A Rússia anunciou ontem a suspensão da retirada das suas bases na Geórgia e, segundo as autoridades georgianas, concentra tropas na fronteira comum como resposta à detenção de militares seus em Tbilissi, enquanto o Governo georgiano pediu apoio ao Ocidente neste conflito diplomático com Moscovo.
"A suspensão deve-se à falta de segurança das nossas tropas na retirada", declarou Alexandre Baranov, comandante da Região Militar do Cáucaso do Norte. O general anunciou que colocou em estado de alerta os contingentes das bases militares de Batumi e Akhalkalaki, que Moscovo se comprometeu a abandonar até fim de 2007. "Mandei impedir a entrada de pessoas alheias no seu território, mesmo que se empregue a força", explicou.
A condenação de quatro oficiais russos a prisão preventiva num tribunal de Tbilissi por "espionagem" está a agravar ainda mais a perigosa crise diplomática entre a Geórgia e a Rússia, que chamou para consultas o seu embaixador e evacuou quase todo o pessoal da representação diplomática. No local ficaram apenas dois diplomatas e alguns seguranças.
Normalmente, medidas semelhantes são tomadas pelas autoridades de um país em vésperas de guerra.O ministro dos Negócios Estrangeiros da Geórgia, Guela Bejuachvili, denunciou que a Rússia concentra tropas na fronteira comum para pôr em marcha exercícios militares terrestres e manobras navais no Mar Negro, frente aos portos georgianos de Batumi, Poti e Supsa. E pediu a Moscovo que "renuncie a tal demonstração de força, aérea, naval e terrestre, que pode ser vista como uma acção dirigida contra o Estado georgiano".
Rússia e Geórgia tentam encontrar apoio no campo internacional. O Presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, explicou a sua posição em conversações telefónicas com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e com o presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, Karel de Gucht. Anunciou que continuará "as consultas ao mais alto nível sobre a política russa em relação à Geórgia".
A Rússia, pelo seu lado, recorreu ao Conselho de Segurança da ONU, exigindo que condenasse as acções da Geórgia. Os EUA bloquearam a resolução, a pretexto de que o conflito deve ser resolvido a nível bilateral. "Os EUA consideram-se amigos tanto da Rússia, como da Geórgia e, na discussão, prefiro ocupar a posição de observador externo", declarou Sean Mackormac, do Departamento de Estado.
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