Donald Trump parece
ser aquele que mais agrada ao Presidente russo, mas a figura de Trump é tão
odiosa, que o Kremlin tenta não se comprometer na disputa e prefere esperar
para ver.
As declarações do candidato republicano não podiam ser
melhores para Vladimir Putin. Donald Trump está disposto a aceitar a violação
de fronteiras pela Rússia na Europa ao afirmar que: "O povo da Crimeia, pelo que eu
ouvi, preferiu ficar com a Rússia do que onde eles estavam [Ucrânia]".
O candidato promete também que “espero ter relações muito,
muito boas com Putin, com a Rússia”, sublinhando que Vladimir Putin “é um
melhor líder para a Rússia do que Barack Obama para os Estados Unidos”.
Do ponto de vista da tradição das relações soviético-russas
com os Estados Unidos, é verdade que os dirigentes soviéticos/russos sempre se
deram melhor com os presidentes americanos saídos do Partido Republicano do que
do Democrata. Uma das razões do maior distanciamento em relação a este último
tem a ver com o respeito dos direitos humanos na URSS/Rússia. Os democratas
norte-americanos sempre prestaram maior atenção a esse problema nas relações
com a URSS e a Rússia, criando sérias fricções diplomáticas com Moscovo.
Porém, não se pode esquecer que, quando o candidato
republicano Ronald Reagan foi eleito Presidente dos Estados Unidos em 1981,
praticamente ninguém imaginava as consequências da sua política externa,
nomeadamente o fim da União Soviética dez anos depois.
É de sublinhar que, então, eram muitos aqueles que na URSS e
no mundo olharam para a eleição de Reagan como para uma espécie de farsa, pois
ele não passava de “um actor de segunda categoria”. Porém rodeou-se de uma
equipa que conseguiu destruir o seu principal adversário na cena internacional.
Alguns analistas próximos do Kremlin gostariam de ver Donald
Trump na Casa Branca, considerando que a eleição de um político tão
extravagante para Presidente da maior superpotência mundial poderá não só
prejudicar a imagem dos Estados Unidos no mundo, como realçar as “qualidades
políticas e diplomáticas” de Vladimir Putin.
Oficialmente, não obstante os elogios de Trump, o Kremlin
tenta não se comprometer com nenhum dos dois candidatos. Dmitri Peskov,
porta-voz do Kremlin, declara: “Claro que nós nos orientamos principalmente não
pelas declarações de candidatos, mas pelas declarações do Presidente, e, por
isso, será importante o que irá dizer o Presidente dos Estados Unidos que for
eleito”.
Porém, o Kremlin espera também que Trump possa vir a cumprir
as ameaças de enfraquecer a presença norte-americana na Europa e o seu papel na
NATO. Afinal foi ele que disse: “A Ucrânia é um país que influencia muito menos
em nós do que nos outros países da NATO, mas porque é que temos de suportar
todo o fardo… porque é que a Alemanha não trabalha com a NATO na questão da
Ucrânia? Porque é que os países que são vizinhos da Ucrânia nada fazem? Porque
é que devemos desempenhar sempre o papel principal, tanto mais agora, quando é
possível uma terceira guerra mundial com a Rússia?”
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