quarta-feira, junho 27, 2007

Rússia/NATO: Diálogo de Surdos


O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu ontem no Kremlin Jaap de Hoop Scheffer, secretário-geral da NATO (na foto), que se esteve de visita à capital russa.

“Parece-me que não há alternativa às nossas boas e saudáveis relações” – declarou Scheffer no início do encontro, acrescentando que: “A NATO não pode passar sem a Rússia, nem a Rússia pode passar sem um parceiro tão bom como a NATO”.

O Secretário-geral da Aliança Atlântica afirmou também que as relações entre Bruxelas e Moscovo se devem desenvolver em três direcção fulcrais: “investimentos, contributo pessoal e interacção”.

Além disso, Scheffer apelou a que se avance mais no campo das relações bilaterais: “Podemos fazer melhor. Não devemos olhar para trás, mas avançar”.

Vladimir Putin, pelo seu lado, mostrou-se convencido de que o diálogo da Rússia com a NATO contribuirá para o reforço da paz e da segurança.

“Estamos contentes por vos receber em Moscovo e esperamos que o diálogo permanente entre a Rússia e a NATO conbribua para a solução de todos os problemas em prol da segurança e do reforço da paz em todo o mundo” – declarou Putin.

O dirigente russo assinalou que este ano se comemora o 10º aniversária da Acta Fundamental Rússia-NATO e o 5º aniversário do Tratado que criou o Conselho Rússia-NATO.

“Durante este curto espaço de tempo no plano histórico, alteraram-se radicalmente as relações entre a Rússia e a Aliança Atlântica. Passámos do período do confronto para o período de cooperação” – acrescentou Putin.

Na conferência de imprensa depois do encontro no Kremlin, o Secretário-geral da NATO declarou aos jornalistas que expôs pormenorizadamente as suas propostas no campo da interacção da Rússia e dos Estados Unidos no que respeita aos sistemas de defesa anti-míssil, nomeadamente sobre a exploração conjunta da Estação de Radares de Gabala, proposta por Putin.

“Citando-me a mim mesmo, eu disse que não sou perito em questões técnicas, mas a Estação de Radares de Gabala não vai resolver todas as questões relativamente à ameaça do lançamento de mísseis por parte de países párias” – informou Scheffer, acrescentando: “Eu disse que não se fica com a impressão de que a Estação de Radares de Gabala seja vista como uma alternativa às conversações bilaterais entre os Estados Unidos e a Polónia e República Checa”.

O Secretário-geral da NATO considerou também que a reorientação dos mísseis russos não se enquadra na discussão do problema do sistema norte-americano de defesa anti-míssil na Europa e apelou para que “se baixe o som” na discussão deste problema.

“As relações da Rússia e NATO são relações de parceria. Semelhantes declarações sobre a orientação e reorientação não se enquandram nesta discussão” – sublinhou Scheffer.

Numa entrevista concedida na véspera da última cimeira dos países do G-8, Putin declarou que os mísseis russos terão novos alvos na Europa se parte do potencial nuclear estratégico dos Estados Unidos for instalado no Continente Europeu e ameaçar a Rússia.

“Nesta discussão complexa, é útil baixar o som de todas as declarações e comentários públicos, feitos de um lado e de outro” – considerou Scheffer.

O dirigente da NATO qualificou de “pomo da discórdia” o Tratado sobre Forças Convencionais na Europa, acusando a Rússia de “não ter cumprido todos os compromissos de Istambul, que dizem respeito à retirada das suas tropas da Geórgia e Transdnístria”.

Além disso, Scheffer não escondeu o seu desagrado face ao comportamento da Rússia na questão do Kosovo. Ele apelou Moscovo a não impedir a aprovação da resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o Kosovo e a aceitar o plano de Martti Ahtisaari.

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