domingo, setembro 17, 2006

Transdniestre referenda união com a Rússia




Exemplo de Timor-Leste serve para justificar o separatismo apoiado pelo Kremlin

A região separatista moldova de Transdniestre (a amarelo no mapa) pretende legitimar num polémico referendo a sua aspiração de integrar-se na Federação Russa.Os eleitores deverão optar entre duas perguntas: "Considera possível continuar a política de reconhecimento internacional da República Moldava de Transdniestre (RMT) para sua posterior incorporação na Federação da Rússia?" ou "Considera possível renunciar à independência da República Moldava de Transdniestre e a sua incorporação na República da Moldávia?".
Praticamente ninguém duvida que mais de 90 por cento dos participantes no escrutínio optarão por dizer sim à primeira pergunta. "Graças à Rússia tivemos paz muitos anos e, por isso, os habitantes de Transdniestre, sem olhar à sua pertença étnica, têm uma mentalidade pró-russa", declarou Igor Smirnov, dirigente da república separatista.
Sem fronteira terrestre com a Rússia, a RMT constitui uma pequena faixa na margem oriental do rio Dniestre, situada entre a Moldávia e a Ucrânia, com 200 quilómetros de comprimento e 12 de largura, com uma população de 555 mil habitantes (40 por cento moldavos, 30 por cento ucranianos e 30 por cento russos.
Valeri Litskai, chefe da diplomacia de Transdniestre, justificou a decisão de realizar o referendo com "a mudança da situação a nível internacional, e com a concordância com a política da Rússia", baseando-se em exemplos como Montenegro e Kosovo, nos Balcãs, e Chipre e Timor-Leste.
A Moldávia não reconhecerá o resultado do escrutínio, considerando-o "a continuação da política de separatismo". A Ucrânia, a União Europeia e os EUA defendem a mesma posição com base na necessidade de manter "a integridade territorial da Moldávia".
Porém, a provável independência do Kosovo e o recente referendo no Montenegro levaram o Kremlin a pôr em cima da mesa as "novas realidades europeias" como principal argumento para reforçar o princípio da autodeterminação perante o postulado da integridade territorial no espaço da ex-União Soviética. O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu várias vezes que a independência do Kosovo será um precedente para os "conflitos congelados" nas antigas repúblicas soviéticas, entre os quais destacou Transdniestre, Ossétia do Sul, Abkházia e Nagorno-Karabakh.
Moscovo concedeu já cidadania russa a cerca de cem mil habitantes da RMT e abriu, esta semana, um consulado na região para acelerar esse processo, como fez na Ossétia do Sul e Abkhásia, onde mais de 90 por cento da população já tem cidadania da Federação da Rússia.

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