segunda-feira, junho 11, 2007

Marcha dos Discordantes decorre sem incidentes não obstante provocações

A coligação anti-Putin, Outra Rússia, reuniu no centro da capital russa mais de mil manifestantes. As autoridades russas autorizaram a realização da “Marcha dos Discordantes”, mas puseram na rua mais de dois mil polícias e soldados das tropas do Ministério do Interior da Rússia.

A polícia russa anunciou que nesta iniciativa da oposição juntou “500 pessoas”, enquanto que a oposição ao Kremlin fala em mais de dois mil e quinhentos.

Representantes de vários partidos dos mais diversos quadrantes políticos estiveram presentes no comício, desde os liberais da União das Forças de Direita até aos comunistas da Vanguarda da Juventude Vermelha e os monárquicos nacionalistas do movimento Passado-Presente-Futuro.

“Rússia sem Putin!”, “Queremos outra Rússia!”, “Abaixo o poder dos serviços secretos!” – estas palavras de ordem uniam todo esse leque diversificado de forças políticas.

Entre os manifestantes da União das Forças de Direita discutia-se se deviam ou não desfraldar ao vento as bandeiras dessa organização política.

“Não, porque na manifestação estão bandeiras com foices e martelos, do Partido Nacional-Bolchevique” – defendiam uns.

“Sim, porque as bandeiras com foices e martelos são pretas, e não vermelhas” – diziam outros.

Depois de uma chamada telefónica para a direcção, venceram os que defendiam as bandeiras desfraldadas ao vento.

Perante as numerosas centenas de pessoas que se iam juntando na Praça Pushkin, no centro de Moscovo, discursaram conhecidos dirigentes da oposição ao Kremlin como Garry Kasparov, antigo campeão do mundo de xadrez, e Eduard Limonov, do Partido Nacional-Bolchevique.

Kasparov declarou ter sido detido pela polícia “para identificação” quando se dirigia para a praça, tendo acontecido o mesmo a Serguei Udaltsov, dirigente da Vanguarda da Juventude Vermelha.

O antigo primeiro-ministro russo, Mikhail Kassianov, e os apoiantes, que participaram em marchas anteriores da oposição, não estiveram presentes, uma prova das divisões no seio da oposição ao Presidente Putin.

“Ah, ah, ah, ah!”. Um riso histérico soava dos altifalantes de um camião enquanto que os dirigentes da oposição tentavam afogá-los com a sua voz.

O camião dava voltas à praça onde se realizava o comício transmitindo risos histéricos, intervalados por uma voz que repetia: “Não estou de acordo! Não estou de acordo!”.

“Claro que se trata de uma provocação. Ouçam só, o Kremlin já não sabe o que fazer mais!” – declarou Alexandre Osmov, vice-dirigente da Outra Rússia.

Dois jovens subiram a um dos edifícios que rodeiam a Praça Pushkin para lançar panfletos sobre os manifestantes e desenrolaram um longo pano branco onde estava escrito com letras azuis: “Esta marcha é das prostitutas políticas que trabalham por dólares!”

Os participantes da Marcha dos Discordantes não reagiram às provocações e, no final do comício, Garry Kasparov apelou para que os participantes do comício não marchassem pelas ruas do centro de Moscovo, completamente bloqueadas pela polícia de choque, mas se dirigissem para o metropolitano a fim de evitar confrontos.

A oposição ao Presidente Putin prometeu voltar a reunir-se no Outono, para se preparar para as eleições parlamentares de Dezembro de 2007 e as presidenciais de Março de 2008.














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