Iúri Norchtein, que ontem fez 65 anos, é um nome que pouco diz à maioria dos portugueses e lusófonos em geral, mas diz muito aos especialistas em desenhos animados. Se Vasco Granja ainda tivesse o seu programa na RTP, onde revelou grandes nomes dos desenhos animados dos antigos "países socialistas", certamente não deixaria passar esse nome. Não excluímos mesmo a possibilidade de algum dos seus desenhos animados ter passado na televisão pública portuguesa, porque a sua obra-prima, "O Ouriço no Nevoeiro", foi desenhada em 1965.
Para se compreender a grandeza deste autor da "cultura infantil", basta recordar o seguinte facto. Em 2004, o Comité Organizativo do "Festival de Animação de Laput", no Japão, decidiu pedir a 140 autores de desenhos animados de diferentes países do mundo para escolher os 20 melhores filmes dessa arte. A obra "O Ouricinho no Nevoeiro" recebeu a palma de "melhor desenho animado de todas as épocas e povos". Além disso, mais três obras dele fazem parte dessa lista: "O Conto dos Contos" (2º lugar); "A Garça e a Cegonha" (52º), "A Raposa e a Lebre" (70º), "Boa noite, pequeninhos" (81º) e "O Capote" (92º).
Norchtein começou a sua carreira em 1961, nos estúdios "Souizmultifilm", a maior "fábrica" de desenhos animados da União Soviética. Às vezes mal compreendido no seu país, onde alguns ideólogos comunistas consideravam a sua obra "demasiadamente filosófica", o desenhador recebeu numerosos prémios em festivais internacionais.
Mas considero que a melhor prova da grandeza da obra de Norchtein reside no facto de as crianças recordarem com grande carinho os seus trabalhos. Os meus filhos, bem como os de muitos portugueses que passaram pela União Soviética e a Rússia, adormeciam ao som da canção "Boa noite, pequeninhos!", que era ilustrada por desenhos animados de Norchtein em plastilina. Quanto a "O Ouricinho no Nevoeiro", ainda hoje os meus filhos recordam diálogos inteiros desses desenhos animados, bem como personagens como o cavalo, a coruja, o ursinho, a raposa, etc.
1 comentário:
A leitura deste artigos deu-me imenso prazer... foi, para mim, dos mais interessantes deste blog.
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