sexta-feira, setembro 01, 2006

Recordar Beslan


Depois de uma longa viagem, já não pensavamos ter forças para escrever o que quer que fosse, mas a data a isso o obriga. O massacre na Escola de Beslan, na Ossétia do Norte, foi há já dois anos e as autoridades de Moscovo e locais ainda não conseguiram responder a nenhuma das perguntas colocadas por essa nova matança de inocentes: como foi possível os terroristas chegarem ao local do crime? Quem iniciou o tiroteio que provocou a mortandade, quem deu a ordem do primeiro disparo? Como foi possível realizar de forma tão incompetente uma operação de libertação de reféns, que provocou a morte de 333 das 1.251 pessoas que se encontravam nas mãos dos terroristas tchetchenos? Quantos eram os terroristas e quantos foram mortos ou conseguiram escapar?
O deputado russo Iúri Saveliev, membro da Comissão Parlamentar de Investigação, responsabiliza o Exército russo pelo massacre na Escola de Beslan (ver artigo de Isabel Meira na secção Mundo do Público de hoje : http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=09&d=01&uid=&id=95799&sid=10536 ), mas o Kremlin refuta semelhante versão. O facto é que nenhuma das comissões criadas para investigar a tragédia chegou a conclusões mais ou menos claras e, agora, a Procuradoria Geral da Rússia prolonga as investigações até Janeiro do ano 2007.
Apenas um homem foi julgado por ter participado na tomada de reféns em Beslan: Nurpachá Kulaev. Este cumpre prisão perpétua numa penintenciária russa, mas receia-se que o terrorista tchetcheno possa ser liquidado para nunca mais falar.
Os familiares das vítimas acusam as autoridades russas de esconder a verdade para encobrir os responsáveis do massacre e os erros por eles cometidos durante a "operação de libertação dos reféns", considerando que as autoridades se empenharam mais em liquidar os terroristas do que em salvar os mais de mil reféns.

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