Arkadi Gukassian, Presidente da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh, defendeu em Moscovo que esse enclave arménio no Azerbaijão, tem "todas as razões para ser reconhecido pela comunidade internacional".
Falando à margem do III Congresso da União dos Arménios da Rússia, realizado em Moscovo, acrescentou: "O recente referendo no Montenegro é um precedente muito importante. Se a comunidade mundial está pronta a reconhecer a independência do Montenegro e do Kosovo, ela terá muita dificuldade em explicar a razão que a leva a não reconher Nagorno-Karabakh".
Gukassian considera que Karabakh tem mais fundamentos para que seja reconhecida a sua independência, nomeadamento geográficos e jurídicos: "Se nos recordarmos que o povo de Nagorno-Karabakh venceu na guerra que lhe foi imposta pelo Azerbaijão e actualmente constrói o seu próprio Estado, penso que temos todas as razões para esperar o reconhecimento da comunidade mundial. Não vejo alternativa a isso, Karabakh é independente e continuará a sê-lo, e isso não depende do desejo do Azerbaijão".
O enclave de Nagorno-Karabakh (com uma área de 4,4 mil quilómetros quadrados) faz parte, de juri, do Azerbaijão desde 1923, mas a maioria da população que aí habita (arménios) defende a sua independência ou integração na Arménia. Em 1988, teve início um sangrento conflito entre arménios e azeris por esse território, constituindo o primeiro conflito inter-étnico na União Soviética e que abalou profundamente as bases desta superpotência. Actualmente, existe um armistício que é garantido pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, mas as conversações entre as partes beligerantes continuam a não produzir resultados visíveis. Moscovo tenta também intermediar o conflito, mas inclina-se mais a apoiar os arménios de Nagorno-Karabakh, porque, entre outras coisas, a República da Arménia é o mais fiel aliado no antigo espaço soviético.
O referendo em Montenegro e a possível independência do Kosovo poderão incentivar também separatismos na Abkházia e Ossétia do Sul (em relação à Geórgia); na Transdnístria (em relação à Moldávia); na Tchetchénia e em todo o Norte do Cáucaso (em relação à Rússia) e na Crimeia (em relação à Ucrânia).
2 comentários:
Caro Sérgio Xavier, esses eventuais "futuros países"! poderão sobreviver "conciliando apoios das diferentes potências e movimentos interessados no Cáucaso", como você admite e bem, ou transformarem-se um "buracos negros", ou seja, focos de instabilidade, criminalidade, terrorismo, tráfico de drogas, etc.
Se olharmos para o mapa, veremos que a região do Cáucaso fica junto do Mar Cáspio, onde, segundo os especialistas, há reservas de hidrocarbonetos iguais ou maiores do que as existentes no Médio Oriente. Por isso, o Cáucaso é também uma importante zona de passagem de oleodutos e gaseodutos. Não faltarão "investidores" naquela região, seja qualquer o cenário político para o futuro.
Após a união vem a separação. A história repete-se.
Enviar um comentário