segunda-feira, março 12, 2007

Para uma leitura das eleições regionais na Rússia


São Petersburgo. Rússia Unida Nº 1

A Rússia Unida, partido pró-Putin, venceu em treze das catorze eleições regionais, mas a Rússia Justa, o outro partido criado pelo Kremlin para “roubar” votos à esquerda, não conseguiu desalojar o Partido Comunista da Federação da Rússia do segundo lugar.

Segundo dados oficiais já divulgados, a Rússia Justa conseguiu apenas ultrapassar a Rússia Unida numa região, em Stavropol, tendo esta última força política vencido nas restantes treze: Tomsk, Região de Moscovo, Orlov, Samara, Murmansk, Pskov, Vologda, Região de Leninegrado, República de Komi, São Petersburgo, Tiumen, República do Daguestão e Kurgan.

O Partido Comunista da Federação da Rússia conseguiu não só manter o segundo lugar na maioria das regiões, mas também aumentar o seu eleitorado em comparação com as parlamentares de 2003.

O Partido Liberal-Democrático, liderado pelo demagogo nacionalista Vladimir Jirinovski, também superou a barreira dos 7%, condição necessária para eleger deputados, em quase todas as 14 regiões, embora tenha perdido parte dos seus adeptos .

No flanco da oposição liberal ao Presidente Putin, a União das Forças de Direita soube recuperar parte dos seus eleitores e conseguir ultrapassar a fasquia dos 7% em quase todas as regiões das dez em que participou no escrutínio.

O Partido Iabloko, outrora uma das forças liberais de maior relevo no país, foi o mais castigado. Tendo sido autorizado pela Comissão Eleitoral da Rússia a participar nas eleições em quatro regiões, em nenhuma delas conseguiu aproximar-se dos 7%.

É de assinalar o facto de o Partido Ecologista “Verdes” da Rússia ter conquistado mais de 7% dos votos em Samara, única região onde participou nas eleições.

“As eleições regionais deram um voto de confiança no Presidente Putin” – considerou Viatcheslav Mironov, director da Fundação Política, sublinhando o “êxito relativo” da União das Forças de Direita (UFD): “A UFD vem à tona. Na maioria das regiões onde se realizaram eleições e a UFD participou, este partido ultrapassa a barreira dos 7% ou fica muito perto dela. Ele pode monopolizar o sector liberal nas parlamentares de Dezembro”.

Gleb Pavlovski, dirigente da Fundação da Política Eficaz, considera que o principal resultado do escrutínio consiste em que “a Rússia Unida tornou-se um partido de massas da classe média”, sublinhando também que “deixou de haver lugar para o Partido Iabloko no sistema político russo”.

O analista político Serguei Markov chama a atenção para o facto de, nas eleições parlamentares, um dos principais factores ser “a luta entre a Rússia Justa e o Partido Comunista pelo segundo lugar”.

Quanto à forma como decorreu as eleições, Serguei Grizlov, dirigente da Rússia Unida, comentou: “há sempre violações nas eleições, é preciso fixá-las e lutar contra elas nas próximas eleições”.

Porém, o dirigente comunista Guennadi Ziuganov, não escondeu a sua indignação: “Foram as eleições mais sujas. Tudo o que de sujo e porco foi inventado em Moscovo, transportaram para as regiões”.

Vladimir Jirinovski acusou as autoridades de terem “feito tudo a favor da Rússia Unida e Rússia Justa e tudo contra nós”.


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