou de quê e de quem?
Não tem rigor, inventa e é um sujeito ficcional .
Sabe, li um livro seu, nunca esperei que fosse tão fraco, é mau demais para ser verdade...
Engraçado que supostamente seria para aprofundar o tema Brejnev e Cunhal e o artigo é mais do mesmo, do assunto referido meia dúzia de páginas e depois o resto é romance fictício...
Sem a qualidade de escritor, sobrou o caminho necessário: caixote do lixo!
Entenda uma coisa, escreve mal, escreve tretas e mentiras e entende que faz um grande trabalho...
Basta ver os locais onde escreve, mais dia menos dia está no correio da manhã, faz mais o seu estilo...
Sérgio Vilas, são mensagens como as suas que fazem aumentar a convicção de que realmente foram levados de Portugal documentos importantes. Se o senhor tivesse o cuidado de ver o que se encontra na Torre do Tombo, constataria que lá se encontram partes do Arquivo da Pide. E fez mal em atirar o meu livro para o caixote do livro. Não por respeito pelo autor, visto que isso não espero de pessoas como você, mas para cruzar os dados publicados nesse livro com o que está a ser revelado no semanário Expresso. Há muitas coincidências.
Importa desde logo chamar a atenção para que o «Arquivo Mitrokhin» não se sustenta em qualquer base documental autêntica pois apresenta-se como constituído por alegadas cópias manuscritas pelo próprio de milhares de documentos internos do KGB e que, depois do seu «negócio» com os serviços secretos britânicos, foram por estes traduzidas e dactilografadas. Ou seja, «negócio fechado», tanto Mitrokhin como os serviços secretos britànicos puderam muito bem inventar todas as fichas que lhes apeteceu ou consideraram útil para os seus fins. De registar que a peça do Expresso, confirmando que nas fichas de Mitrokhin só aprecem nomes de código, nunca nos explica como foi feita (e por quem) a sua conversão em nomes reais.
A propósito da fiabilidade desta documentação perguntava em Abril de 20o1 a American Historical Review :
« Mitrokhin si descrisse come un solitario con una crescente opinione anti-sovietica... Potrebbe forse un simile personaggio sospetto (dal punto di vista del KGB) realmente essere stato libero di trascrivere migliaia di documenti, contrabbandarli fuori dalle sedi del KGB, nasconderli sotto il suo letto, trasferirli nella sua casa di campagna, nasconderli nei contenitori del latte, fare numerose visite alle ambasciate Britanniche all'estero, fuggire in Gran Bretagna per poi tornare in Russia e trasportare tutti quei voluminosi documenti nuovamente in occidente, tutto questo senza destare l'interesse del KGB?... certo, potrebbe averlo fatto. Ma come possiamo saperlo?
Por isso e porque quem não deve não teme, se realmente os arquivos forem disponibilizadas pelo arquivo Russo, espero mas vou esperar sentado que o Expresso e o Sr. possam esclarecer o que se passa?
Se também são assalariados para denegrir o PCP, ou é mesmo assim que são... Caluniosos...
A corrupcao em qualquer parte do mundo nao tem cor politica o mal esta em todo o lado sendo que uns e outros sao de quem lhes der mais.
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