Quem acompanha a situação na Rússia constata que o Presidente do país, Vladimir Putin, domina o sistema político, mas, para que não surjam surpresas desagradáveis, o Kremlin está a preparar-se para as eleições parlamentares de 2007 e as presidenciais de 2008. Esta preparação passa pela criação de partidos controlados que ocuparão vários nichos à esquerda e à direita.
O flanco direito já é controlado pela obediente Rússia Unida, que detém a maioria absoluta na Duma Estatal, câmara baixa do Parlamento russo, mas é preciso continuar a enfraquecer o Partido Comunista à esquerda, bem como alguns grupos radicais, criando partidos que terão por objectivo ocupar esses nichos.
Serguei Mironov, dirigente do Conselho da Federação, câmara alta do Parlamento russo, anunciou a criação de uma nova estrutura política que visa servir de contrapeso à Rússia Unida. Ela surgiu como resultado da fusão do Partido da Vida, chefiado pelo próprio Mironov, do bloco Rodina (Pátria) e do Partido dos Reformados. A nova força política ainda não tem nome, mas Mironov quer manter os vários nomes, podendo vir a chamar-se "Pátria. Reformados. Vida. União da Confiança".
"Trata-se de um momento histórico, pois na Rússia foi criado o partido da maioria" - declarou Mironov, mas os analistas são mais pessimistas quanto às perspectivas dessa força política. Serguei Mikheev, vice-director do Centro de Tecnologias Políticas, considera que "o problema consiste em que essa força política não possui uma ideologia suficientemente compreensível, um eleitorado central e tem sérios problemas de organização", acrescentando que "no ano que resta até às eleições poderá ser realizado um sério trabalho e tem algumas perspectivas. Embora não acredite que poderá conquistar 20% dos votos".
Os partidos Pátria e dos Reformados foram criados pelo Kremlin para captar o eleitorado nacionalista e comunista nas eleições parlamentares de 2004, tendo conseguido êxitos significativos. Porém, no ano passado, os dirigentes carismáticos desses partidos perderam a confiança do Kremlin e foram afastados dos seus cargos.
A criação desta nova força política já provocou o desagrado do Partido Comunista da Federação da Rússia. "Aumenta o descontentamento dos eleitores. O Kremlin vê o desvio à esquerda da população e, para tirar votos aos comunistas nas parlamentares, cria, apressada e artificialmente, um novo partido político que supostamente é a oposição à Rússia Unida" - declarou o dirigente comunista Guennadi Ziuganov.
Alguns analistas associam o aparecimento deste novo partido ao desejo dos "siloviki" (representantes dos serviços secretos russos no Kremlin) possuir a sua própria força no Parlamento, como contrapeso à Rússia Unida, controlada pelo grupo ligado à Gazprom, consórcio público russo que controla a extracção e exportação do gás natural russo.
O flanco direito já é controlado pela obediente Rússia Unida, que detém a maioria absoluta na Duma Estatal, câmara baixa do Parlamento russo, mas é preciso continuar a enfraquecer o Partido Comunista à esquerda, bem como alguns grupos radicais, criando partidos que terão por objectivo ocupar esses nichos.
Serguei Mironov, dirigente do Conselho da Federação, câmara alta do Parlamento russo, anunciou a criação de uma nova estrutura política que visa servir de contrapeso à Rússia Unida. Ela surgiu como resultado da fusão do Partido da Vida, chefiado pelo próprio Mironov, do bloco Rodina (Pátria) e do Partido dos Reformados. A nova força política ainda não tem nome, mas Mironov quer manter os vários nomes, podendo vir a chamar-se "Pátria. Reformados. Vida. União da Confiança".
"Trata-se de um momento histórico, pois na Rússia foi criado o partido da maioria" - declarou Mironov, mas os analistas são mais pessimistas quanto às perspectivas dessa força política. Serguei Mikheev, vice-director do Centro de Tecnologias Políticas, considera que "o problema consiste em que essa força política não possui uma ideologia suficientemente compreensível, um eleitorado central e tem sérios problemas de organização", acrescentando que "no ano que resta até às eleições poderá ser realizado um sério trabalho e tem algumas perspectivas. Embora não acredite que poderá conquistar 20% dos votos".
Os partidos Pátria e dos Reformados foram criados pelo Kremlin para captar o eleitorado nacionalista e comunista nas eleições parlamentares de 2004, tendo conseguido êxitos significativos. Porém, no ano passado, os dirigentes carismáticos desses partidos perderam a confiança do Kremlin e foram afastados dos seus cargos.
A criação desta nova força política já provocou o desagrado do Partido Comunista da Federação da Rússia. "Aumenta o descontentamento dos eleitores. O Kremlin vê o desvio à esquerda da população e, para tirar votos aos comunistas nas parlamentares, cria, apressada e artificialmente, um novo partido político que supostamente é a oposição à Rússia Unida" - declarou o dirigente comunista Guennadi Ziuganov.
Alguns analistas associam o aparecimento deste novo partido ao desejo dos "siloviki" (representantes dos serviços secretos russos no Kremlin) possuir a sua própria força no Parlamento, como contrapeso à Rússia Unida, controlada pelo grupo ligado à Gazprom, consórcio público russo que controla a extracção e exportação do gás natural russo.
Novos radicais
O processo de reorganização do campo partidário na Rússia chegou também à extrema esquerda. Alexandre Duguin, dirigente do Movimento Eurasista Internacional, anunciou a intenção de realizar um congresso alternativo do Partido Nacional-Bolchevique, dirigido actualmente por Eduard Limonov. Duguin ameaça afastar Limonov da liderança.
Duguin e Limonov criaram o Partido Nacional-Bolchevique, sendo o primeiro o autor da ideologia ecléctica dessa força política, que vai buscar elementos a ideologias como o nazismo, o fascismo e o comunismo. Porém, mais tarde, Duguin abandonou o partido quando este começou a fazer oposição radical e aberta ao Kremlin e criou a União Eurasista, grupo acusado por organizações de defesa dos direitos humanos de criar uma força unida de "cabeças rapadas" russos.
O Ministério da Justiça da Rússia proibiu o Partido Nacional-Bolchevique de Limonov, que continua a realizar acções de protesto não autorizadas, mas Duguin espera voltar a legalizá-lo, transformando-o em mais uma força dócil ao Kremlin.
3 comentários:
José Milhazes,
Gostaria de confirmar uma ideia que julgo já ter lido nalguns textos relativos à União Soviética e à sua desintegração:
No período do fim da URSS e do princípio da existência da Rússia, como federação independente, o equivalente ideológico à expressão “esquerda”, nas línguas ocidentais, não era “direita”, em terminologia política russa? Ou seja, as expressões não estavam invertidas? É que julgo ter ouvido que consideravam o PCUS (e depois o PCFR) como estando na “direita” do espectro político; encontrando-se os partidários de Ieltsin, à sua esquerda.
Muito obrigado.
Caro Filipe,tem razão. Quando dos processos da "perestroika" e da desintegração da URSS,os papéis políticos inverteram-se: a direita, no sentido clássico, era a força progressista, inovadora, revolucionária, enquanto a esquerda, na pessoa do Partido Comunista da União Soviética, era a força reaccionária, contra-revolucionária, pois tentava manter o regime ditatorial.
Continuamos a utilizar as definições clássicas, às quais os leitores estão habituadas. No entanto, gostaríamos de realçar que já não tem sentido analisar as questões segundo o modelo clássico "direita-esquerda" herdado da Revolução Francesa, ou à luz da "luta de classes" e "proletários e burgueses" do marxismo-leninismo. As transformações sociais foram profundas... Um exemplo, pensamos que já não passa pela cabeça de ninguém chamar ao regime existente na China "socialista" ou de "esquerda". E onde situar o regime existente no Irão segundo os cânones clássicos?
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