Como estas informações podem ser utéis para outros potenciais turistas na Rússia, decidimos, com a autorização do autor, publicar o mail que ele nos enviou. Outros publicaremos se devidamente autorizados pelos autores.
Antecipando uma resposta à pergunta que ele me faz na missiva: o que levou os russos a rirem-se quando pronunciou o seu primeiro nome: Rui, apenas respondemos que está tão perto de um palavrão russo como o apelido do criador dos foguetões russos: Koroliov (Karaliov, na pronúncia de Moscovo) está do equivalente em português. Coincidências espaciais...
"Caro José Milhazes,
Antes de mais, e para seguir a lógica do título deste email, deixe-me enviar-lhe os mais calorosos cumprimentos e dar os parabéns pelo excelente trabalho jornalístico que leva a cabo a partir da Rússia. Rússia que é vista por nós como um país distante, que o é, por vezes de outro ...mundo?! Ser jornalista na Rússia é complicado; ser jornalista estrangeiro na Rússia deve ser ainda muito mais complicado.
No passado mês de Março, tive a oportunidade de visitar brevemente esse belo país. A minha visita por Moscovo foi quase de passagem a caminho do Cazaquistão, nomeadamente de Baikonur, para assim empreender um dos meus mais antigos sonhos: visitar a base espacial de Baikonur. A visita correu bem,obrigado! Realmente visitar Baikonur é quase se passear por um museu vivo,bem velho mas ainda vivo... e calcorrear o verdadeiro chão da História espacial soviética.Preparei-me para a viagem como me informaram da agência que organizava a minha visita. Passaporte, visto consular e tudo!
Porém, eu ia mesmo a pedir problemas, mas não havia outra forma de o fazer devido a uma certa ineficácia e talvez, tal como me disseram em Moscovo, uns poucos resquícios da era soviética ainda existentes na embaixada russa em Lisboa.
Ora a estória é assim:como a minha estadia na Rússia seria somente de passagem para Baikonur(território do Cazaquistão 'alugado' à Rússia) necessitava de um visto duplo para poder entrar - sair - entrar na Rússia, tal como ia devidamente discriminado no convite que me havia sido enviado desde Moscovo. O problema foi que na embaixada russa me foi passado um visto contínuo, isto é só me permitia entrar - sair. Mesmo explicando ao Ex.mo Consul a coisa não foi lá e como já estava tudo pago para o meu tour, lá fui eu!
O regresso a Moscovo foi hilariante. Vi-me sozinho no aeroporto sem documentos, sim porque não faço as coisas por menos e lá decidi / decidimos(sim, pois a tradutora decidiu que teria de ir a outro aeroporto para me conseguir um visto de trânsito e como tal levou toda a minha documentação sem primeiro falar com os simpáticos (atenção que isto é em tom irónico!!!)guardas fronteiriços que ali trabalhavam). Por momentos, vi-me rodeado por uma dezena de guardas e por um senhor do que mais tarde vim a saber ser do FSB(este sim, único capaz de conversar comigo), já quase prontinho para ser deportado para uma antiga república soviética porque sem dúvida eu era estrangeiro, português e provavelmente terrorista! ;) O mais incrível é que ninguém (atenção ninguém) falava outra língua e isto num aeroporto! Adiante!O problema acabou por ser resolvido com um novo visto (umas cinco horas de espera) e lá fui eu muito contente para o meu Hotel Cosmos!
Bom, foi só uma pequena estória... tinha de desabafar com algum tuga que ande por aí! Calhou a si! ...sorte, anh???Bem, eu sou um estudioso do programa espacial soviético / russo e gostaria de lhe solicitar, se tiver tempo para estas maluqueiras, de se possível um dia poder indagar sobre o que foi feito dos destroços que resultaram do colapso do edifício em Baikonur onde se encontrava o vaivém espacial Buran!Ah! ...se um dia estiver com insónias sempre pode visitar o meu sítio na net www.zenite.nu/orbita.Um agrande abraço e continuação de bom trabalho!
P.S. - ...:) agora estou a apender russo! ...um dia vou saber porque se riam tanto quando dizia o meu primeiro nome em bom português!!! Rui C. Barbosa Boletim 'Em Órbita'http://zenite.nu/orbitaBraga - Portugal"
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1 comentário:
Caro Rui, quer mesmo saber porque é que eles se riam tanto?
Eu posso-lhe dizer, mas não sei se deva ser o José Milhazes a fazê-lo.
Admiro a sua coragem, ou talvez tenha sido ingenuidade, realmente a Russia não é país para se andar sem passaporte ou visto...
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