A Igreja Ortodoxa Russa no Estrangeiro (IORE) decidiu juntar-se ao Patriarcado de Moscovo da Igreja Ortodoxa Russa (IOR) retirando as acusações contra esta de “submissão aos poderes ateus” e de “colaboração com o KGB [polícia política soviética]”. Porém, a IORE ainda pretende que a IOR rompa as relações com o Conselho Mundial das Igrejas, órgão ecuménico internacional que reúne várias Igrejas cristãs.
A decisão de reunificação, aprovada no IV Concílio Mundial da IORE por maioria dos votos, reza: “A união da Igreja Russa é feita na base das verdades de Jesus, abrindo-nos a possibilidade de rezar missa e comungar juntos o Corpo e o Sangue de Cristo”.
Contudo, a IORE continuará a gozar de alguma autonomia administrativa, passará a ser “uma parte em autogestão da Igreja Russa Universal”. Além disso, não foi superada a atitude divergente das duas Igrejas face ao Congresso Mundial das Igrejas. “Com dor no coração pedimos ao sagrado chefe do Patriarcado de Moscovo que ouça o pedido do nosso rebanho e se afaste o mais rapidamente possível dessa tentação [participação no movimento ecuménico).
Cerca de 5% dos delegados do Concílio votaram contra, o que pode significar que nem toda a IORE poderá vir a acatar esta decisão. Esta terá agora de ser confirmada pelo Concílio dos Bispos dessa Igreja, que se realizará em São Francisco (Estados Unidos), entre 15 e 19 de Maio.
A Igreja Ortodoxa Russa dividiu-se depois da revolução comunista de 1917, quando o Patriarca Tikhon, que então dirigia a IOR, autorizou a existência da IORE até que “a Igreja na Rússia se livre do poder ateu”.
Os comunistas encarceraram este Patriarca e, depois da sua morte, em 1926, o Metropolita Serguei reconheceu o poder soviético, o que não impediu que Estaline tivesse mandado centenas de sacerdotes, bispos e crentes ortodoxos para campos de concentração. O ditador apenas se voltou a lembrar da Igreja Ortodoxa Russa e deu-lhe alguma liberdade de acção em 1941, quando as tropas de Hitler invadiram a União Soviética e Estaline se viu na borda do precipício. Porém, finda a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as perseguições religiosas recomeçaram.
Actualmente, a IORE tem cerca de meio milhão de ovelhas fora das fronteiras da Rússia, que vivem em mais de 30 países do mundo. Em Lisboa existe uma pequena comunidade com cerca de 15 crentes.
Esta reunificação das duas Igrejas tem também um grande significado político, pois era um dos grandes objectivos da política de Vladimir Putin, Presidente da Rússia. Em 2003, foi ele um dos fortes impulsionadores da aproximação.“Para nós isso é muito importante. Há muitos russos no mundo, mas estão dispersos, sendo que várias gerações de emigrantes não olhavam com bons olhos para o nosso país. A reunificação da Igreja servirá também para a sua união, o que irá contribuir para o reforço das posições internacionais da Rússia” – assinalou Viatcheslav Nikonov, observador político ligado ao Kremlin
1 comentário:
Com o desvelamento cibernético do mundo engendrado pelos americanos do norte, é possível sobrevoar uma cidade russa, do alto divisar torres douradas das lindas Igrejas e desembarcar na sua porta. É o que acabo de fazer na porta de uma delas na cidade de Omsk. Aquela raiz da sagrada árvore cósmica tão fortemente venerada pelos irmãos ortodoxos me alimenta o sentido último da existência predestinados que estamos todos ao termo da jornada a um encontro de glórias incomensuráveis. O universo conspirando a nosso favor nos reunirá todos sob a recepção escatológica do gigante do cosmos e da história Jesus Cristo. Todos sem exceção, se viveram em Omsk na Rússia ou se viveram em Russas no Ceará...:)
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