quarta-feira, dezembro 13, 2006

Contributos para a História - Angola (cont.)

Como é altamente provável que o livro "Tropas Especiais Russas em África", de Serguei Kolomni, vou continuar a tradução e publicação de alguns extractos deste livro.
Como é sabido, militares soviéticos, à sombra do "internacionalismo proletário", participaram em conflitos armados e guerras em praticamente todos os continentes. O antigo veterano russo considera que Angola ocupou um lugar especial na geoestratégia soviética:
"Porque, pela primeira vez na História da URSS, a direcção soviética colocou como tarefa não só a ajuda a outro país na construção de forças armadas nacionais e no rechaçamento da agressão externa da República da África do Sul, a milhares de quilómetros das fronteiras da Pátria, no longuínquo Sul da África. Num sentido amplo, a direcção soviética via em Angola uma espécie de chave para África. A União Soviética nunca teve, até à chegada ao poder do MPLA em Angola, um aliado tão poderoso e seguro no Sul de África. Por isso, o objectivo era evidente: ajudar a nova direcção do país com todas as forças e meios disponíveis e transformar Angola num padrão de Estado socialista africano, completa e totalmente orientado para a União Soviética.
Mas não era fácil realizar isso. Porque não só a URSS, mas também a direcção de muitos países da NATO, a partir dos anos 60 do séc. XX, seguiam com a maior das atenções os acontecimentos no Sul da África. Nessa região, onde actuava um poderoso movimento de libertação nacional e anticolonial, chocaram os interesses das grandes potências: da URSS, EUA, China, de muitos países da Europa, do movimento racista branco da República da África do Sul, isto é, do "regime do apartheid". Os seus desejos e objectivos, verdade seja dita, nem sempre coincidiam com os interesses dos seus poderosos aliados, existindo, além disso, os dirigentes dos movimentos de libertação nacional de Angola, Namíbia, Congo, Namíbia, RAS, Moçambique, Rodésia do Sul (Zimbabwe). As envergaduras do confronto, bem como a quantidade de forças envolvidas no conflito foram muito além das fronteiras de um país e transformavam cada vez mais esse "ponto quente" do planeta numa zona ampla de instabilidade, que ameaçava transformar-se num foco de um conflito global entre as grandes potências nucleares.
A partir de 1975, Angola transformou-se num país fulcral neste país. A direcção soviética, tentando reforçar a sua influência no Sul de África, apostou num dos movimentos de libertação nacional de Angola: o MPLA, e no seu dirigente Agostinho Neto. Para o país começou a ser canalizada uma grande torrente de ajuda militar, financeira e, o que é principal, foi enviado um contingente de conselheiros militares soviéticos. Um dos mais numerosos que alguma vez fora enviado para países do Terceiro Mundo". (cont.)

5 comentários:

Diogo disse...

Com que então "internacionalismo proletário"?

Faça a seguinte experiêcia Milhazes: vá ao Google e faça a pesquisa - "american mercenaries" angola.

Vai ficar delumbrado com o "internacionalismo oligarca"

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro leitor Sofocleto, "internacionalismo proletário" não é ironia, mas o termo oficialmente utilizado na época soviética. Quero sublinhar uma vez mais que o meu blogue é "Da Rússia" e não dos Estados Unidos. E não perca tempo a encontrar o contraditório...

Anónimo disse...

fiz uma referência a este assunto, no meu blog. com a devida vénia, claro. um abraço.

Anónimo disse...

"Com que então "internacionalismo proletário"?"

Jozé Milhazes.

O Sofocleto quer sangue. Escreva lá aí qualquer coisa a cascar no Bush (não escreva George Bush, que ele não gosta), que o homem rejubila.

Zarolho disse...

Caro Milhazes, ficaram umas frases por concluir:

«Como é altamente provável que o livro "Tropas Especiais Russas em África", de Serguei Kolomni, vou continuar a tradução e publicação de alguns extractos deste livro.»

e

«Angola transformou-se num país fulcral neste país.»

E, já agora, obrigado por tudo e с новым годом!