Aproveitando a inauguração do Centro Cultural Simon Bolívar em Moscovo, Chávez declarou: “O Irão tem direito a desenvolver a indústria nuclear civil, pois é um direito soberano. O Presidente do Brasil revelou as suas iniciativas no campo da energia nuclear civil. O Brasil também tem esse direito. Quem sabe, talvez a Venezuela avance nessa direcção um dia”.
Como não podia deixar de ser, o dirigente venezuelano afirmou também que “os Estados Unidos devem compreender que não irão governar o mundo. Em prol da paz, os Estados Unidos devem retirar as tropas do Iraque e renunciar aos ataques contra o Irão. Este é um país livre que tem direito à energia nuclear civil”.
“O fim da História, de que fala o politólogo americano Francis Fukuyama, é, na realidade, não o fim, mas a sua viragem e regresso” – sublinhou Chávez, e, recorrendo às obras de Marx, Lénine e outros revolucionários conhecidos, acrescentou que “o modelo capitalista de organização do Estado encontra-se na sua fase suprema de desenvolvimento e, dentro em breve, entrará em declínio”.
Por isso, Chavez destacou a importância da Rússia: “Precisamos de uma Rússia forte, renascida, queremos continuar a cooperação”.
Não há dúvidas que, pelo menos quanto a alguns métodos, as autoridades russas recorrem à experiência soviética, mas é claramente um exagero daí concluir que Putin e a sua equipa poderão vir a aderir uma vez mais ao marxismo-leninismo! Renunciar ao luxo cada vez mais imponente e descarado em nome do combate contra moínhos de ventos? O dirigente venezuelano não se enganou na porta no que respeita à aquisição de armamentos, pois isso é o que há na Rússia com fartura, mas vir pregar neste país o socialismo?
É curioso sublinhar que Chávez declarou que “a aquisição de armamentos” não é o principal objectivo da sua visita à Rússia”, frisando que veio para “desenvolver a cultura e a cooperação, que devem ir à frente da política e da economia”.
Porém é impossível acreditar que Chávez vá investir na cultura e cooperação valores iguais aos que já gastou com a aquisição de armamentos russos: mais de três mil milhões de euros.
E os apetites aumentam. Além do acordo sobre o fornecimento de nove submarinos russos à Venezuela que poderá ser assinado durante a visita, o dirigente latino-americano pretende também adquirir aviões de transporte Il-76 e sistemas de defesa anti-aérea Tpo-M1.
O diário russo “Kommersant” escreve hoje que Chavez é um hóspede incómodo do Kremlin, na véspera da visita do Presidente Putin aos Estados Unidos, que terá lugar no início de Julho.
“Muitas cerimónias solenes marcadas para esta visita foram canceladas à última hora. Pelos vistos, o Kremlin não quer irritar a Casa Branca na véspera do encontro dos presidentes da Rússia e dos Estados Unidos” – sublinha o Kommersant”, acrescentando, porém, que o dirigente venezuelano “poderá discutir a cooperação energética e a compra de mais um lote de armamentos”.
Segundo este diário, Putin decidiu reduzir o seu encontro com Chavez a um jantar informal e a Duma Estatal (Câmara Baixa do Parlamento da Rússia) decidiu não autorizar o Presidente da Venezuela a discursar na sua sessão plenária, mas limitou a visita de Chavez a um encontro com deputados numa sala secundária do edifício do Parlamento.
Porém, o Kremlin não quer perder um “cliente” tão valioso. Por isso, Putin e Chavez abordarão também a questão da participação de empresas russas (Gazprom e Lukoil) na construção do “Gasoduto do Sul”, que ligará a Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Dois países extremamente ricos do ponto de vista das riquezas naturais, mergulhados na corrupção e onde a maioria das populações vive na miséria. Putin e Chávez precisam mesmo de trocar experiências.
1 comentário:
Pois é, até parece que em termos de negócios de armamento os EUA são uns santinhos...lol Já para não falar em experiências extremamente perigosas em termos de saude humana levadas a cabo pela industria da guerra americana sem conhecimento das próprias cobaias humanas...
isto da Liberdade é muito bonito, nomeadamente a Liberdade que os EUA alegam em fazer tudo o que querme e lhes apetece, incluindo tortura, em nome da "Santa Guerra contra o terrorismo". Quando se fala de regimes em que uns são mais iguais que os outros, então e nos EUA não é assim? Neste planeta se há sociedades livres saõ as que ainda não estão contaminadas com a história da "bemdita" civilização.
Eu também estudei na ex URSS viagei muito em aldeias recondidas, não percebo muito de história, mas percebo de justiça e liberdade, aquilo que vi e o que vejo, não existe muito mais liberdade hoje do que existia na altura mas quanto a injustiças sociais há muito mais agora do que havia antes, disso não há dúvida.
Xana
Enviar um comentário