quinta-feira, junho 28, 2007

Hugo Chávez também sonha com a bomba atómica?


O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a Moscovo e começou a fazer imediatamente declarações bombásticas.

Aproveitando a inauguração do Centro Cultural Simon Bolívar em Moscovo, Chávez declarou: “O Irão tem direito a desenvolver a indústria nuclear civil, pois é um direito soberano. O Presidente do Brasil revelou as suas iniciativas no campo da energia nuclear civil. O Brasil também tem esse direito. Quem sabe, talvez a Venezuela avance nessa direcção um dia”.

Como não podia deixar de ser, o dirigente venezuelano afirmou também que “os Estados Unidos devem compreender que não irão governar o mundo. Em prol da paz, os Estados Unidos devem retirar as tropas do Iraque e renunciar aos ataques contra o Irão. Este é um país livre que tem direito à energia nuclear civil”.

“O fim da História, de que fala o politólogo americano Francis Fukuyama, é, na realidade, não o fim, mas a sua viragem e regresso” – sublinhou Chávez, e, recorrendo às obras de Marx, Lénine e outros revolucionários conhecidos, acrescentou que “o modelo capitalista de organização do Estado encontra-se na sua fase suprema de desenvolvimento e, dentro em breve, entrará em declínio”.

Por isso, Chavez destacou a importância da Rússia: “Precisamos de uma Rússia forte, renascida, queremos continuar a cooperação”.

Não há dúvidas que, pelo menos quanto a alguns métodos, as autoridades russas recorrem à experiência soviética, mas é claramente um exagero daí concluir que Putin e a sua equipa poderão vir a aderir uma vez mais ao marxismo-leninismo! Renunciar ao luxo cada vez mais imponente e descarado em nome do combate contra moínhos de ventos? O dirigente venezuelano não se enganou na porta no que respeita à aquisição de armamentos, pois isso é o que há na Rússia com fartura, mas vir pregar neste país o socialismo?

É curioso sublinhar que Chávez declarou que “a aquisição de armamentos” não é o principal objectivo da sua visita à Rússia”, frisando que veio para “desenvolver a cultura e a cooperação, que devem ir à frente da política e da economia”.

Porém é impossível acreditar que Chávez vá investir na cultura e cooperação valores iguais aos que já gastou com a aquisição de armamentos russos: mais de três mil milhões de euros.

E os apetites aumentam. Além do acordo sobre o fornecimento de nove submarinos russos à Venezuela que poderá ser assinado durante a visita, o dirigente latino-americano pretende também adquirir aviões de transporte Il-76 e sistemas de defesa anti-aérea Tpo-M1.

O diário russo “Kommersant” escreve hoje que Chavez é um hóspede incómodo do Kremlin, na véspera da visita do Presidente Putin aos Estados Unidos, que terá lugar no início de Julho.

“Muitas cerimónias solenes marcadas para esta visita foram canceladas à última hora. Pelos vistos, o Kremlin não quer irritar a Casa Branca na véspera do encontro dos presidentes da Rússia e dos Estados Unidos” – sublinha o Kommersant”, acrescentando, porém, que o dirigente venezuelano “poderá discutir a cooperação energética e a compra de mais um lote de armamentos”.

Segundo este diário, Putin decidiu reduzir o seu encontro com Chavez a um jantar informal e a Duma Estatal (Câmara Baixa do Parlamento da Rússia) decidiu não autorizar o Presidente da Venezuela a discursar na sua sessão plenária, mas limitou a visita de Chavez a um encontro com deputados numa sala secundária do edifício do Parlamento.

Porém, o Kremlin não quer perder um “cliente” tão valioso. Por isso, Putin e Chavez abordarão também a questão da participação de empresas russas (Gazprom e Lukoil) na construção do “Gasoduto do Sul”, que ligará a Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Dois países extremamente ricos do ponto de vista das riquezas naturais, mergulhados na corrupção e onde a maioria das populações vive na miséria. Putin e Chávez precisam mesmo de trocar experiências.

1 comentário:

xana disse...

Pois é, até parece que em termos de negócios de armamento os EUA são uns santinhos...lol Já para não falar em experiências extremamente perigosas em termos de saude humana levadas a cabo pela industria da guerra americana sem conhecimento das próprias cobaias humanas...
isto da Liberdade é muito bonito, nomeadamente a Liberdade que os EUA alegam em fazer tudo o que querme e lhes apetece, incluindo tortura, em nome da "Santa Guerra contra o terrorismo". Quando se fala de regimes em que uns são mais iguais que os outros, então e nos EUA não é assim? Neste planeta se há sociedades livres saõ as que ainda não estão contaminadas com a história da "bemdita" civilização.
Eu também estudei na ex URSS viagei muito em aldeias recondidas, não percebo muito de história, mas percebo de justiça e liberdade, aquilo que vi e o que vejo, não existe muito mais liberdade hoje do que existia na altura mas quanto a injustiças sociais há muito mais agora do que havia antes, disso não há dúvida.
Xana