Treze altos responsáveis dos serviços secretos (FSB, ex-KGB), do Ministério do Interior, das Alfândegas e do Ministério Público foram ontem demitidos por ordem do Presidente da República, do Governo e das autoridades judiciais. Este saneamento tem a ver com mais uma tentativa do Kremlin de travar a corrupção num sector fulcral da economia e segurança nacional, que é o das alfândegas.O Presidente, Vladimir Putin, despediu três responsáveis do FSB, entre os quais dois chefes do Departamento de Investigação do Serviço de Combate contra o Terrorismo e de Defesa da Ordem Constitucional, bem como um responsável da luta contra o tráfico de droga e contrabando. O Governo, por seu turno, afastou cinco funcionários do Serviço de Investigação do Ministério do Interior, um chefe da Polícia Ferroviária do Sul da Rússia. Quanto ao Ministério Público, afastou o vice-procurador de Moscovo e um adjunto de um departamento.Também Serguei Mironov, presidente do Conselho da Federação da Rússia (câmara alta do Parlamento), suspendeu os mandatos de quatro senadores, antes ligados ao sector das Alfândegas.
Mensagem de Putin
Não foram avançadas justificações para esta depuração, já frequente na era Putin, mas analistas ligam-na ao discurso sobre "o estado da nação" que o Presidente fez há dois dias, durante o qual denunciou a corrupção como um dos principais "obstáculos" ao desenvolvimento económico do país.Já antes Putin já afirmara que "a alfândega ligou-se intimamente até à exaustão com o mundo de negócios", e exigira que fosse posto ordem nesse sector. Logo após estas declarações, feitas perante as câmaras das televisões russas, as autoridades judiciais, juntamente com o FSB, começaram investigações e abriram 20 processos-crime em toda a Rússia contra os "funcionários das alfândegas por abuso de poder", invocando "os enormes prejuízos" provocados à economia". Moscovo, São Petersburgo e Vladivostoque são apenas algumas das cidades atingidas pelo "combate à corrupção nas alfândegas".O Presidente decidiu retirar as alfândegas da alçada do Ministério do Desenvolvimento Económico e do Comércio, dirigido pelo liberal Guerman Greft, para o entregar à direcção directa do Governo.Depois de ligar esta onda de demissões nas forças de segurança ao discurso de Putin, Guennadi Gudkov, membro do Comité do Parlamento para a Segurança, não duvida que as demissões foram feitas "para justificar as expectativas da opinião pública".Victor Iliukhin, vice-presidente para a Comissão de Combate à Corrupção, qualificou a operação de "campanha", defendendo que "a ordem deve ser mantida sempre e não só quando o Presidente exige". Este deputado comunista não excluiu a possibilidade de ter sido dado "um passo populista" para abrir caminho ao "terceiro mandato de Putin a despeito da Constituição".
1 comentário:
Putin, nao queres passar uma temporada por Portugal?
eras capaz de ser uma boa ajuda: não parece, mas nós cá também temos corrupção!
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