quarta-feira, novembro 29, 2006

Rússia revela documentos que mostram que Ocidente aprovou invasão soviética dos Estados do Báltico em 1939



Na véspera da Cimeira da NATO em Riga, capital da Letónia, Moscovo publicou documentos que visam claramente virar a opinião pública das três antigas repúblicas soviéticas: Estónia, Letónia e Lituânia contra os Estados Unidos e a Grã-Bretanha.

Os documentos, tornados públicos a pedido da Duma Estatal (Câmara Baixa) do Parlamento russo e revelados no livro “Báltico e Geopolítica”, tentam mostrar que os Estados Unidos e Grã-Bretanha, no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) reagiram com “compreensão” à invasão da Estónia, Letónia e Lituânia pelas tropas soviéticas, receando que esses países se transformassem em bases de ataque de Hitler.

A obra contém documentos relativos ao período entre 1935 e 1945 e, segundo o seu organizador, o major-general na reserva, Lev Sotskov, não foram publicados no Ocidente. “Trata-se de documentos britânicos e americanos internos, não destinados à diplomacia pública” – sublinhou Sotskov.

“Estes documentos – continua o major-general – não deixam dúvidas de que o Ocidente tinha claramente consciência de que os regimes pró-fascistas que governavam os países do Báltico estavam prontos a transformar-se num campo de ataque de Hitler contra a URSS”, e justifica a política externa estalinista: “A fascização dos regimes desses países avançava a todo o vapor. Além disso, na questão do reconhecimento, depois da guerra, das fronteiras da União Soviética de 1941, os nossos parceiros também mostraram compreensão, tentando, em compensação, tirar o máximo de vantagens”.

Sotskov conta o seguinte episódio: “quando, em 1941, o nosso embaixador na Grã-Bretanha, Maiskii entregou mais uma mensagem de Estaline a Churchill onde havia uma frase que dizia que nós começámos a guerra em condições mais favoráveis do que poderiam existir se não tivessemos enviado as nossas tropas para o Báltico. E Churchill, na presença do embaixador, apontou para um mapa com o dedo e disse: “Sim, está correcto, estou de acordo, foi bem feito”.

“Garry Hopkins (representante pessoal de Roosevelt em Inglaterra, numa conversa com a nossa fonte sobre a inclusão da Estónia, Letónia e Lituânia na União Soviética, declarou: Se os russos quiserem receber o Báltico depois da guerra, receberão”. Porém, ele não considera que os americanos irão declarar isso publicamente” –revela um dos documentos da espionagem soviética, datado de 1 de Maio de 1942.

Estes dados foram revelados no dia em que o Presidente americano, Georges W.Bush, visitou Tallinn, capital da Estónia, e na véspera da Cimeira da NATO em Riga, capital de outro Estado báltico.

Deste modo, Moscovo quer dar entender à opinião pública dos países do Báltico que a sua pertença à NATO ainda não lhes garante segurança, porque, quando necessário, as grandes potências voltarão a vendê-los.

Se a isto se juntar o facto de que Putin pretendia ir a Riga, conclui-se que o Kremlin declarou uma guerra ideológica aberta a fim de estragar a cimeira e desviar as atenções da opinião pública. O estranho, aparentemente, é a política do Presidente francês, Jacques Chirac, que embarcou nesta "iniciativa" de Putin

7 comentários:

Anónimo disse...

A Russia, os EUA e a União Europeia ainda estão a definir as novas fronteiras das respectivas esferas de influência, não é?
A divulgação desses documentos apenas prova que Maquiavel não morreu.
Um abraço.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

O problema, caro CN, é que em cada um de nós vive um Maquiavel. Um abraço.

Mikolik disse...

Como diz uma grande amigo meu Russo, a Estónia, pela dimensão, e pela localização acaba por ser um país entre o martelo e a bigorna, "leva" dum lado ou "apanha" do outro...

Diogo disse...

«o Kremlin declarou uma guerra ideológica aberta a fim de estragar a cimeira e desviar as atenções da opinião pública»

Precisamente o que os Estados Unidos (e o seu caniche de estimação - a Inglaterra) fizeram com a morte de Litvinenko para estragar a cimeira entre a Rússia e a União Europeia.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Sofocleto, é incrível a forma como você tenta inventar um mal para justificar outro mal. Vai longe.

Diogo disse...

Eu não inventei nada Milhazes. Qualquer arruaceiro amador teria deixado infinitamente menos indícios num assassínio do que aqueles que foram deixados por Putin. O próprio Litvinenko teve muito tempo para denunciar o seu algoz. Como é possível ter dúvidas?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Sofocleto, eu tenho muitas dúvidas, você é que parece já possuir as verdades todas. Existem muitos indícios, mas provas, nenhumas. Por isso, fico espantado quando você anuncia sem hesitações os autores do envenenamento de Livtinenko: Estados Unidos e Inglaterra? Não sou defensor de ninguém, mas gostaria que me explicasse a sua lógica