Presidente não vai levar a "revolução socialista", mas servir de "ponta-de-lança" das empresas russas
O Presidente Vladimir Putin iniciou ontem uma viagem que certamente irá entrar na história da política externa russa. Pela primeira vez, um dirigente da Rússia visitará um país da África subsariana: a República da África do Sul, bem como Marrocos.Antes disso, Putin reuniu-se ontem em Atenas com Costas Karamanlis, primeiro-ministro grego, e com Gueorgui Parvanov, seu homólogo búlgaro. O objectivo desta cimeira tripartidária consiste em dar os últimos retoques no acordo sobre a construção do oleoduto que ligará o porto búlgaro de Burgas com o grego de Alexandropolis. Este tubo, com 280 quilómetros de comprimento, terá uma capacidade de 35 milhões de toneladas de petróleo por ano, com a possibilidade de ser aumentada até 50 milhões. O preço do projecto, que visa evitar a passagem de petroleiros pelos estreitos do Bósforo e Dardanelos, será de 783 milhões de euros.
O dirigente russo continuará a sua digressão por dois países africanos, sempre com objectivos económicos e comerciais. Em vez dos ideólogos da "revolução socialista" e do "internacionalismo proletário" da era comunista, Putin vai acompanhado de poderosos homens de negócios russos.
Trocas comerciais de 170 milhões de euros
Até 1991, as relações entre a Rússia e a África do Sul eram praticamente inexistentes, mas, no ano passado, as trocas comerciais atingiram os 170 milhões de euros.O maior investidor russo na África do Sul é o grupo económico Evraz, que detém 49 por cento das acções da Highveld Steell & Vanadium e pretende chegar aos 79 por cento através de investimentos na ordem dos 700 milhões de euros. Viktor Vekselberg, um dos oligarcas que acompanham o Presidente russo, tenciona investir 270 milhões de euros na exploração de magnésio sul-africano.Putin tenciona também encontrar-se com o chefe da direcção da De Beers, o maior produtor mundial de diamantes, sector em que a Rússia tem fortes interesses.
Marrocos, o maior parceiro comercial
Quanto a Marrocos, trata-se do maior parceiro comercial da Rússia no continente africano, mas Moscovo tenciona aumentar os investimentos também neste país. Rabat prepara-se para propor parceria à Gazprom, o maior consórcio russo, para a exploração de hidrocarbonetos no Sara Ocidental. Porém, o gigante russo está hesitante, porque o estatuto desse território está ainda por definir.Além disso, o grupo russo Metropol vai investir 150 milhões de euros na construção de um complexo turístico em Marraquexe.Quando foi anunciada esta viagem de Putin à África, as autoridades angolanas afirmaram que o Presidente russo visitaria também Angola, onde Moscovo tem fortes interesses em sectores como a exploração de diamantes e venda de armas. Mas, por razões ainda pouco claras, a visita foi adiada.Nos últimos tempos, o Kremlin passou a olhar para novas regiões do mundo como a América Latina e África. Em grande parte, isto deve-se às necessidades das suas grandes empresas.Tendo dificuldades em entrar nos mercados europeu e norte-americano, os grandes grupos económicos russos tentam abrir novos caminhos e, neste campo, Putin tem-se mostrado disposto a ser pioneiro.
1 comentário:
Cara Anna, aconselho-a a ler uma postagem deste blog, publicada no Domingo passado: "Desordens na cidade carel de Kondopoga. Está lá toda a informação.
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