O Patriarcado de Moscovo da Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica Romana estão a encetar um processo de aproximação, que se pode resumir ao seguinte: as divergências entre os dois mais importantes ramos do Cristianismo passam para segundo plano em relação à luta comum pelos princípios tradicionais face à onda de laicismo que atravessa o mundo.
À pergunta. "Quando é que o Papa de Roma visitará a Rússia?", o metropolita Kirill, que dirige as relações internacionais da Igreja Ortodoxa Russa, responde: "Quando isso for razoável do ponto de vista do desenvolvimento das relações bilaterais. Ambas as nossas Igrejas compreendem claramente que não podem resolver sozinhas muitos problemas. Nomeadamente, o importante problema da conservação dos valores religiosos. Por um lado, vemos o aumento da religiosidade na Rússia e em muitos outros países. Por outro lado, observamos a expulsão da religião da vida social, o desejo de apresentar a religião exclusivamente como um fenómeno da esfera da vida privada. Isso é absolutamente incorrecto, porque um homem crente não pode ser crente em casa e ateu no emprego. Ele não pode reconhecer a importância dos mandamentos de Deus no contacto com a esposa e filhos, mas renegá-los quando se senta na cadeira de presidente de uma companhia ou de contabilista principal. As pessoas dizem: quero ser cristão em toda a parte: em casa, no trabalho, nas relações com as autoridades, com a natureza".
O Metropolita Kirill, um dos mais prováveis sucessores de Alexis II na cadeira de Patriarca de Moscovo, constata um "alto nível de concórdia entre Igreja Católica e a Ortodoxia sobre estas questões", sublinhando que "a eleição de Bento XVI tornou o nosso diálogo mais intenso".
"Por isso, tenho uma relação mais positiva quanto ao nível das relações ortodoxo-católicas do que antes. Iremos desenvolvê-las, ver que realmente é útil para as nossas Igrejas. Depois quando, onde e como se deverão encontrar os chefes das nossas Igrejas" - concluiu o metropolita.
A morte de João Paulo II e a sua substituição à frente da Igreja Católica por Bento XVI está a facilitar o diálogo entre as duas Igrejas Cristãs. O anterior Papa era polaco, povo muito ligado às tentativas de expansão (proselitismo) do Catolicismo na Rússia, uma das mais fortes divergências entre Roma e Moscovo. Agora, está aberto o caminho para a luta contra o aborto, os casamentos homossexuais, etc.
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