O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, vai ser recebido no Vaticano pelo Papa Bento XVI no dia 13 de Março, no quadro de uma visita oficial do dirigente do Kremlin a Itália. Não se espera que o dirigente russo convide o chefe da Igreja Católica a visitar o seu país, mas o encontro poderá contribuir para que se realize uma reunião de Bento XVI com Alexis II, Patriarca ortodoxo de Moscovo e de toda a Rússia, em “território neutro”.
“Normalmente, se a visita oficial do Presidente tiver programa religioso ou tocar de qualquer forma os interesses da Igreja, da delegação fará parte um representante do Patriarcado de Moscovo”, comentou o bispo ortodoxo Ilarion, que representa a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) nas organizações internacionais, não excluindo que Putin venha a ser acompanhado pelo metropolita Kirill, dirigente da Secção Internacional da IOR e o mais provável sucessor de Alexis II à frente desta Igreja.
Porém, a IOR não confirmou ainda esta informação e o Kremlin também se recusou a comentá-la.
Bento XVI e Vladimir Putin deverão recordar a figura de João Paulo II, Papa com quem o Presidente russo se encontro duas vezes: em 2000 e 2003, bem como abordar os problemas do desarmamento, o processo de paz no Médio Oriente, a luta contra o extremismo e o terrorismo.
Não obstante a instabilidade nas relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa, os dirigentes do Vaticano e da Rússia poderão abordar as formas de aproximação das duas igrejas cristãs.
O jornal “NG-Religuia” sublinha que o facto de Putin falar alemão, a língua natal de Bento XVI, poderá facilitar o diálogo. O seu antecessor na cadeira de São Pedro, João Paulo II, falava correctamente russo, mas isso não contribuiu para a realização de um dos seus maiores sonhos: a visita à Rússia. Neste campo, a última palavra pertence à alta hierarquia da IOR. Mikhail Gorbatchov, Boris Ieltsin e o próprio Vladimir Putin convidaram João Paulo II a visitar a Rússia como chefe do Estado do Vaticano, mas nunca como Papa da Igreja Católica, devido à oposição da IOR.
Em Dezembro passado, o Patriarca Alexis II voltou a acusar a Igreja Católica de “acção missionária nos países da Comunidade dos Estados Independentes”, que os ortodoxos continuam a considerar seu “território canónico”.
Por outro lado, constata-se uma maior aproximação entre as duas Igrejas cristãs na crítica de “laicização da sociedade europeia”, na oposição à “legalização do aborto” ou aos “casamentos homossexuais”.
O arcebispo António Mennini, núncio papal na Federação da Rússia, fala apenas na possibilidade de um encontro de Bento XVI com Alexis II em “território neutro”: “Temos esperança nisso. Se ambas as Igrejas continuarem a conhecer-se melhor e a amarem-se uma à outra, isso terá lugar”.
No dia 14 de Março, Vladimir Putin irá à idade de Bari para visitar o templo de São Nicolau, onde se encontram os restos mortais de um dos santos mais populares entre os ortodoxos. O templo, construído em 1913, pertence à câmara municipal, mas é utilizado pelos ortodoxos para a realização de cerimónias religiosas. Porém, segundo o sacerdote Sergio Mercanzin, director do Centro Ecuménico Russo de Roma, Putin irá abordar com as autoridades locais a possibilidade da cedência dessa templo e de um hotel adjacente à IOR.
Sem comentários:
Enviar um comentário