domingo, abril 15, 2007

Manifestação autorizada de nacionalistas russos












Nos últimos dias, muito se falou e escreveu sobre a "Marcha dos Discordantes", organizada por vários grupos e partidos políticos da oposição ao Presidente Putin, que vão dos nacional-bolcheviques até à direita liberal. É natural, pois o Kremlin reage com um nervosismo cada vez maior a qualquer manifestação da oposição. As eleições parlamentares e presidenciais aproximam-se e, não obstante Vladimir Putin controlar (pelo menos aparentemente) mais e mais a situação do país, a élite dominante sente cada vez menos confiança.

Isto acontece não porque existam forças da oposição capazes de derrubar o actual regime, mas porque ninguém tem confiança no futuro. O sucessor de Putin no Kremlin, mesmo que nomeado por ele, tem a sua equipa, onde não haverá lugar para representantes de outros grupos. Por muito dependente que seja o futuro chefe do Estado do actual, ele pretenderá fazer algo de diferente e significativo para sair da sombra de Putin.

Daí serem cada vez mais insistentes, não só no interior da Rússia, os apelos a Vladimir Putin para que arranje forma de cumprir um terceiro mandato presidencial. O actual Presidente promete não pretender violar a Constituição do país, mas como que convida a élite política regional e nacional a encontrar uma forma de ladear a Lei Suprema. Por exemplo, se a esmagadora maioria dos parlamentos das regiões e das repúblicas da Federação da Rússia "pedirem muito isso". Etc.

Por isso, é importante estar atento a todos os movimentos políticos na Rússia, nomeadamente aos dos grupos da extrema-direita e xenófobos, cada vez mais fortes no país. Ao mesmo tempo que a polícia de choque carregava sobre a "Marcha dos Discordantes" na Praça Puchkin, a extrema-direita manifestava-se calmamente na Praça Bolotnaia, também no centro de Moscovo.

"Apoiantes do Movimento Contra a Imigração Ilegal (MCII) e de outros grupos nacionalistas russos juntaram-se na Praça Bolotnaia, no centro da capital russa.

Segundo a polícia moscovita, o MCII, o movimento “Ordem Russa” e outros movimentos nacionalistas e chauvinistas conseguiram reunir cerca de mil manifestantes.

“Glória à Rússia!”, “Glória ao povo russo!”, “Morte aos ocupantes!” – gritavam os manifestantes, que portavam bandeiras tricolores (preto, branco e dourado), símbolo do império monárquico russo.

Num palco montado na Praça Bolotnaia via-se uma enorme faixa de pano com a palavra de ordem: “Pela grande Rússia sem liberais, ladrões e traidores!”.

Dmitri Rogozin, deputado da Duma (Câmara baixa) do Parlamento da Rússia e dirigente do Congresso das Comunidades Russas, começou por pedir aos manifestantes que levantassem as mãos os que fossem russos. Perante a unanimidade da plateia, o dirigente nacionalista gritou: “Viva, russos. Glória à grande Rússia!”.

“A Rússia tem dois aliados principais: a Armada e o Exército!” – declarou ele e gritou: “Viva o Exército russo, viva a Armada russa!”, sendo estas palavras recebidas com muitas palmas e gritos.

“Devido a leis anti-russas draconianas, toda a luta política real foi hoje do parlamento para a rua. A nossa vontade não foi quebrada. O espírito da nação russa chama-nos para o combate nas ruas” – proclamou Dmitri Zubov, coordenador do Movimento Nacional dos Estudantes.

Pelo seu lado, Alexandre Belov,dirigente do MCII, organização que exige a expulsão dos imigrantes do país, prometeu para breve a criação do partido “Grande Rússia”, que “devolverá ao povo russo todo o poder no país, que hoje lhe foi roubado pelos oligarcas”.

“Nós criaremos o partido, que não só vencerá nas eleições, mas devolver-nos-á todo o poder no país” – declarou Belov, acrecentando que o novo partido participará nas eleições parlamentares de 17 de Dezembro.

“Como se chamam os que amam a sua Pátria? Se calhar, patriotas. E como se chamam os que amam a sua nação? Nacionalistas, e não devemos ter vergonha disso. Gostamos do nosso povo, por isso somos nacionalistas” – concluiu Belov.

Terminado o comício, um dos organizadores lançou um apelo aos participantes para que “dispersem dignamente para casa”, acrescentando que “nas ruas de Moscovo descansam cidadãos como vós. Sejam simpáticos e comportem-se com dignidade com a polícia”.

Este comício dos nacionalistas russos foi autorizado pelas autoridades de Moscovo".

1 comentário:

Diogo disse...

Sacana do Putin! porque é que ele não põe os olhos na democracia americana?