Afinal, nem tudo são más notícias na vida dos museus russos. As novas vindas da Rússia sobre estes "depósitos" do saber e arte da Humanidade não se limitam ao desaparecimento de obras das suas entranhas, como tem acontecido nas últimas semanas. Há também boas novas, e a principal é que o Museu Puschkin de Moscovo decidiu abrir uma nova galeria com génios da pintura e escultura mundial como Goya, Picasso, Van Gogh, Renoir, Degas, Gauguin ou Kandinski.
"Na nova galeria há lugar para todos: desde os românticos do início do séc. XIX até aos impressionistas e à vanguarda do séc. XX, da escola europeia à norte-americana e latino-americana" - declarou Irina Antonova, directora do Museu Puschkin.
Quem já esteve em Moscovo e visitou esse museu, pôde apreciar algumas dessas obras, mas, a partir de agora, tem a possibilidade de ver essas e muitas outras obras-primas na Galeria de Arte da Europa e América do séc. XIX-XX, situada num palacete ao lado do museu, que antes se chamava Museu das Colecções Particulares. Estão lá representadas praticamente todas as correntes da arte desses dois séculos: Romantismo, Impressionismo, Pontilismo, Cubismo, Fauvismo, Surrealismo e Simbolismo.
Como é que todas estas riquezas culturais da Europa Ocidental, América do Norte e América Latina foram ter à Rússia?
Os nobres e burgueses russos eram atentos coleccionadores e mecenas. Industriais como Serguei Schukin ou Ivan Morozov foram dos primeiros a dar valor às telas dos impressionistas francesas, daí a explicação para a grande quantidade de quadros desta corrente artística no novo museu. As 413 telas impressionistas ocupam o maior número de salas da nova galeria. E, neste caso, a quantidade em nada prejudica a qualidade, bem pelo contrário. É impossível ficar indiferente à obra "Recreio no pátio de uma prisão" (1890) de Van Gogh ou a telas do mesmo mestre holandês como "O vinhedo vermelho" de Arlés (1888) ou "O retrato do Doutor Rey"(1889), para já não falar do "Auto-retrato" do pintor com a orelha esquerda ensanguentada.
"Na nova galeria há lugar para todos: desde os românticos do início do séc. XIX até aos impressionistas e à vanguarda do séc. XX, da escola europeia à norte-americana e latino-americana" - declarou Irina Antonova, directora do Museu Puschkin.
Quem já esteve em Moscovo e visitou esse museu, pôde apreciar algumas dessas obras, mas, a partir de agora, tem a possibilidade de ver essas e muitas outras obras-primas na Galeria de Arte da Europa e América do séc. XIX-XX, situada num palacete ao lado do museu, que antes se chamava Museu das Colecções Particulares. Estão lá representadas praticamente todas as correntes da arte desses dois séculos: Romantismo, Impressionismo, Pontilismo, Cubismo, Fauvismo, Surrealismo e Simbolismo.
Como é que todas estas riquezas culturais da Europa Ocidental, América do Norte e América Latina foram ter à Rússia?
Os nobres e burgueses russos eram atentos coleccionadores e mecenas. Industriais como Serguei Schukin ou Ivan Morozov foram dos primeiros a dar valor às telas dos impressionistas francesas, daí a explicação para a grande quantidade de quadros desta corrente artística no novo museu. As 413 telas impressionistas ocupam o maior número de salas da nova galeria. E, neste caso, a quantidade em nada prejudica a qualidade, bem pelo contrário. É impossível ficar indiferente à obra "Recreio no pátio de uma prisão" (1890) de Van Gogh ou a telas do mesmo mestre holandês como "O vinhedo vermelho" de Arlés (1888) ou "O retrato do Doutor Rey"(1889), para já não falar do "Auto-retrato" do pintor com a orelha esquerda ensanguentada.
Pierre-Auguste Renoir (1814-1919) está representado por telas como "Sob as árvores de la Moullin de la Galette" (1875), "No jardim" (1875); Degas, o impressionista do movimento, está lá presente com "As bailarinas"; Claude Monet, o mais putrista dos impressionistas, com uma obra da série "Lírios brancos na água" (1899) e "A Catedral de Rouen" e "Pic-nic no campo" (1866). O mais ecléctico dos impressionistas, Paul Gauguin, mostra-nos a beleza das indígenas do Haiti, enquanto que Paul Cezanne está presente com "Homem fumando cachimbo" (1896).
A enumeração de impressionistas seria bem mais longa, mas à já sonora lista apenas acrescentamos Eduard Manet, Toulouse-Laurec e Pissarro.
O pai da pintura moderna, o espanhol Pablo Picasso, também está bem presente com doze telas, entre as quais se destaca as obras do "período azul": "Menina em cima da bola" (1905), "O Arlequino e os saltimbancos" (1901) e "O velho judeu" (1903), bem como o cubismo no seu máximo em "O violino" (1912) e retratos como "Mulher de Maiorca" (1905) e "Retrato de Jaume Sabartés" (1901).
Da escola espanhola, também vemos na nova galeria obras de Francisco Goya, o percursor da pintura moderna: "O Carnaval" e "Lola Jiménez."
Andando mais para a frente nesta verdadeira máquina do tempo artístico, encontramos obras do judeu bielorrusso Marc Chagall ("O artista e sua esposa" e "Cavalo Branco"), de Giorgio de Chirico com "A grande torrre" (1921) e do mexicano Diego Rivera. O russo Vassili Kandinski faz-nos entrar na vanguarda da abstracção do séc. XX com quadros como "Azul sobre multicolor" (1925) e "Firebird" (1916).
E, no fim da exposição, espera-nos mais uma agradável surpresa, esculturas do grande Auguste Rodin: O beijo", "Eterna Primavera" e "Eva".
Lénine e Estaline não tiveram tempo de vender tudo
Esta colecção poderia ter muitas mais obras não fora a política criminosa realizada pelas autoridades soviéticas de vender ao desbarato, nos anos 20 e 30 do séc. XX, parte do valioso recheio dos museus Puschkin de Moscovo e Ermitage de São Petersburgo a magnatas estrangeiros. Neste sentido, os portugueses foram dos que saíram beneficiados com a pilhagem comunista, visto que algumas dessas obras-primas foram adquiridas pelo magnata arménio Calouste Gulbenkian e agora podem ser admiradas no museu da sua fundação (na foto, "Figura de velho" de Rembrandt Harmensz van Rijn (1606-1669)).
Mas muito ainda ficou na União Soviética, embora "fechado a sete-chaves" por constituir "arte burguesa". Por exemplo, não obstante Pablo Picasso ter sido comunista e não ter poupado elogios a José Estaline, "a barata bigodeira" (como chamou ao ditador comunista o poeta Iossif Mandelchtam) nunca permitiu a exposição pública de telas desse pintor espanhol.
Felizmente os tempos mudaram e os milhares de quadros, esculturas, outra escondidos, voltam a ver a luz do dia. Por isso, quando for a Moscovo, não deixe de visitar esta nova galeria, fica a algumas centenas de metros do Kremlin.
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