Li com atenção a entrevista que Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, deu ao jornal Público e fiquei um tanto ou quanto surpreendido com as prioridades da presidência portuguesa na União Europeia. Não é que esteja em desacordo com as prioridades apontadas. Pelo contrário, o impasse constitucional europeu, a questão da adesão da Turquia à UE, muito mal gerida por Bruxelas, o conflito israelo-palestiniano, a situação no Iraque, as relações com África são questões importantes.
Porém, fiquei bastante perplexo por não ver a Rússia nessa lista. É sabido que Portugal é dos países da UE que melhores relações mantém com Moscovo, mas, nos últimos tempos, os contactos entre Moscovo e Bruxelas não têm sido nada animadores. Recorde-se apenas a última cimeira na Finlândia.
E não tenho só em vista a recusa do Kremlin em assinar a Carta Energética Europeia ou a pressão de Moscovo sobre os Estados vizinhos. A Presidência portuguesa da UE vai coincidir, por exemplo, com as eleições parlamentares na Rússia e com a continuação da deterioração da situação política no país, porque, em 2008, irão ter lugar (pelo menos se for cumprida a lei!) as eleições presidenciais.
Stanislav Minin, analista político do diário Nezavissimaia Gazeta, considera que a posição do Ocidente em relação à Rússia está sofrendo uma brusca transformação: da "admiração" para o "medo" e "dó".
Minin descobre nos jornais ocidentais palavras como "loucura" para classificar o que actualmente se passa na Rússia e recorda que o filósofo francês Michel Foucault propunha dois métodos para tratar do "paciente": "o isolamento simples, um hospital do séc. XVII, para onde o louco era enviado a fim de não incomodar os "saudáveis"" ou "uma clínica moderna, onde o paciente não está só isolado, mas é também tratado, é posto em conformidade com o "mundo civilizado".
Não duvido de que o Governo português está entre os países da UE que não querem o isolamento da Rússia, mas deve estar preparado para enfrentar o "dossier Kremlin" como um dos mais complicados. É nestas situações que se costuma dizer: "Deus queira que me engane!"
Porém, fiquei bastante perplexo por não ver a Rússia nessa lista. É sabido que Portugal é dos países da UE que melhores relações mantém com Moscovo, mas, nos últimos tempos, os contactos entre Moscovo e Bruxelas não têm sido nada animadores. Recorde-se apenas a última cimeira na Finlândia.
E não tenho só em vista a recusa do Kremlin em assinar a Carta Energética Europeia ou a pressão de Moscovo sobre os Estados vizinhos. A Presidência portuguesa da UE vai coincidir, por exemplo, com as eleições parlamentares na Rússia e com a continuação da deterioração da situação política no país, porque, em 2008, irão ter lugar (pelo menos se for cumprida a lei!) as eleições presidenciais.
Stanislav Minin, analista político do diário Nezavissimaia Gazeta, considera que a posição do Ocidente em relação à Rússia está sofrendo uma brusca transformação: da "admiração" para o "medo" e "dó".
Minin descobre nos jornais ocidentais palavras como "loucura" para classificar o que actualmente se passa na Rússia e recorda que o filósofo francês Michel Foucault propunha dois métodos para tratar do "paciente": "o isolamento simples, um hospital do séc. XVII, para onde o louco era enviado a fim de não incomodar os "saudáveis"" ou "uma clínica moderna, onde o paciente não está só isolado, mas é também tratado, é posto em conformidade com o "mundo civilizado".
Não duvido de que o Governo português está entre os países da UE que não querem o isolamento da Rússia, mas deve estar preparado para enfrentar o "dossier Kremlin" como um dos mais complicados. É nestas situações que se costuma dizer: "Deus queira que me engane!"
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