A construção do novo pipeline, que irá canalizar gás natural turcomeno para a Europa através do território do Cazaquistão e da Rússia, permitirá a estes três países controlar quase todos os fornecimentos deste hidrocarboneto para o Velho Continente e constitui um sinal de que a política externa turcomena se começa a inclinar para Moscovo, pondo assim fim à “política de neutralidade” do falecido ditador da Turcoménia, Saparmurat Niazov.
O dirigente russo começa o seu périplo centro-asiático pelo Cazaquistão e, depois, juntamente com o Presidente Nussultan Nazarbaiev, vai a Ashkabad encontrar-se com o seu homólogo turcomeno, Gurbanguli Berdimukhammedov.
A primeira visita do novo Presidente da Turcoménia foi a Moscovo a 23 de Abril, no dia em que foi anunciada a morte de Boris Ieltsin, primeiro Presidente da Rússia. Vladimir Putin não adiou o encontro com o seu homólogo turcomeno, mas a conversa foi breve.
Berdimukhammedov apenas teve tempo de convidar Putin a visitar o seu país, visita que foi organizada muito rapidamente.
“Este caso não tem precedentes. Os chefes de Estados de países como a Rússia e os Estados Unidos raramente tomam decisões tão rápidas sobre visitas. Isto mostra a importância dos encontros não só para a Turcoménia, mas também para a Rússia” – declarou Murad Essenov, perito do Centro de Estudo Social e Político da Ásia Central e Cáucaso, ao jornal electrónico Gazeta.ru.
O encontro dos três presidentes foi confirmado pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Erjan Achikbaev, em declarações ao diário Kazakhstan Today.
“Serão assinados vários acordos sobre cooperação humanitária e, penso eu, será assinado um acordo sobre a construção do Gasoduto do Cáspio” – avança Murad Essenov.
Esta suposição foi confirmada pelo vice-ministro da Indústria e Energia da Rússia, Anatoli Reus, que acaba de visitar a Turcoménia: “Agora, o principal é construir relações mútuas compreensíveis e acessíveis para ambas as partes. A Turcoménia, possuindo recursos suficientemente grandes para escolher diferentes trajectos com base na eficácia económica, tem o direiro de escolher os parceiros”.
Reus anunciou também os dois países assinaram um acordo que prevê que a Turcoménia não só continuará a fornecer gás à Rússia até 2018, mas os seus volumes aumentarão significativamente: “de 50 para 90 mil milhões de metros cúbicos”.
A construção do novo gasoduto poderá fazer fracassar outro projecto, que prevê a construção de um outro pipeline para fornecer gás natural turcomeno à Europa, mas através do território do Azerbaijão e da Geórgia, sem passar por território russo.
“Na construção deste gasoduto insistem os Estados Unidos e outros países ocidentais” – frisa Essenov, e acrescenta: “Isto mostra que a Rússia conseguiu os seus objectivos e que nas relações russo-turcomenas ocorrem sérias mudanças”.
“O mais importante para a Rússia é que se ela hoje conseguir atrair para a sua órbitra gigantes energéticos como o Cazaquistão, Turcoménia e Uzbequistão, todos os restantes projectos energéticos ficarão sem recursos” – conclui o perito.
A aproximação entre a Turcoménia e a Rússia constitui também uma importante vitória da política externa de Moscovo na reconquista do seu poder de influência na Ásia Central.
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