sexta-feira, junho 09, 2006

Gays provocam crise no movimento comunista internacional


Os comunistas franceses e os seus camaradas russos zangaram-se definitivamente devido às posições tomadas pelos respectivos partidos face à repressão da parada gay que teve lugar em Moscovo no passado dia 27 de Maio.
Simpatizantes e militantes comunistas estiveram entre os manifestantes que espancaram os participantes da parada gay, o que mereceu uma séria condenação dos seus camaradas franceses.
”Não podemos aceitar isso. Para os comunistas europeus é um contrasenso ser, ao mesmo tempo, comunista e homófobo, como faz o Partido Comunista da Federação da Rússia” – declarou Richard Sanches, membro da direcção do Partido Comunista Francês, acrescentando que “esse partido não é comunista, conserva a retórica comunista, mas, no fundo, traiu os ideais do marxismo”.
A resposta dos marxistas-leninistas chegou pela voz de Alexandre Iuschenko, porta-voz do dirigente comunista russo, Guennadi Ziuganov, que declarou: “Em França, os comunistas locais podem apoiar quem querem, sejam homossexuais ou onanistas”.
Os comunistas franceses ameaçam cortar relações com os seus camaradas russos até que, segundo Sanches, “no Partido Comunista Russo apareçam pessoas prontas a defender os valores liberais”.

1 comentário:

Zarolho disse...

«Esse partido não é comunista, conserva a retórica comunista, mas, no fundo, traiu os ideais do marxismo»

Pois, há quem diga que isso sucedeu em 1922. ;-)

Mas, e isto é evidente mesmo para os mais desatentos que há profundas diferenças entre os comunistas ex-soviéticos e os ocidentais.

Sempre houve, mas estão mais agudas do que nunca. Cf. as ligações entre os actuais partidários de Ziugánov, os restantes partidos marxistas (incl. estalinistas e outros saudosos do "império"), a Igreja Ortodoxa, e os neo-nazis russos.

Interessante é também comparar os actuais comunistas ex-soviéticos com os seus antecessores de há vinte ou quarenta anos. (E tanto no discurso como na prática.)

Além da homossexualidade, são linhas fracturantes os direitos
humanos em geral, o papel da mulher na sociedade, e o militarismo (com a questão chechena a servir de exemplo), p.ex..

No outro extremo estão "esquerdistas" russos com muito em comum com equivalentes ocidentais (semelhantes p.ex. ao Bloco de Esquerda português).

São contradições perigosas cuja evolução se deve seguir com muito cuidado.