O funeral da jornalista Anna Politkovskaia mobilizou centenas de pessoas. Putin só ontem condenou o "crime hediondo"
A família pediu que o funeral não se transformasse num comício e as pessoas presentes respeitaram essa vontade com o silêncio apenas interrompido pelas palavras de algumas invidualidades, que recordaram a vida e a obra de Anna Politkovskaia, 48 anos.
"Mataram a consciência da Rússia!", lamentou Iassen Zassurski, decano da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Moscovo. William Berns, embaixador dos Estados Unidos em Moscovo, que estava acompanhado de representantes diplomáticos de vários países, lembrou aos russos que "a liberdade de imprensa é a única forma de vencer a corrupção".
O Governo fez-se representar por Leonid Nadirov, vice-ministro da Cultura, o que indignou os presentes.A Carta de Moscovo dos Jornalistas exprimiu perplexidade por Vladimir Putin, o Presidente da Rússia, não ter condenado o crime. "Significa isso que (...) considera a morte de um dos mais conhecidos jornalistas da Rússia um acontecimento pouco importante? Ou a atitude das autoridades para com a actividade de Anna Politkovskaia era tão desprezível que a sua morte não provoca compaixão", questionou a organização num comunicado.
Quatro versões
Na segunda-feira, durante uma conversa com o seu homólogo dos EUA, George W. Bush, Putin apenas prometera fazer "todos os esforços necessários para que se realize uma investigação objectiva da morte trágica da jornalista Anna Politkovskaia". Só ontem, na Alemanha , qualificou o assassínio de "crime hediondo pela sua crueldade". Num cometário que alguns consideraram cínico acrescentou: "Realmente, a jornalista era uma dura crítica do actual poder na Rússia, mas penso que os jornalistas devem saber que o seu nível de influência na vida política do país era extremamente insignificante. Ela era conhecida entre jornalistas e defensores dos direitos humanos, mas a sua influência na vida política da Rússia era mínima."
A Polícia russa avança três versões para a morte de Politkovskaia. A primeira relaciona-se com o processo dos "polícias de Nijnevartovsk". Em 2001, agentes da polícia daquela cidade russa, durante uma missão de serviço na Tchetchénia, raptaram, torturaram e mataram numerosos civis. Graças aos artigos de Politkovskaia, o caso foi a tribunal e os culpados foram condenados a pesadas penas de prisão. Um deles, Serguei Lapin, já tinha ameaçado várias vezes a repórter
O crime poderia ter sido também organizado por políticos da oposição a Vladimir Putin com vista a comprometer o Presisente e Ramzan Kadirov, primeiro-ministro do Governo tchetcheno pró-russo, para os desacreditar aos olhos do Ocidente. Aponta-se o nome de Boris Berezovski, magnata russo de origem judaica que encontrou refúgio político em Londres, como autor deste conluio.
A terceira versão aponta a organização do crime para o próprio Ramzan Kadirov, um dos principais alvos das críticas da jornalista russa.
Além disso, surgiu mais uma versão, a quarta. Em conformidade com ela, Politkovskaia poderia ter sido assassinada por grupos fascistas e nacionalistas russos. O seu nome figurava numa lista de personalidades a abater, que foi colocada na Internet por grupos radicais russos.
A terceira versão aponta a organização do crime para o próprio Ramzan Kadirov, um dos principais alvos das críticas da jornalista russa.
Além disso, surgiu mais uma versão, a quarta. Em conformidade com ela, Politkovskaia poderia ter sido assassinada por grupos fascistas e nacionalistas russos. O seu nome figurava numa lista de personalidades a abater, que foi colocada na Internet por grupos radicais russos.
2 comentários:
Como dizia Che Guevara:
"Eles poderão matar um, duas ou mais flores, mas jamais deterão a primavera".
Xico Rocha
Ou seja...todos queriam matar a jornalista.
Como no caso de César quem terá sido o Brutus neste caso?
Decididamente há duas coisas que não se pode ser/fazer: jornalista e ter tantos inimigos.
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