segunda-feira, maio 14, 2007

ICEP quer ressuscitar a União Soviética


Publico aqui um artigo da minha autoria que foi publicado na Agência Lusa, de quem sou correspondente na Rússia.Depois do texto, publico a minha opinião pessoal face a esta notícia:
"A remodelação das delegações do ICEP no estrangeiro poderá trazer “consequências muito negativas não só no campo do comércio externo, mas também no político e diplomático”, declararam fontes portuguesas do sector à Lusa na capital russa.

Essa remodelação deverá ser aprovada na próxima quarta-feira pelo Ministério da Economia e Inovação de Portugal.

O ICEP, segundo uma dessas fontes, pretende pôr o chefe da delegação dessa organização na Rússia a dirigir os mercados da Bielorrússia, Ucrânia, Estónia, Letónia e Lituânia, o que “é logistica e fisicamente impossível”.

“Como é que um delegado que já toma conta de um mercado tão grande como o russo, ainda vai ter tempo para acompanhar e deslocar-se a todos esses países. A Ucrânia é o segundo país europeu depois da Rússia. Não seria mais sensato ter um homem do ICEP no mercado ucraniano, em franco crescimento?” – interroga uma das fontes da Lusa.

Presentemente, além do delegado português, na representação do ICEP na capital russa trabalham mais sete funcionários russos.

Outra fonte da Lusa em Moscovo concentra as suas palavras nas possíveis consequências políticas: “Não compreendo quem toma estas decisões, será que não têm em conta as realidades políticas da Europa? Tendo em contra as relações tensas entre a Rússia e os três Estados do Báltico, como será recebida essa notícia pelos governos da Estónia, Letónia e Lituânia?”.

Depois da desintegração da União Soviética, em 1991, os mercados estónio e letão passaram a ser acompanhados pela delegação do ICEP em Estocolmo (Suécia), enquanto que o lituano é acompanhado a partir da delegação dessa organização em Copenhaga (Dinamarca).

“Além disso – acrescenta uma das fontes - os três Estados do Báltico são membros da União Europeia, já há muito que deixaram de ser realidades económicas semelhantes à Rússia ou Bielorrússia”.

Nas últimas semanas, as relações entre Moscovo e os vizinhos do Báltico têm-se deteriorado seriamente. Os governos de Tallinn e Vilnius ameaçam bloquear as conversações entre a União Europeia e a Rússia sobre a assinatura de um novo acordo de cooperação. As autoridades estónias afirmam que o seu país “está a ser alvo de sanções económicas por parte da Rússia”, enquanto que as lituânias acusam Moscovo de ter suspenso o fornecimento de petróleo a uma refinaria sua por “razões políticas”.

“A tomada de decisões impensadas como a da remodelação do ICEP no antigo espaço soviético criam riscos desnecessários nas vésperas da visita do Primeiro-ministro José Socrates à Rússia”, sublinhou uma das fontes da Lusa.

Comentário pessoal: "Não posso deixar de estar de acordo com aquilo que as minhas fontes me revelaram. Inicialmente, não queria acreditar que semelhante informação fosse verdade, parecia ser demasiadamente delirante para ser verdade.

Mas acabei por confirmá-la, o que me leva a crer que no ICEP não lêem os jornais, nem vêem televisão, nem ouvem rádio. Tomam-se decisões como se União Soviética continuasse a existir, como se não tivesse havido alargamento da UE ao Leste da Europa.

Numa época em que se fala da necessidade de Portugal realizar diplomacia económica, a notícia acima publicada dá razão para exclamar: Nem diplomacia, nem economia".

Resta saber quem é que o ICEP vai nomear para chefiar esta "missão hércula" de ressuscitar a União Soviética, porque o actual delegado na Rússia está de malas feitas".

2 comentários:

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Quero comunicar que, segundo o Diário Económico, a direcção do ICEP decidiu renunciar parcialmente ao plano de reestruturação das suas delegações no estrangeiro. Os mercados da Letonia, Estónia e Lituânia não serão dirigidos a partir da delegação do ICEP em Moscovo, mas de Estocolmo. Desta vez, o bom senso venceu

Anónimo disse...

Já todos estamos habituados à falta de visão do ICEP quando este tem de representar Portugal no estrangeiro. Lembro-me de uma feira de turismo em Antuérpia em que Portugal era o País convidado apenas havia uma pessoa a falar Flamengo e a promoção do País era uma travessa com rissois... Com tantos grupos folclóricos por essa Bélgica afora bem podiam ter pedido a um ou dois para vir. Depois era ver toda a gente a ver os grupos folclóricos espanhois, marroquinos e cubanos a dançar. o nosso stand estava vazio.
Aquando da EXPO 98 a única promoção foi uma bandeirazeca no fundo da sala atrás das restantes dos outros países. Quem fez campanha para Portugal foram as televisões belgas. Já para não falar no Euro.