terça-feira, julho 25, 2006

Traição política pode ter custado 300 milhões


A partir de hoje, o Presidente da Ucrânia, Victor Iuschenko, tem o direito de dissolver a Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia, pois os deputados não conseguiram nomear um Primeiro-ministro nos prazos estabelecidos na Constituição do país. Porém, a sua decisão pode não ser essa e aceitar que Victor Ianukovitch, seu principal opositor nas presidenciais de 2004, volte a ocupar o cargo de chefe do Executivo.
Enquanto Iuschenko não se decide as várias forças políticas ucranianas não olham a meios para conseguir os seus objectivos.
Por exemplo, o dirigente socialista e novo presidente da Rada, Alexandre Moroz, foi acusado de ter recebido um suborno de 300 milhões de dólares (cerca de 270 milhões de euros) para "atraiçoar" a coligação "laranja" e formar maioria parlamentar com as forças da oposição a Victor Iuschenko: Partido das Regiões e Partido Comunista.
Esta acusação foi feita numa conferência de imprensa do deputado Oleg Liachko, do Bloco de Iúlia Timochenko, antiga Primeira-ministra, que inicialmente formára uma coligação com os socialistas de Moroz e o Partido Nossa Ucrânia, do Presidente Iuschenko.
Este deputado afirmou que a informação sobre o presumível suborno de Moroz está contida numa cassete com a gravação de uma conversa telefónica que lhe foi entregue por "um homem de confiança" nos serviços secretos do país. Segundo Liachko, a dita conversa teve lugar entre o deputado Andrei Kliuiev, do Partido das Regiões, e o seu interlocutor em Moscovo, chamado Ruben, que abordaram também as perspectivas do início de um processo de impugnação do Presidente da República. Liachko declarou ter entregue a gravação ao Ministério Público e promete para breve a revelação de todo o conteúdo da conversa.
Kliuiev desmente semelhante acusação e afirma já ter entregue queixa no tribunal. Ianukovitch, que durante a época soviética passou por prisões soviéticas por crimes como "violação de menores" e, em 2004, participou na falsificação dos resultados das presidenciais a seu favor, defende que se trata de "uma declaração infundada".
Vamos aguardar o desenrolar de mais este episódio de "política do vale tudo", mas queremos recordar que um acontecimento semelhante destruiu completamente a imagem do antigo Presidente ucraniano, Leonid Kutchma. Em 2002-2003, um oficial dos serviços secretos ucranianos saiu do país e tornou públicas gravações de conversas de Kutchma, nomeadamente onde este dava ordem para liquidar o jornalista Gueorgui Gongadzé, cujo cadáver aparecera decapitado nos arredores de Kiev, capital do país.

2 comentários:

Anónimo disse...

A ser verdade esta história só prova que a Ucrania não é Portugal.
Primeiro porque em Portugal ninguém compra um político por 300 milhões de dólares. Por cá bastariam uns 300 dólares...
Depois porque os nossos políticos já aprenderam que falar ao telefone é pior do que gritar à janela... é que gritando à janela só os vizinhos ouvem e ao telefone ouve o país todo.

Mikolik disse...

Estas noticias da Ucrânia fazem-me lembrar os porquês do episódio histórico de quando uma das tribos eslavas decidiu ir pedir ajuda aos Rus (Vikings) do norte, para por ordem no seio das tribos eslavas, uma vez que estas não se conseguiam entender e viver em paz, dando assim origem àquilo que viria a ser a Rússia e o seu primeiro "Knyaz" - Ryurik. Volvidos milhares de anos, nada mudou... quem serão os Vikings desta vez?