Na cidade de Sotchi, na costa russa do Mar Negro, reuniram-se pela terceira vez neste ano os líderes dos países-membros da "Comunidade Económica Euro-Asiática" (CEEA), que inclui, além da Rússia, Bielorússia, o Cazaquistão, o Kirguistão, o Tadjiquistão e o Uzbequistão. A Arménia, a Moldávia e a Ucrânia têm o estatuto de observador.
Nesta cimeira informal, os dirigentes não assinaram documentos concretos, mas tomaram decisões com vista à criação de uma união aduaneira e de um mercado energético comum, bem como se debruçaram sobre a questão da interacção da CEEA com a Organização do Tratado da Segurança Colectiva (OTSC), organização político-militar que reúne algumas das antigas repúblicas soviéticas: Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Tadjiquistão e Arménia. O Uzbequistão aderiu à OTSC na Cimeira de Sotchi. "Será criada uma estrutura que irá resolver questões técnico-militares em conjunto com a economia" - constatou Islam Karimov, Presidente do Uzbequistão.
Os dirigentes das ex-repúblicas soviéticas decidiram também prestar particular atenção aos problemas da falta de água e energia eléctrica na Ásia Central. O Cazaquistão e o Uzbequistão têm falta de água potável, enquanto que o Kirquistão e o Tadjiquistão sentem falta de fontes de energia. Por isso, o Kremlin propôs a criação de um "mercado unificado de energia" e a formação de um "consórcio euro-adiático hidroenergético".
Volta-se a falar da possibilidade do desvio de parte caudais de rios russos que vão desaguar ao Oceano Glaciar Ártico para irrigar terras desérticas da Ásia Central, projecto aprovado pelas autoridades soviéticas nos anos 80 do século passado, mas depois suspenso por Mikhail Gorbatchov sob a pressão dos ecologistas.
Foi prestada séria atenção ao desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos, tendo sido analisada a proposta da Rússia sobre a criação de centros internacionais para a prestação de serviços no campo do nuclear civil, nomeadamente no que respeita ao enriquecimento de urânio patra centrais atómicas.
A Rússia e o Cazaquistão já assinaram três acordos sobre a criação de uma empresa conjunta na esfera nuclear.
Esta ideia da criação de centros internacionais de enriquecimento de urânio para fins civis é também apresentado por Moscovo como forma de resolver o diferendo entre o Irão e a comunidade mundial sobre o futuro da energia atómica iraniana.
Victor Ianukovitch, político pró-russo recentemente nomeado primeiro-ministro da Ucrânia, esteve também na cimeira de Sotchi para, nomeadamente, resolver o problema do preço do gás russo fornecimento ao seu país, tendo conseguido que "não haverá mudanças bruscas do preço do gás". Em troca, Ianukovitch prometeu que irá continuar a lutar para que o russo se torne a segunda língua oficial na Ucrânia.
A pouco e pouco, Moscovo vai consolidando as suas posições no espaço da antiga União Soviética, que considera "zona de interesse estratégico", conquistando terreno à União Europeia e aos Estados Unidos. A Ucrânia, onde as forças políticas pró-russas consolidam posições nas estruturas do poder, é um exemplo claro disso.
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